
“Construir agora uma cidade termal nas Caldas não é tarefa fácil”, considera Jorge Mangorrinha, autor do livro “O que é uma cidade termal”, que foi apresentado a 29 de Setembro no Céu do Vidro, numa cerimónia que contou com a presença de cerca de 60 pessoas e onde algumas personalidades, não só caldenses, se indignaram com o actual estado da cidade e do Hospital Termal.
Houve declarações importantes, como as do arquitecto Manuel Remédios, do CHON, que garantiu haver possibilidade do Hospital Termal poder continuar a funcionar quando surgem contaminações, se forem criadas condições para isso, nomeadamente a utilização de mais furos de captação de água termal.
Jorge Varanda, ex-administrador do Termal, entende que esta estância pode ser rentável e trazer benefícios ao Estado, na medida em que os gastos em medicamentos na área da Reumatologia e das doenças das vias respiratórias poderiam ser, em alguns casos, substituídos por tratamentos termais.
João Almeida Dias, ex-administrador termal, acha que as Caldas se deve assumir como o pólo de referência em áreas como a Reumatologia.

Caldas foi centro de modernidade ao longo da História
“Esta cidade cresceu em meio século sem que, genericamente, ninguém se preocupasse com isso. Terá sido alheamento, desconhecimento, incompetência, divergência?”, questionou Jorge Mangorrinha, recordando que noutros tempos as características desta cidade foram o impulso da modernidade.
O autor referiu que as Caldas foram modernas no final do século XV, com a fundação de um hospital pioneiro, em meados do século XVIII, com a participação dos melhores técnicos do reino na refundação do hospital termal e a dotação da então vila de novas infra-estruturas e equipamentos urbanos, no final do século XIX “em que, ao apoio do Estado, se juntou, por um lado, o espírito artístico e empreendedor de Rafael Bordalo Pinheiro e, por outro, a visão de Rodrigo Berquó, que quis projectar a vila para além das fronteiras do país”.
Também em meados do século XX, as Caldas foi centro da modernidade da época quando recebeu um contingente de refugiados de guerra que animaram a cidade e trouxeram novas ideias.

O especialista recordou que perfazem 500 anos sobre o Livro do Compromisso, “que regulou, inovadoramente à escala universal, o funcionamento desta instituição hospitalar”. Passam também 50 anos desde que o hospital passou a ser Hospital Central da Zona Sul e que as termas passaram a funcionar durante todo o ano.
Recentemente, parte do conjunto termal das Caldas da Rainha ficou “em vias de classificação”, num processo iniciado há 10 anos pelo então vereador Jorge Mangorrinha.
Os planos urbanísticos e estratégicos
O livro resulta da tese de doutoramento do autor. “Dá conta da evolução das termas urbanas a nível internacional e também da evolução do planeamento urbanístico e estratégico das termas portuguesas, com maior enfoque nas três cidades com termas no seu perímetro urbano – Caldas da Rainha, Chaves e Vizela”, explicou o autor.
Uma parte substancial da tese e do livro refere-se aos planos urbanísticos que, desde a década de 1930, incidiram nas termas portuguesas, quando foi assumido pelo governo de então prioridade a zonas de potencial turístico.

No que diz respeito às Caldas da Rainha, Jorge Mangorrinha analisou em pormenor os planos do arquitecto Paulino Montez, dos anos 20 e 50, e o plano dos arquitectos Carlos Barbosa e Virgínia Barbosa, dos anos 80. Em sua opinião, Paulino Montez conferiu um valor notoriamente moderno ao espaço público, designadamente nas áreas de expansão do novo centro cívico, construído na antiga Quinta do Borlão, mas também noutras zonas da cidade.
O plano dos arquitectos Carlos Barbosa e Virgínia Barbosa, concluído em 1983, foi antecedido de um estudo mais vasto à escala concelhia (precursor dos planos directores municipais) e de uma parceria com urbanistas alemães, no âmbito de um acordo entre o governo português e as bancas portuguesa e alemã, que visava garantir a operacionalização técnica e financeira do plano, mas que não foi concretizado.
