Uma semana depois da publicação do artigo da
Gazeta das Caldas denunciando o estado de abandono da estação ferroviária de Óbidos, a Infraestruturas de Portugal (ex Refer) procedeu à limpeza do espaço envolvente, cortando sebes e removendo o lixo que entupia os antigos jardins. Mas esta operação incluiu também o emparedamento dos WC que se encontravam abertos e vandalizados e nos quais já não havia água corrente porque esta foi cortada.
Ou seja, para a Infraestruturas de Portugal – que tem no seu código ético a
“prossecução do interesse público” – a solução para umas casas de banho às quais foi cortada a água, não é restabelecer o abastecimento, mas sim emparedá-las com tijolos e cimento. A partir de agora, qualquer passageiro poderá num momento de “aperto” fazer uso dos recém limpos jardins ou da área envolvente à estação.
O edifício esteve 16 anos concessionado à Câmara de Óbidos (que por ele pagava 59,80 euros por mês), mas o contrato foi denunciado em Novembro de 2015, tendo a Infraestruturas de Portugal recebido aquele equipamento num estado bastante degradado, o que levou a empresa a
“accionar os mecanismos ao seu alcance no sentido de ser ressarcida dos danos patrimoniais ocorridos”.
A Câmara de Óbidos tem uma versão diferente e diz que ainda não denunciou o protocolo. A vereadora Celeste Afonso diz que reuniu com uma responsável da Infraestruturas de Portugal e que,
“tendo em conta que poderá surgir uma oportunidade de investimento enquanto o contrato se encontra em vigor”, não se oporá à denúncia do mesmo
“com o objectivo claro de integrar nesta estação um projecto que deverá ser da concordância de ambas as partes”. Isto é: o município reserva-se o direito de denunciar o contrato só se o projecto para a estação de Óbidos tiver o seu acordo.
No entanto, num e-mail enviado à nossa redacção na semana passada, a Infraestruturas de Portugal diz que “o contrato foi efectivamente denunciado e o espaço entregue em Novembro de 2015”.
COLOCAÇÃO DO IMÓVEL EM MERCADO
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A Infraestruturas de Portugal fez ainda saber, em resposta a uma pergunta da Gazeta das Caldas, que recebeu uma “memória descritiva” do antigo presidente da Câmara de Óbidos, Telmo Faria (também actual presidente da Assembleia Municipal), para um projecto na estação. E acrescentou que “está prevista para breve uma consulta pública para a colocação do imóvel em mercado, onde todos os interessados serão contactados”.
Na Assembleia Municipal de Óbidos de 26 de Fevereiro, o PCP apresentou uma moção em defesa da estação, insurgindo-se contra o seu arrendamento e alienação, mas a maioria PSD não concordou e o documento foi alterado, figurando apenas a defesa da operacionalidade daquela infraestrutura ferroviária.
Outra questão em que município e a empresa pública também não acertam é sobre quem cortou a água à estação. Ambos responderam à Gazeta das Caldas que a responsabilidade não era sua.