Durante uma semana, mais de meia centena de estudantes de Medicina da Universidade do Porto estiveram em Óbidos. Os futuros doutores fizeram rastreios, visitas porta a porta, acções de sensibilização sobre saúde e até plantaram árvores. A iniciativa, que decorreu entre os dias 8 e 14 de Setembro, já vai na oitava edição e pretende promover a saúde por todo o país, combater o desequilíbrio social e a falta de oportunidades.
A tarde de 12 de Setembro foi passada pelos futuros médicos a plantar árvores no Parque da Vila de Óbidos. Uma actividade que, à partida, não seria de esperar de um grupo de estudantes de Medicina, mas a organização incluiu, pela primeira vez, a vertente ambiental neste projecto.
O grupo teve ainda um bónus inesperado – a oferta de uma centena de bolas de Berlim por parte de uma confeitaria de Lisboa que tinha a decorrer uma campanha em que oferecia cinco daqueles bolos por cada árvore plantada e devidamente fotografada.
Durante a semana os jovens realizaram rastreios cardiovasculares gratuitos, acções de sensibilização sobre doenças sexualmente transmissíveis e iniciativas de envelhecimento activo. Além disso, transformaram o refeitório do Complexo dos Arcos no “Hospital dos Pequeninos”, onde recriaram o ambiente hospitalar, com consultas aos bonecos das crianças, de modo a desmistificar a relação com o médico e para que estas percam o “medo da bata branca”.
Henrique Cardoso já tinha participado há dois anos na iniciativa, que decorreu em Coruche, e este ano esteve na sua organização. Destaca o acolhimento que tiveram em Óbidos e considera que o facto de ser um concelho disperso e terem-se deslocado às sete freguesias para dinamizar actividades “foi espectacular”.
De volta ao Porto leva várias recordações, mas destaca a vertente ecológica, que foi novidade. “Fica uma relação de amizade com os sítios e, mais duradoira no caso de Óbidos, com a plantação das árvores. Por exemplo, a número 26 sei que fui eu que a plantei”, contou à Gazeta das Caldas. O estudante realça ainda que os rastreios da hipertensão e da glicemia também são uma oportunidade excelente de contacto humano e aprendizagem científica. “São cinco minutos em que conseguimos estar com a pessoa, aconselhar comportamentos e alguns cuidados a ter”, explicou Henrique Cardoso.
As várias actividades que promovem são importantes também para os estudantes perceberem a aptidão que possuem para as desenvolver no seu futuro profissional, conta Rita Lopes, aluna do 3º ano de Medicina. A jovem já tinha participado no ano anterior na edição de Sesimbra e considera que em Óbidos a recepção da população foi muito boa. “Sinto que muita gente acompanha a sua saúde, mas há outros ainda que precisam de ajuda e foi isso que viemos cá fazer, sensibilizá-los nesse sentido”, disse a estudante, que pondera especializar-se em Pediatria.
A iniciativa foi promovida pela Associação de Estudantes (AEFMUP), em parceria com o programa Óbidos + Ativo da Câmara de Óbidos e todas as freguesias do concelho.
A autarquia assegurou o alojamento e a maior parte das refeições, que foram complementadas por outras entidades onde os jovens desenvolveram actividades. Também lhes foram proporcionadas algumas iniciativas de lazer, como uma aula nas piscinas municipais, um peddy paper para conhecerem a vila e actividades náuticas na Lagoa de Óbidos.
“Dentro na nossa estratégia de promoção de saúde e bem-estar, é muito bom podermos contar com estes jovens para poder chegar cada mais perto das populações, especialmente pela prevenção”, disse a vereadora Margarida Reis, que gostaria que a iniciativa pudesse ter continuidade no próximo ano.