De acordo com a informação dos autores do plano, este propunha “uma cidade tendencialmente pedonalizada e com uma cintura verde periférica”.

No entanto, o plano admitia, “polemicamente”, o corte da Mata por uma circular urbana, mas acabaria por não ser homologado. “Parece-nos que o plano incorpora algumas das características das cidades termais, mas terá sido realizado fora da cidade concreta que já dava sinais de uma gestão casuística”, comentou Jorge Mangorrinha.
De acordo com o autor, há cerca de 20 anos justificava-se fazer acompanhar os planos urbanísticos com uma visão sistémica e integrada do território. “Os PDM foram importantes, mas não suficientemente estratégicos como o Plano Estratégico, nem suficientemente reguladores do uso solo como os planos de urbanização e de pormenor”, referiu.
Jorge Mangorrinha destacou que as três cidades portuguesas com termas no seu reduto urbano traçaram os seus planos estratégicos na última década.
Em Chaves foi traçada a valorização da envolvente ao balneário termal e reforçada a relação desta zona com o centro histórico. Em Vizela reconverteu-se paisagisticamente a zona industrial defronte do balneário e procurou-se imprimir uma inovação comercial no eixo de ligação com o centro da cidade.
Quanto às Caldas, “o plano estratégico traçou o relançamento e a expansão do termalismo, como contributo essencial para a regeneração do centro urbano e da imagem da cidade fortemente associada de novo ao termalismo”.

Neste livro também são apresentados casos internacionais, nomeadamente de como é possível fazer uma regeneração urbana a partir das suas áreas históricas e do seu património termal “com benefício para toda a cidade”.
Na apresentação do livro, o autor falou sobre o caso da cidade termal de Évian-les-Bains (França), onde a estratégia da autarquia baseou-se em relançar a cidade com base no turismo de congressos, renovando o seu conceito de estância.
“Uma segunda juventude para Évian passou por uma renovação dos agentes políticos locais, em 1995, que mobilizariam os actores públicos e privados em torno do objectivo de desenvolver perenemente a cidade graças a uma lógica de funcionamento anual e, por conseguinte, de uma necessária renovação urbana sem precedentes, para a criação de equipamentos destinados a esse tipo de turismo, melhoramento do quadro de vida e aposta numa política de comunicação”, explicou.
A Câmara investiu nas infra-estruturas urbanas, na renovação do centro e na reabilitação do antigo estabelecimento termal, e os privados fizeram os restantes investimentos, como a renovação dos estabelecimentos comerciais. O antigo estabelecimento termal foi reconvertido em centro cultural e de congressos e mediateca.
“Em todos os casos internacionais descritos, a vontade política e a boa gestão administrativa das termas foram fundamentais neste processo, como forma de impulsionar e consolidar o desenvolvimento das cidades em causa”, disse.
Na opinião do também ex-vereador da Câmara das Caldas, “regenerar não pode apenas passar pelo chão da cidade”, devendo-se ir mais além “criando em simultâneo estratégias e parcerias duradoiras, que promovam a regeneração económica, social e cultural” e que promovam o empreendedorismo e a criatividade. Essa regeneração deveria ainda aproveitar fogos devolutos do centro urbano para o imobiliário turístico que sirva os fluxos de aquistas.
Sem menosprezar as decisões políticas, Jorge Mangorrinha acha fundamental uma participação de cidadania activa. “Conseguir articular a política e a cidadania é a chave para um planeamento que tenha em conta os anseios das populações, as estratégias políticas e o saber dos académicos e dos técnicos, para se alcançarem efeitos no território e na qualidade de vida”, defendeu.
