O Exército integra actualmente 1250 mulheres civis e 1200 militares, que desempenham variadas funções no país e no estrangeiro. Representam pouco mais de 10% do efectivo, a nível nacional, e o objectivo é que este número possa aumentar. A Escola de Sargentos do Exército assinalou o Dia Internacional da Mulher, a 6 de Março, com uma mesa redonda
A agora tenente-coronel Ana Jesus entrou para a Academia Militar em 1992 e foi a primeira mulher a acabar o curso. Juntamente com ela entraram mais 10 mulheres, uma “novidade, que provocava curiosidade”, partilhou durante a mesa redonda que juntou seis mulheres militares femininas no Exército de diferentes gerações, representando as categorias de oficial, sargento e praça. Tal como a própria instituição, também a militar foi-se adaptando às instalações e ao fardamento (números e tamanhos), mas nunca sentiu que era diferenciada pelos seus camaradas, nem foi “levada ao colo”. O tamanho grande das fardas, não adaptadas para os corpos femininos, foi também apontado pela sargento ajudante Elsa Lopes, do Regimento de Manutenção, que abraçou a vida militar inspirada pelo pai e pelo irmão, então a cumprir o serviço militar na Marinha.
Género diferente, tratamento igual
Mais nova, a alferes Joana Granja, do Regimento de Infantaria nº1, considera que foi bem aceite no mundo militar. Entrou com mais uma mulher, que acabaria por repetir o ano e a jovem obidense continuou, sozinha, num curso só de rapazes. Foi o entusiasmo da irmã, na altura militar recém-chegada do Afeganistão, que a convenceu a optar pela Academia Militar após terminar o ensino secundário, e não está arrependida.
Também a segundo sargento, Fátima Ferreira, da Unidade de Apoio Geral de Material do Exército, disse não ter sentido qualquer tipo de discriminação apesar de, em 2011, quando ingressou no Exército ter sido a única rapariga do pelotão e, depois, a única no curso da ESE. Perante uma plateia repleta, a militar lembrou as palavras do instrutor no primeiro treino de corrida contínua, que não se sentisse especial porque não iria correr mais depressa nem mais devagar por estar ali uma rapariga. “É isso que queremos, que não nos tratem de maneira diferente”, realçou.
O mesmo sentimento de aceitação foi partilhado pela primeiro-cabo Diana Pina, do Regimento de Lanceiros nº 2 e a soldado Ana Pinto, do Regimento de Artilharia nº 5.
Questionadas pelo moderador, o jornalista e repórter de guerra Luís Castro, sobre se são especiais e quais as características que atribuem para o facto de conseguirem resultados mais duradoiros e fiáveis nos processos de negociação, as militares destacaram a calma, agilidade e o lado maternal que lhes está associado, como pontos a seu favor. Estas mulheres de armas também não se sentem diferentes mas fazem a diferença numa instituição que também se foi adaptando à sua presença, cada vez em maior número. O Exército português tem actualmente 1250 mulheres civis e 1200 militares que desempenham diariamente as mais variadas funções no país e no estrangeiro, com forças nacionais destacadas no Afeganistão, República Centro Africana e Iraque. Na cerimónia, o chefe do Estado Maior do Exército, general José Nunes da Fonseca, manifestou o compromisso de incrementar a atractividade do género feminino no Exército e de tratar todos por igual. O responsável realçou que nesta organização não há, por exemplo, tratamento diferenciado na remuneração e que gostaria que, no futuro, as mulheres no Exército sejam mais influentes, mais abrangentes e que se realizem no que fazem.
Reproduzir a realidade do país
A secretária de Estado dos Recursos Humanos e Antigos Combatente, Catarina Sarmento e Castro, marcou presença na cerimónia da ESE, nesta que é a região dos seus “afectos”, tendo em conta que a sua mãe foi professora nas Caldas e que ela própria, residente na Marinha Grande, frequenta a cidade em eventos culturais. A governante defendeu a inclusão de mais mulheres em missões internacionais e processos de Paz, bem como o avanço de uma agenda progressista em matéria de igualdade entre géneros. Nesse sentido, estão a tentar tornar a instituição mais atractiva para elas e a trabalhar na conciliação da vida profissional com a família.
Dirigindo-se à ESE, a governante salientou que a igualdade é também uma questão de efectivos e de proximidade à sociedade, desafiando a escola a melhorar os níveis de recrutamento e retenção de mulheres. “As Forças Armadas também são um sítio de mulheres e de futuro, onde elas não têm que ser apenas cuidadoras, mas também andar no terreno, muito longe daquele estereótipo da sua função feminina”, disse. Actualmente as mulheres representam 10,5% dos efectivos, mas a governante gostaria que esse número aumentasse, reproduzindo a realidade do país. No caso da ESE, é frequentada por 60 mulheres num universo de 486 efectivos, o que a põe um pouco acima da média nas Forças Armadas, com 12,3%.































