Os eurodeputados do PCP, Sandra Pereira e João Ferreira, estiveram de visita ao distrito de Leiria nos dias 5 e 6 de Junho e desdobraram-se em visitas e reuniões com diversas entidades do sector económico, social e cultural, para conhecer a sua realidade no contexto do surto epidémico da covid-19. Na região, tomaram contacto com problemas nas Caldas, Óbidos, Peniche e Nazaré
Um dia depois das manifestações pelo apoio à cultura no Porto e Lisboa e Algarve, a eurodeputada Sandra Pereira reuniu nas Caldas com representantes do sector cultural para ouvir as suas dificuldades. A precariedade atinge a maioria dos profissionais do sector e a pandemia veio evidenciar ainda mais esse problema.
O PCP, “ano após ano, tem pedido que, no mínimo, o Orçamento de Estado destine 1% para a Cultura e que valorize estes trabalhadores, para a produção cultural mas também a fruição cultural das populações”, defendeu a eurodeputada. Sandra Pereira considera que a mensagem do Ministério da Cultura não tem estado a ser bem acolhida pelo sector, destacando que a abertura da linha de apoio, de 30 milhões para que os municípios possam programar actividades culturais, “um ano antes das eleições autárquicas, não está a ser bem entendido e a verdade é que sabemos que não chegam a todos quantos deviam”.Mas a manhã da eurodeputada comunista começou com um encontro com os bombeiros caldenses, para se inteirar do seu funcionamento em tempo de pandemia e, sobretudo, das dificuldades com que se deparam devido à diminuição de verbas pelo transporte de doentes urgentes e não urgentes.
Lembrou que o PCP questionou, recentemente, a comissão sobre ajudas extraordinárias aos bombeiros e, também, tendo em conta a proximidade do Verão e do maior período de incêndios, que tipo de apoios podem ser dados a estas associações que já “estão estranguladas por um subfinanciamento e viaturas já bastante degradadas”. Esperam agora a resposta da comissão.
Seguiu-se uma reunião com a comissão de utentes do CHO e enfermeiros, na qual ficou explícito que “o SNS é a resposta”, defendendo mais investimento no Serviço Nacional de Saúde. De acordo com Sandra Pereira, também foi abordada a necessidade de um novo hospital para o Oeste e do corte de financiamento na saúde, que tem diminuído o acesso às valências do hospital. “No Parlamento Europeu aquilo que temos ouvido há vários anos, sistematicamente, é que é preciso fazer cortes nas despesas de saúde. Mas o PCP tem defendido que não, o que é preciso é mais investimento para dar resposta, localmente, aquilo que são as necessidades das populações”, defendeu.
CRIAÇÃO DE ENTIDADE PÚBLICA PARA DRAGAGENS
Na Lagoa de Óbidos, as preocupações económicas dos pescadores e mariscadores e as dragagens foram os temas centrais do encontro que juntou o eurodeputado João Ferreira e representantes da associação destes profissionais.
Relativamente ao atraso nas dragagens, o eurodeputado comunistas considera que a situação seria minorada se o Estado se dotasse de meios próprios para garantir as intervenções. Defende a criação de uma entidade pública vocacionada para intervir nas operações de manutenção, em corpos lagunares e portos de pesca, destacando que se pouparia tempo e dinheiro.
A obra das dragagens está para visto do Tribunal de Contas. Orçada em 16 milhões de euros e com um prazo de intervenção de 18 meses, devendo arrancar durante o Verão.
O eurodeputado comunista reconhece que, da boa conservação da Lagoa e dos seus recursos, depende a manutenção de mais de uma centena de postos de trabalho. João Ferreira inteirou-se dos apoios que têm pela paragem forçada, resultado da pandemia, e lembrou que a ajuda ao combustível foi algo por que o PCP se bateu nos últimos anos.
Os encontros deste eurodeputado no distrito começaram em Peniche, com a visita ao centro de investigação Cetemares e reuniões com organizações de pescadores, com quem discutiu toda a problemática da pesca do cerco, nomeadamente a questão das restrições impostas à pesca da sardinha.
“Temos uma evolução positiva do recurso mas que ainda não se traduziu na melhoria das possibilidades de pesca”, explicou João Ferreira, referindo-se ao baixo valor da venda do pescado em lota e defendendo a necessidade de regular as margens de intermediação, de modo a garantir uma elevação do preço da primeira venda e contendo também o preço no consumidor final.
Por fim, no sábado, o eurodeputado do PCP esteve na Nazaré onde reuniu com o movimento associativo para se inteirar sobre os impactos da pandemia nestas organizações e na economia local.
Estas jornadas de trabalho são feitas com regularidade pelos eurodeputados comunistas, procurando tomar contacto com a realidade. “Mesmo sendo deputados no Parlamento Europeu há uma parte importante do nosso trabalho que é feita com contactos com a vida social, cultural, económica do país e, neste caso, do distrito. É isto que dá sentido ao trabalho que lá fazemos”, concluiu João Ferreira.