O papel do Estado central
Por outro lado, sublinhou que ao longo da História das Caldas foi sempre decisivo o impulso do Estado central. “Em todos os períodos áureos para este hospital e para esta cidade, o Estado central reconheceu como seu este património singular, acarinhou-o, beneficiou dele quando nos anos 70 e 80 a comparticipação financeira na estada termal trouxe a este hospital um acréscimo notável de aquistas”, recordou.
Na sua opinião, a cidade não pode estar sujeita a decisões sem retorno, “apenas com base em lógicas momentâneas de gestão financeira”.
Jorge Mangorrinha destacou ainda que nenhuma outra cidade portuguesa tem cerca de 30 hectares de área verde no centro urbano “a precisar de uma gestão competente e com provas dadas”.
Numa altura em que se esperam alterações no figurino da gestão do património termal, o ex-vereador alerta que tudo deve ser decidido com ponderação “quando estão em causa soluções que cortam com o passado de cinco séculos, sem que haja certezas no futuro”.
Na sua opinião, pode ser possível um modelo de negócio e gestão do património com o Estado central. “A crise, que é financeira, não deve dar origem a uma crise de valores”, disse.
Eleições autárquicas devem mobilizar novas ideias
Referindo-se às eleições autárquicas do próximo ano, Jorge Mangorrinha – que foi o líder do CLIC (Movimento Cidadania de Livre Iniciativa Caldense) – lançou o desafio para que se crie uma plataforma única, unindo todos os quadrantes político-partidários, cujo objectivo pode passar por criar um verdadeiro parque de saúde nas Caldas “para darmos passos decisivos rumo a uma verdadeira cidade termal, que acolha os mais necessitados, mas também os que procuram experiências de bem-estar”.
Isto porque não basta estarem todos de acordo com o futuro do Hospital Termal, dos Pavilhões, da Mata e do Parque. “Devemos também consensualizar o governo da cidade, ultrapassando as diferenças partidárias”, acrescentou.
“O país, tal como está, precisa de organizações locais e de autarquias ousadas e fortemente inovadoras, de cidades criativas e com marca afirmativa”, afirmou.
Na opinião do especialista, o centenário da elevação a cidade das Caldas da Rainha, daqui a 15 anos, poderia ser uma meta temporal para que se construa uma verdadeira Cidade Termal.
“Podem transformar rapidamente este hospital se o gerirem convenientemente”
Jorge Varanda, que foi administrador do Hospital Termal na década de 80, entende que esta instituição é um marco de civilização em Portugal porque foi o primeiro estabelecimento de saúde com um modelo verdadeiramente hospitalar no país. Poderá ter sido também o primeiro Hospital Termal do mundo, embora desconfie que possam ter existido outros, mais antigos, no Japão.
O administrador salientou que o hospital foi criado com uma personalidade jurídica “que se quebrou” com a criação do Centro Hospitalar das Caldas, mas que essa situação deve ser revertida para que passe a ser uma unidade autónoma. “Este hospital pode ser rentável”, afirmou.
Jorge Varanda lamenta que o Ministério da Saúde tenha “explorado o Hospital Termal de todas as maneiras e feitios”, ao aproveitar património que tinha sido doado para a construção do hospital distrital, e agora tenha vindo a desinvestir nesta unidade.
Na sua opinião, não é possível que os responsáveis do Ministério da Saúde possam dizer que não têm vocação para gerir o Hospital Termal. “Há é pessoas que são competentes e outras que são incompetentes. Se quiserem podem transformar rapidamente este hospital. Basta gerirem-no convenientemente”, afirmou, lembrando que quando era administrador, as termas caldenses foi a segunda estância mais concorrida em Portugal, com quase 9.000 aquistas.
Um dos principais erros que se cometeu nos últimos anos, na sua opinião, foi o encerramento do internamento.
Jorge Varanda salientou que há que explorar a área da Reumatologia e das doenças das vias respiratórias, principalmente numa altura em que se fala na racionalização dos medicamentos. “Pode gastar-se menos dinheiro em medicamentos e usar-se a água termal”, adiantou.
