Foi recentemente publicado o estudo “Futuro inundado: Vulnerabilidade global ao nível do mar é maior do que se pensava anteriormente”, da Climate Centre. O documento fortemente pessimista permite traçar vários cenários e perceber a evolução cronológica dos acontecimentos antecipados em qualquer parte do globo.
Fique a conhecer as previsões para 2050 para a região Oeste, onde as praias podem desaparecer, a Lagoa de Óbidos pode “galgar” para o Arelho, Peniche fica uma ilha e o Baleal desaparece. São Martinho do Porto e Nazaré também podem sofrer com a subida do nível médio da água do mar.


“Para um cenário futuro moderado, o nível do mar projectado até 2050 é alto o suficiente para ameaçar a terra que actualmente abriga um total de 150 milhões de pessoas para um futuro permanentemente abaixo da linha da maré alta”, alerta o novo estudo da Climate Centre sobre a vulnerabilidade global ao nível do mar.
O mesmo estudo antecipa que um total de 360 milhões de pessoas pode estar em terra ameaçada por eventos anuais de inundação em 2100. Mas o estudo apresenta diferentes cenários. Por exemplo, no caso da instabilidade na Antártida, esse número pode atingir um total de 300 milhões de pessoas em 2050, chegando a 480 milhões em 2100.
O estudo, que está disponível online, permite perceber o impacto desta subida em cada parte do globo.
Neste cenário, a meio do século, a região Oeste muito pode ter mudado, especialmente ao nível costeiro. As praias desaparecem. A Lagoa de Óbidos vai galgar as suas margens, com especiais impactos na zona entre o Penedo Furado e o Parque de autocaravanas, mas também na zona do Arelho, perto do abandonado aeródromo.
Segundo este estudo Peniche fica sem ligação a terra, tornando-se uma ilha. O Baleal desaparece e a Papôa também quase totalmente submersa. Na zona da Nazaré as margens do rio Alcoa sobem e os campos da Cela ficam inundados.
Em São Martinho do Porto e Salir do Porto a água poderá também engolir a areia. A marginal de São Martinho ficaria em risco e a baía estender-se-ia quase até Alfeizerão, onde já chegou no passado. O rio Tornada também transborda e chega ao Chão da Parada.
Os resultados têm em conta a subida média do nível do mar e a precipitação anual, assim como cortes moderados em termos de poluição. No estudo online é possível alterar as projecções e traçar cenários mais ou menos optimistas.
Os autores do estudo notaram que o nível médio da água do mar subiu entre 11 e 16 centímetros no séc.XX e que, “em cenários de emissões mais altas, o aumento do séc.XXI pode-se aproximar dos dois metros”. Daí que “traduzir as projecções do nível do mar na exposição potencial da população é fundamental para o planeamento costeiro e para avaliar os benefícios da mitigação climática, bem como os custos da falta de acção”.
Ainda assim, os autores realçam que, “devido à falta de dados, o mapa não mostra nem contabiliza diques ou paredões existentes nem possíveis protecções futuras” e que “as defesas costeiras actuais podem ou não proteger áreas sombreadas a vermelho e podem ou não ser suficientes para a defesa contra futuros níveis do mar mais altos”.
Na publicação, é referido ainda que “os erros nos dados de elevação podem levar a que as áreas sejam classificadas incorretamente como seguras ou em risco” e que “os detalhes devem ser verificados com uma visita ao local e com medidas de elevação mais precisas”. Daí que, alertem os autores, os mapas devem ser interpretados como uma ferramenta de trabalho.































