“Não há finais felizes” e “Diário de uma portuguesa em Angola” intitulam as obras já publicadas por Patrícia Patriarca, natural do Olho Marinho. A autora, que adora viajar e escrever, está já a preparar outro livro onde vai juntar estas duas paixões
Patrícia Patriarca diz que “escreve desde sempre”, lembrando que em pequena colocava no papel os seus pensamentos e estados de alma, que depois guardava na gaveta. A vida profissional levou-a para a área das contas, mas a escrita continuou a fazer parte do seu quotidiano. Um dia, mostrou os seus “escritos” a uma amiga, que apreciou e incentivou-a a enviá-los para uma editora. A autora fez mais do que isso: enviou para três e recebeu resposta positiva de todas, acabando por escolher a Chiado Editores por considerar que era a que se adequava mais ao seu gosto.
“Não há finais felizes” é o seu primeiro livro e foi publicado em 2017. Trata-se de uma compilação de textos que foi escrevendo ao longo do tempo, desde 2012, e que conseguiu juntar num romance. Embora o livro não tenha sido escrito em contínuo, conseguiu dar-lhe uma linha temporal. Trata-se de uma obra “muito pessoal”, mas que Patrícia Patriarca, de 39 anos, garante que não é autobiográfico.
O “Diário de uma portuguesa em Angola” é o segundo livro, publicado em 2018 e que resulta de uma viagem de 32 dias aquele país africano. Patrícia Patriarca viajou com uma amiga e, durante o período em que lá esteve, teve oportunidade de conhecer uma outra realidade, que retrata na obra, profusamente ilustrada com imagens captadas pela autora, às escondidas, tendo em conta que naquele país há restrições às fotos. “Uma das vezes em que estava a passar na rotunda onde está a estátua de Agostinho Neto, o carro onde seguia parou para eu abrir o vidro e tirar a foto. Os outros carros começaram a buzinar, em protesto”, recordou.
Além de Luanda, há também referências a Lucapa, em Lundanorte, uma das províncias mais pobres e que dista mais de 800 quilómetros da capital.
No final do livro há uma espécie de glossário com as expressões locais que ouvia e a sua explicação em português.
“Trata-se de uma obra muito descritiva e muito diferente da primeira, que era uma reflexão”, disse a autora, que gosta dos dois géneros.
Aliar as viagens e a escrita
Em preparação está já o próximo livro, que deverá estar pronto perto da próxima edição do Folio. Será uma obra de viagens, com percurso entre Portugal, República Checa, Itália e Marrocos. No fundo, trata-se de juntar as suas duas paixões – as viagens e a escrita – numa perspectiva muito pessoal e sentimental.
“Quando viajo costumo fazer um diário, pelo que tenho já uma compilação com relatos desses percursos”, explica.
Patrícia Patriarca está também já a trabalhar num outro romance, baseado em factos reais da sua família, e que conta a história de quatro gerações vista por mulheres. Gostaria ainda de fazer um livro para crianças e está à procura de um ilustrador que se adeque ao que tem imaginado.
A autora, natural e residente no Olho Marinho, também tem participado em diversas colectâneas lançadas pela editora. A próxima será “Cartas de Amor” para ser publicada em Fevereiro, por altura do Dia dos Namorados.
Participação em projecto internacional
O segundo livro, que aborda a temática de Angola, está à venda nas principais livrarias nacionais e levou Patrícia Patriarca a dar entrevistas em vários canais televisivos e a estar presente na Feira do Livro de Lisboa. Em Outubro foi apresentado no Fólio, em Óbidos, e na sequência desta intervenção foi convidada a participar no projecto CELA – Connecting Emerging Literary Artists, que permite uma cooperação transnacional intensiva entre escritores, tradutores e profissionais literários em início de carreira. Juntamente com ela, participam também, a convite do município de Óbidos, os escritores
Daniela Costa e Luís Brito.
Patrícia Patriarca esteve em Bruxelas (Bélgica) entre os dias 13 e 18 de Janeiro, para um primeiro encontro do programa de quatro anos, onde partilharam as suas experiências culturais. “Dá imensa pena quando ouvimos outros autores falar de escritores que não podemos ler por não estarem traduzidos”, diz a participante, que considera que o projecto faz muito sentido.
No âmbito do programa, a obidense participará em Março de 2021, em Carcóvia (Polónia) num workshop de escrita não ficcional. “Serão duas semanas em que irei conhecer mais escritores polacos e agentes de editoras. Estarei muito focada na escrita, irão dar-me desafios a que terei que responder”, explica à Gazeta.
Frequentemente questionada sobre quem são os seus escritores preferidos, Patrícia Patriarca responde que é “muito eclética” e que escolhe os livros não pelo autor mas pela curiosidade que a história lhe desperta. Contudo, reconhece que “O Principezinho”, de Antoine de Saint-Exupéry é um livro a que recorre frequentemente.
Regularmente, e sempre que viaja, Patricia Patriarca vai partilhando as suas experiências, pensamentos e reflexões nas redes sociais em
www.facebook.com/EllaBlogue e www.facebook.com/ticha.patriarca
