No final da sua intervenção, Jorge Varanda disse que há que “pedir contas” aos responsáveis por o Hospital Termal continuar encerrado por causa da contaminação da água. “Ao longo deste verão, pelas minhas contas, perderam-se 100 mil euros [em tratamentos que não se realizaram] e depois não há dinheiro para gerir a Mata e o Parque?”, questionou, levantando a possibilidade de poder estar acontecer uma “gestão danosa de bens públicos”.
Contaminações não devem implicar encerramento
O arquitecto do Centro Hospitalar, Manuel Remédios, referiu que a instituição tem feito “um enorme esforço” para manter o seu património “até que haja um plano estratégico de desenvolvimento”.
Manuel Remédios criticou o plano de Plano Paulino Montez “que rasgava a cidade a torto e a direito”, mas também o Plano Geral de Urbanização (PGU) que se seguiu. “Lutámos muito para bloquear alguns atropelos que seriam terríveis”, comentou, tendo contado que a ideia de colocar uma obra escultórica de Ferreira da Silva nas traseiras do Chafariz das Cinco Bicas surgiu para evitar que a circular interna das Caldas viesse a atravessar a Mata.
“O Centro Hospitalar teve sempre muita dificuldade em defender-se perante as propostas da Câmara Municipal” em termos urbanísticos, disse.
Na sua opinião, houve uma altura em que o pensamento vigente era de que a cidade deveria crescer com uma vertente mais comercial “em que as termas passaram para segundo plano”.
Por outro lado, “os vários governos nunca investiram no Hospital Termal” e o relançamento do termalismo tem sido adiado ao longo dos anos.
Manuel Remédios confessa que não está surpreso com a actual situação, tendo em conta o que veio acontecendo. “Começou com o fecho da área das piscinas, que era uma área de grande atracção do Hospital Termal. Depois não se conseguiu o financiamento para a remodelação do rés-do-chão”, exemplificou.
Outro erro grave, segundo o arquitecto, foi a forma incorrecta como foram executadas as obras para as aduções da água termal. De qualquer forma garante que o Hospital Termal não precisa de fechar quando surge alguma contaminação porque “existem vários pisos e o hospital pode funcionar separadamente” recorrendo a furos diferentes para a captação da água.
Também presente na apresentação do livro, o arquitecto Gonçalo Ribeiro Telles criticou a forma como os planos directores municipais passaram a dar maior destaque à floresta, em detrimento da agricultura e da sustentabilidade física. Só tem atenção à floresta “e o resto desapareceu do planeamento”.
Gonçalo Ribeiro Telles lamentou que “as nossas áreas mais ricas” estejam a ser abandonadas pela população e “ninguém se lembra disso no planeamento”.
Sobre o termalismo, lembrou que as águas precisam de “uma paisagem organizada, de índole mediterrânica, em que a agricultura e a mata têm um peso fundamental”.
António Eloy referiu-se ao livro “Cidades Invisíveis”, de Italo Calvino, para dizer que esta cidade termal de que falou Jorge Mangorrinha se enquadrava nesse espírito. “É uma cidade em rede, que se constrói como uma teia de aranha, a partir de um centro e desenvolvendo o território, de forma sustentável”, explicou.
Segundo o especialista, cada cidade deve desenvolver-se em torno de uma ideia e no caso das Caldas devem ser as suas termas. “Infelizmente os nossos gestores, locais e nacionais, não têm dado visibilidade a esta ideia, que deve ser desenvolvida a partir da rede que se estabelece”, disse.
Na sua opinião, o último estudo que se fez sobre o termalismo foi dinheiro mal gasto e inconsequente “porque o diagnóstico está feito”.
António Eloy apelou a uma mobilização dos cidadãos “no sentido de modificar este presente que não nos agrada”. Crítico dos partidos políticos, acha que estes devem ser pressionados a partir de uma ideia central para a cidade.
