A escola do primeiro ciclo das Gaeiras, que ficou devoluta com a passagem das crianças para o Complexo do Alvito, transformou-se no centro de dia da Associação “O Socorro Gaeirense”. As novas instalações abriram pela primeira vez a 2 de Dezembro e prestam as valências de centro de dia para 32 pessoas e apoio domiciliário a seis.
Entre os projectos previstos estão também a ampliação da cantina de modo a dar uma resposta mais eficaz a todas as valências desta associação que nasceu em 1921.

Lucinda Dias, de 77 anos, frequenta o centro de dia há três anos e tece os maiores elogios aos serviço. “É um convívio saudável e quando estamos aqui esquecemo-nos dos problemas da vida”, conta a septuagenária, que não perde as aulas de ginástica, idas à piscina e o convívio no centro, onde costuma jogar, fazer trabalhos manuais e ler.
Juntamente com ela estão diariamente cerca de 20 utentes, o dobro dos que frequentavam as antigas instalações, no Pombal, também nas Gaeiras.
Na escola há mais espaço e também melhores condições de comodidade, fruto das obras, no valor de 40 mil euros, que a associação ali desenvolveu e que foram feitas em apenas dois meses e meio.
“Estas são as primeiras valências que existem na freguesia ao nível do centro de dia e apoio domiciliário”, explicou Luís Coito, presidente da direcção de “O Socorro Gaeirense”.
A maioria dos utentes do centro de dia são senhoras que vão às piscinas, ginástica, passeios e participam em actividades como o atelier de barro, ou trapologia. Também é frequente promoverem intercâmbios com utentes de outros centros de dia e receber visitas de enfermeiros, como a que se realiza na próxima segunda-feira, em que será abordado o tema osteoporose.
Há três anos que participam na exposição de presépios das Gaeiras, com representações da Sagrada Família sempre feitas com materiais reciclados. Também participam em algumas iniciativas do programa municipal Melhor Idade, que envolve os centros de convívio do concelho.
A associação foi fundada em 1921 com o objectivo de dar resposta a necessidades sociais da localidade. Quiseram dar, por exemplo, dignidade aos funerais da altura, pagando a cerimónia a quem não tinha posses e acompanhando os que não tinham ninguém durante o trajecto entre as Gaeiras e o cemitério em Óbidos.
“Os sócios com o número par acompanhavam os funerais uma semana e, na seguinte, faziam-no os de número impar”, conta Luís Coito, adiantando que ainda agora pagam o funeral aos associados.
O responsável salientou ainda que, com as valências que estão a abrir, pretendem acompanhar as necessidades actuais da população.
“O Socorro Gaeirense” é actualmente o maior empregador da malha urbana das Gaeiras, com 14 pessoas a trabalhar nas várias valências. A creche está a funcionar há três anos e tem capacidade para 35 crianças, ficando em lista de espera uma média de 25 crianças por ano. “Pensamos também ampliar a creche, mas precisamos de apoios”, diz, adiantando que, com as dificuldades actuais há que planear bem os passos a dar.
As férias dos elementos da direcção são passadas no mercado medieval e nas tasquinhas das Gaeiras para angariar verbas para as actividades, que também contam com o apoio da Câmara e da Junta de Freguesia.
A Segurança Social financia parte do funcionamento da creche e está em curso uma candidatura para o apoio domiciliário.
A ideia inicial da associação era construir um lar junto à creche, mas o projecto foi indeferido. “O Estado agarrou-se a pequenos pormenores para indeferir cerca de 100 projectos no distrito de Leiria”, disse o responsável. Agora resta-lhes esperar por melhores tempos.
A associação também possui um projecto para alargar a cozinha, porque actualmente é a creche que serve de apoio a todas as valências.
Uma vez por mês é também feita a distribuição dos bens provenientes do Banco Alimentar a cerca de 25 famílias carenciadas da freguesia.
“Cada vez aparecem mais pessoas a pedir e os produtos são os mesmos”, revela Luís Coito, especificando que nos últimos dois meses têm aparecido sobretudo jovens que ficaram desempregados.
Outra das actividades do Socorro é a realização, duas vezes por ano, de recolha de sangue.
Fátima Ferreira
fferreira@gazetadascaldas.pt






























