
Na última semana foi inaugurada a pequena biblioteca do Complexo Escolar do Alvito, a quarta deste tipo no concelho. Depois da Sancha, na Sancheira (uma pipa), de uma bateira no Vau e de um moinho na Amoreira, esta é uma representação de Óbidos.
Na manhã da passada segunda-feira, dia 31 de outubro, foi inaugurada à porta do Complexo Escolar do Alvito (Óbidos) uma pequena biblioteca livre. Criada pelo artista plástico Telmo Leal, esta nova pequena grande biblioteca é inspirada no castelo e na vila de Óbidos, que é possível avistar do local onde foi instalada, em frente ao portão da escola. E é mais um dos (bons) exemplos das grandes bibliotecas livres que existem na região.
Com o formato das muralhas e das torres do castelo, mas também as casas caraterísticas do interior da vila, esta biblioteca é construída em madeira e tem duas portas que se abrem e que dão o acesso ao conhecimento. “É um castelo de conhecimento e também de diversão, porque a leitura é divertida!”, exclamou Ângela Oliveira, docente de Língua Portuguesa que é coordenadora deste projeto que tem como objetivo primordial o fomentar da leitura.
O conceito é simples: levar um livro e deixar outro, permitindo uma diversificação das leituras e também o acesso a mais obras culturais.
“Queremos fomentar a leitura e formar uma comunidade leitora”, referiu a docente, notando que esta nova biblioteca é destinada, não só aos alunos, mas também aos encarregados de educação e à própria comunidade. Daí que, da capacidade de cerca de 30 livros que esta nova pequena biblioteca tem, metade se destinem a um público infanto-juvenil e a outra metade aos adultos.
A inauguração da pequena biblioteca livre do Complexo Escolar do Alvito ocorreu após uma série de atividades de valorização da tradição do Pão por Deus, que incluiu a inauguração de exposições, leituras de textos e a recriação do peditório do Dia de Todos os Santos, além de um pequeno-almoço partilhado na escola.
Mas esta nova pequena biblioteca livre, que foi inaugurada depois de uma declamação de poesia por parte dos alunos, é já a quarta que existe no concelho de Óbidos e a segunda do complexo escolar.
Um projeto de sala de aula
Ângela Oliveira recorda que tudo “começou como um projeto de sala de aula, quando estávamos a ler um texto sobre pequenas bibliotecas e nos surgiu a ideia de fazer a primeira, a Sancha, na Sancheira Grande”. Como o vinho é um dos elementos que marca o território escolheram uma pipa de madeira e, em janeiro de 2019, era inaugurada a primeira pequena biblioteca livre da região, na Praceta da Oliveira, na Sancheira Grande.
E, desde então, aquele tornou-se um local de encontro e de partilha, de leitura e não só (realizando-se ali também, por exemplo, jogos tradicionais). Há a “perceção das pessoas da Sancha como sendo delas”, referiu Ângela Oliveira.
Na Sancheira Grande o público é essencialmente as pessoas da localidade que não dispensam a leitura da Gazeta das Caldas e de outras revistas. “Há algumas pessoas de idade que não lêem, mas gostam de ver as imagens e há pessoas de fora que passam e decidem parar, porque a biblioteca se localiza numa zona de passagem”, conta Ângela Oliveira.
Com capacidade para cerca de 90 livros, que têm circulado, a Sancha tem cumprido o seu propósito desde que foi criada. “A pequena biblioteca livre tem muita frequência!”, exclama a docente obidense, acrescentando que “desde o primeiro momento, sempre achámos que tinha tudo para dar certo e deu!”.
A nível nacional a Sancha foi a oitava pequena biblioteca livre a integrar a rede internacional Little Free Library, uma rede que atualmente congrega mais de 150 mil bibliotecas e que já se estende por perto de 110 países de todo o globo.
A Sancha foi, portanto, a primeira das agora quatro pequenas bibliotecas livres obidenses. “Logo de seguida surgiu a ideia de criar uma pequena biblioteca no complexo escolar, mas, com o confinamento, esse projeto ficou parado”, explicou a docente.
E, entretanto, abriram mais duas no concelho, mas estas ligadas às Juntas de Freguesia. Em abril de 2021, no Dia Mundial do Livro, foi inaugurada a biblioteca livre do Vau.
Uma bateira…
No Vau, a biblioteca foi criada com o formato de uma bateira. Trata-se de uma obra de Armando Franco, que pretende prestar homenagem aos pescadores da Lagoa de Óbidos numa terra que tem tanta ligação e tradição piscatória.
Neste caso, e tendo em conta a população estrangeira residente na freguesia, decidiram colocar também livros em Inglês e em Francês.
… e um moinho
Apenas alguns meses mais tarde, em agosto do mesmo ano, foi inaugurada a terceira, esta na Praça Dr. Azeredo Perdigão, mesmo em frente ao edifício sede da Junta de Freguesia da Amoreira.
Neste caso, a pequena biblioteca livre tem a forma de um moinho, uma marca identitária daquela localidade. Este moinho do saber foi construído por Luís Leonardo, um carpinteiro da terra.
Mas voltemos ao Complexo Escolar do Alvito, para explicar que a mais recente pequena biblioteca livre obidense vai funcionar em moldes ligeiramente diferentes das outras, uma vez que esta “é propositadamente mais pequena, porque queremos que sejam os próprios alunos a repor os livros”, esclareceu a docente, explicando que antes da abertura os estudantes trouxeram para a escola algumas dezenas de livro para a biblioteca.
“Acredito que vamos ter livros para colocar na biblioteca durante o ano”, referiu Ângela Oliveira, garantindo que, tal como foi feito com a Sancha, vão procurar encontrar patrocínios e apoios entre instituições e associações.
Resta apenas referir que este projeto internacional foi galardoado, em 2020, com o prémio Mundial de Literacia.
O principal objetivo desta iniciativa passa por promover a troca e partilha de livros que são disponibilizados em pequenas caixas personalizadas.
Trata-se de um projeto com potencial e que merece ser cada vez mais replicado, porque consegue criar novos hábitos de leitura e simultaneamente têm o condão de conseguir criar novas dinâmicas de encontro e partilha na zona das terras onde são colocadas.






