“O país está como está por causa dos nossos autarcas. Temos tido autarcas da maior incompetência que têm gerido mal o território”, afirmou, exemplificando com o caso das Caldas “onde vi muitas construções fechadas”. António Eloy não percebe como é que foi possível deixar-se ocupar o território e manter edifícios fechados “que não servem para nada”.
“Não basta dizer que queremos o Hospital Termal no SNS”
Para a vereadora e deputada Maria da Conceição Pereira, vive-se actualmente “um momento muito especial” e de oportunidade para o termalismo.
A deputada salientou que, tal como noticiou a Gazeta das Caldas, o relatório do grupo técnico para a reforma hospitalar refere no seu sumário executivo o caso do Hospital Termal das Caldas. “Essa referência não pode ser esquecida porque senão de nada servem os estudos”, defendeu.
Maria da Conceição Pereira também acha que esta discussão deve ser apartidária e que se devem ouvir todas as propostas antes de ser tomada uma decisão. “Não basta dizer que queremos o Hospital Termal no Serviço Nacional de Saúde. Com certeza que é muito importante, mas queremos também saber o que iremos fazer dele”, referiu.
Na sua opinião, há que ter em conta as especificidades do caso das Caldas em relação a outras termas no país, com todo o seu património e o facto de ter um corpo médico de apoio ao hospital.
A autarca também considera importante explorar a vertente do termalismo como alternativa à medicação em certas doenças.
“Caldas deveria ser pólo de referência da Reumatologia”
Elogiando o trabalho de investigação de Jorge Mangorrinha, o ex-presidente do Centro Hospitalar das Caldas, Mário Gonçalves, lamentou que nas Caldas tenham havido alguns “dirigentes forasteiros” que “não se identificaram suficientemente com a história e identidade desta comunidade”.
Mário Gonçalves acha inconcebível que haja responsáveis do Ministério da Saúde, “quais inimigos públicos númer 1”, que digam que o SNS não tem vocação para estas termas.
Lamentou também o facto de não se ter dado seguimento ao projecto Conjunto Turístico das Termas das Caldas da Rainha, que na década de 90 chegou a ser aprovado pelo governo. Nessa altura, o concurso público para o desenvolvimento do projecto não foi lançado “e 16 anos depois estamos numa situação de crise”.
Apelando ao diálogo, Mário Gonçalves sublinhou que não quer que no futuro venham a dizer que as actuais gerações foram os coveiros do Hospital Termal.
Mário Gonçalves comentou ainda que desde que Jorge Mangorrinha deixou de ser vereador, a Câmara das Caldas não voltou a ter um representante no Conselho da Cidade.
A museóloga Natália Correia Guedes lamentou que os caldenses estejam a perder a riqueza do seu património “por não se entenderem uns com os outros, ou por motivos políticos, ou por motivos financeiros, ou por ignorância pura”.
Neta de Joaquim Manuel Correia, o primeiro presidente da Comissão Administrativa da Câmara das Caldas a seguir à revolução republicana do 5 de Outubro, a especialista lembrou a importância que esta cidade teve em tempos.
O seu pai, Fernando da Silva Correia, foi médico municipal e delegado de saúde nas Caldas da Rainha e escreveu várias obras dedicadas ao Hospital Termal. “Acabou por ser um dos primeiros historiadores do Hospital. Eu cresci a ouvir falar das misericórdias e do hospital”, contou a museóloga, que dirigiu o Museu do Oriente e preside ao Instituto Português do Património Cultural.
João Almeida Dias, ex-administrador termal e especialista nesta área, criticou a forma como a temática do termalismo “tem sido mal tratada”. Na sua opinião, as Caldas “tem tudo o que é preciso para ser um caso de sucesso”, devido sobretudo às suas águas “que são um recurso natural com enormes potencialidades e que pertence ao país”.
