Estrangeiros aprendem Português em Santa Catarina.

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São, no total, cerca de 50 estudantes, de diferentes idades e diversas origens

Iniciativa partiu da Junta de Freguesia e reúne vários parceiros.

Foi por iniciativa da Junta que arrancaram, recentemente, as aulas de Língua Portuguesa para estrangeiros em Santa Catarina. O objetivo é auxiliar os muitos estrangeiros que residem na região, mas que não sabem falar Português, o que dificulta a sua integração. “Sentíamos que conviviam entre eles, mas que não estavam integrados. A língua é uma barreira”, explica Helena Justino, do executivo da autarquia.
A concretização da ideia resultou de várias parcerias. O Agrupamento de Escolas Rafael Bordalo Pinheiro cedeu as salas na escola básica de Santa Catarina, assegurando ainda a presença de um funcionário, enquanto o FOR-MAR (Peniche) garante os formadores.
Os interessados foram mais do que esperavam, com cerca de 50 inscritos, o que os “obrigou” a abrir três turmas, duas das quais já estão a ter aulas à noite, entre as 19h30 e as 22h30, às segundas, quartas e quintas-feiras.
A breve prazo irá abrir a terceira turma, que irá funcionar em horário laboral, uma vez que se destina a trabalhadores que assegurem a cobertura do turno da noite na fábrica onde trabalham.
Entre os estudantes há diferentes nacionalidades, idades e situações díspares, mas um objetivo em comum: aprender a Língua Portuguesa. Grande parte destes estudantes são provenientes do Oriente, de países como a Índia, o Nepal ou o Sri Lanka e trabalham numa fábrica de cutelaria em Santa Catarina, mas nem todos residem na freguesia, pois há quem venha de Alvorninha ou de Alcobaça para as aulas.
Sandhu Singh, indiano de 28 anos, que chegou a Portugal para trabalhar há quatro anos diz que gosta “muito da vida” no nosso país. “Trabalhava na hotelaria, todos os dias, com custos de vida altos e um estilo de vida stressante”, realça. “Um amigo sugeriu-me que viesse para Portugal, porque era fácil obter os documentos para vir de forma legal”, explicou. Veio para Faro, para a agricultura, antes de se iniciar na cutelaria, há cerca de três anos. A viver em Alcobaça e a trabalhar em Santa Catarina, sente que, por cá, “o dinheiro é pouco, mas a vida é boa”. “Tenho um bom patrão e não sinto racismo, tenho imensos amigos portugueses com quem vou jantar e sair”, refere. Apesar de ter aprendido a falar Português sozinho, com a ajuda de amigos, sente que o curso é uma mais-valia. “Já falo bem, mas preciso de certificação para tirar o visto de residente e estou a aprender mais sobre os verbos e a utilizar os artigos corretamente”, salienta.
Há quem tenha vindo de Itália, da Ucrânia (ainda antes da guerra) ou de Inglaterra e que queira aprender a compreender e a falar a língua de Camões. O curso não tem custos para os participantes e também não representou gastos para a Junta. “Conseguimos aproximar-nos da população e responder às suas necessidades, com boa vontade, criando parcerias para tentar fazer uma coisa boa”, resume Helena Justino, salientando que no executivo acreditam que esta iniciativa é “fundamental para a integração”.

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