Devido à situação de pandemia de covid-19, este ano não se realizará a tradicional Feira do 15 de Agosto nas Caldas.
“Este ano não vai haver Feira do 15 de Agosto, como não se vai realizar a Frutos ou as Tasquinhas”, disse o presidente da Câmara das Caldas, Tinta Ferreira, à Gazeta das Caldas.
O autarca lembrou que as Câmaras do Oeste deliberaram que não se iriam realizar grandes eventos até 30 de Setembro e que a Feira do 15 de Agosto se trata de uma festa e não de um mercado regular, como a Feira de Santana, o Mercado Semanal, o Mercado do Peixe ou a Praça da Fruta.
No último ano, Gazeta das Caldas foi à feira do 15 de Agosto fazer a reportagem para contar aos leitores como tinha decorrido mais uma edição do evento que é acarinhado pelos caldenses.
Encontrámos então o caldense Joaquim Coelho, que anualmente visita a feira do 15 de Agosto já lá vão cerca de 75 anos. Encontrámo-lo então com a esposa, às compras, e não resistimos a perguntar sobre o antigamente. “Lembro-me de o 15 de Agosto ser no Borlão, na rua Fonte do Pinheiro, quando não havia a Igreja, nem o tribunal, nem a Câmara”. Sobre essa altura guarda uma memória curiosa: “dia do 15 de Agosto em que não houvesse porrada por causa da venda do gado, não era 15 de Agosto”.
Mais tarde a feira viria a estar na Mata e, depois, na zona da biblioteca municipal.
O dia da Feira Anual nas Caldas era um dia de azáfama. Tal é descrito nas páginas da Gazeta pelo então repórter João Bonifácio Serra, que em 1965 descreve assim: “O quinze de Agosto é essencialmente o dia dos forasteiros. Efectivamente, logo pela manhã, a população rural caiu em peso na cidade – a pé, a cavalo, de camioneta, conforme puderam (eu, por exemplo, vim de boleia, que é o mais prático e económico).
Visitar a Feira (reunindo este ano um outro aliciante – o gado) é algo que lhes está na massa do sangue, sob a forma de necessidade inadiável, ou místico ritual a cumprir forçosamente.
Quanto aos turistas, esses vieram em excursões – a primeira chegou ao Largo do Hospital, seriam talvez umas 8 horas – mas alguns, especialmente estrangeiros, haviam cá pernoitado, para fazerem cedo as suas compras no mercado”.
O agora historiador notava também a dificuldade em encontrar um quarto num hotel nas Caldas e na região naquela data e conta também que a empresa Claras “assegurou o transporte de, aproximadamente 10000 passageiros até à 1 hora da manhã do dia 16”, sendo que se encontravam 25 carros “em serviço eventual, fazendo carreiras entre as Caldas e A-dos-Francos, Alfeizerão, Benedita, Bombarral, Cercal, Cidade, Foz do Arelho, Nazaré, Peniche, Rio Maior, Santa Catarina e São Gregório”.
Este ano não haverá Feira do 15 de Agosto nas Caldas
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