Outro aspecto importante é a localização central das Caldas no país, numa região alargada, incluindo Lisboa, onde vive 40% da população portuguesa.
Em relação aos tratamentos que se podem realizar no Hospital Termal, salientou que estas águas têm bons resultados no tratamento das doenças do foro músculo-esquelético e respiratório.
“É preciso que seja reencontrada a especialidade para estas termas. As Caldas devem assumir-se como o pólo de referência, por exemplo, da Reumatologia”, concluiu, adiantando que esta especialização poderia atrair até utentes do estrangeiro.
Pedro Antunes
pantunes@gazetadascaldas.pt
O que é uma cidade termal?
“(…)Uma cidade termal é ser hospitaleira e cosmopolita; é ser um lugar de todos e para todos. Uma cidade termal é ter a capacidade de abertura e inovação, a capacidade de gerir o seu futuro e de o planear com eficácia, sendo que esta gestão não se pode resumir à bandeira das finanças, apesar de ser essencial o rigor das contas públicas.
Uma cidade termal é, enfim, uma cidade que se conhece à volta das suas raízes e do seu recurso essencial e que, com estas raízes, sabe que caminho quer seguir. É, seguramente, uma cidade amiga para os seus residentes e para os seus turistas, porque, pela sua definição e pelas suas características, deve ser uma cidade promotora de saúde, do bom ambiente e da hospitalidade, ou seja, uma cidade que deve ser um exemplo para as outras cidades.
A par destas características, a cidade termal é uma cidade turística. E tem de incorporar redes fortes de promoção com uma identidade clara; e esta identidade, nas Caldas da Rainha, tem de ser a cidade termal e não outra, porque o próprio conceito incorpora as termas, as artes, os mercados, o comércio, designadamente.
Não tem uma cidade termal quem quer. Nela tem de residir o recurso fundamental, a água, que apenas nasce onde é possível, e tem que ter as suas termas a funcionar sem sobressaltos. Lembro que uma das minhas primeiras ações, há dez anos como vereador desta cidade, foi levar a reunião de Câmara o perímetro de proteção termal, que estava esquecido numa gaveta.
A cidade termal, sendo um paradigma de cidade turística, deve no limite saber manter essa característica, mesmo quando as suas termas estão temporariamente fechadas. Veja-se o caso da cidade inglesa de Bath, que ao ter as suas termas fechadas quase 30 anos viveu do seu património histórico e cultural, do desenho de cidade, da imagética do culto das águas, da harmonia entre centro urbano e zonas de expansão, para o que a inscrição como património mundial na lista da UNESCO foi decisiva para o reconhecimento externo e o número crescente de visitantes, com benefício para a sua economia urbana.(…)”
Excerto da apresentação do livro por Jorge Mangorrinha































E evidente que com pouco investimento o Hospital Termal se sustentava a ele proprio, contribuindo para uma melhor prestacao de servicos aos doentes como sempre foi o desejo da Rainha D.Leonor.Mas outro valores se levantam que nao me vou repetir, e existem pessoas muito mais conhecedoras que eu que tem obrigacao de defender o legado da Rainha.O tempo e uma virtude e a razao ha-de vir ai de cima…
caldas com o nome de rainha deveria ter todas as soluçoes para atraer o mundo e sobretudo a gente femenina afim de se sentir bem nessa cidade seja em hospitais para nos aliviar das dores seja no parque a passear seja nas pastelarias para termos um momento de pausa so entre nos seja nos diferentes encontros culturais e asociativos. Temos de nos sentir em algum lado enfim rainhas!
Não posso concordar mais. Há tanto para fazer relativamente à cidade termal. Poderíamos claramente falar de um turismo superior aos passeios pelas Caldas da Rainha. Um local de prestígio como este merecia uma data de investimentos até ao nível da preparação da marca. Fica o conselho.