Se até ao final deste mês a administração do Centro Hospitalar do Oeste não aumentar consideravelmente o número de camas para internamento dos doentes urgentes do Hospital das Caldas, os enfermeiros deste serviço irão realizar uma vigília a 1 de Maio, por tempo indeterminado, onde irão explicar à população que existem soluções para o caos que se vive nas urgências que, acusam, o Ministério da Saúde e o Conselho de Administração não querem utilizar.
Na sequência de uma reunião realizada nas Caldas, a 3 de Abril, pela direcção regional de Leiria do Sindicato dos Enfermeiros Portugueses, foi feito um ultimato à administração do CHO para que utilize as 30 camas existentes no hospital de Peniche e de todas as camas do hospital das Caldas da Rainha para internar os doentes do serviço de urgências. “É inadmissível que existam vagas em vários serviços do Hospital das Caldas e que não sejam utilizadas para internar doentes do serviço de urgência com processos de internamento, por falta de gestão e organização”, referiu a sindicalista Guadalupe Simões numa conferência de imprensa após a reunião com os enfermeiros.
Na vigília irão dizer à população “que o Conselho de Administração, numa atitude economicista, havendo condições para internar as pessoas com segurança e condições instaladas no Serviço Nacional de Saúde para dar resposta às necessidades, só não o faz porque não quer gastar dinheiro”.
Na semana anterior o sindicato tinha feito uma visita às condições existentes naquele hospital, na sequência da qual emitiu um comunicado enviado às entidades competentes, onde alertava para o caos existente no Serviço de Urgências das Caldas. “Esperávamos que tivessem sido tomadas medidas de imediato, mas isso não aconteceu e a situação manteve-se na mesma”, afirmou Guadalupe Simões.
Na sua opinião, o SU das Caldas transformou-se num Serviço de Internamento, com um grande número de idosos a dormir em macas. “Chegamos a ter 50 doentes internados naquele espaço, muitos deles prolongam a sua estadia aqui porque não há capacidade de admissão do serviço de Medicina e de Cirurgia”, revelou. Segundo a sindicalista, actualmente a média de internamento no SU é de cerca de 4,3 dias, “muito perto do que existe num Serviço de Medicina”.
O sindicato quer também que, ao contrário do que tem sido feito, o CHO passe a contratar enfermeiros para ter capacidade de resposta, em vez de continuar a despedir estes funcionários.
Guadalupe Simões salientou que a actual situação nas Urgências, que dizem ter piorado substancialmente desde a criação do CHO, está a deixar os enfermeiros quase à beira de um esgotamento e por isso irão responsabilizar a administração do centro hospitalar caso seja cometido erro médico suscitado pela falta de condições de trabalho.
“Não estamos perante uma questão de sazonalidade, como em determinada altura o conselho de administração quis fazer crer”, salientou a sindicalista, que lembra a Carlos Sá, presidente do CHO, que “não está a gerir uma empresa de pregos e parafusos”.
Administração diz que vai tomar medidas
Carlos Sá desmente que estejam previstos despedimentos de enfermeiros e salientou que as propostas apresentadas pelo sindicato “são, na generalidade, a reprodução das medidas apresentadas pelo grupo de trabalho multidisciplinar constituído pelo Conselho de Administração, que também envolve enfermeiros” criado para avaliar medidas que permitam solucionar a permanência por tempo excessivo de utentes no Serviço de Urgência das Caldas.
A 31 de Março essas medidas tinham sido apresentadas pela direcção clínica do CHO, nomeadamente o aumento de 10 camas no Hospital de Peniche para internamento de utentes, a transferência de utentes do serviço de urgência para os serviços de internamento com vagas disponíveis, a requalificação de uma área junto às urgencias com cinco camas para acolher utentes, e a a reorganização do processo de gestão de altas. O CHO vai também apresentar ao Ministério da Saúde um projecto para alargamento da área útil do Serviço de Observação (SO).
“O Conselho de Administração, o grupo de trabalho nomeado e os colaboradores do Serviço de Urgência são, naturalmente, os principais interessados em encontrar soluções para melhorar as condições de permanência de utentes na Urgência, tendo estado a trabalhar para o efeito desde o início do ano”, referiu Carlos Sá.
No entanto, tal como a Gazeta das Caldas noticiou na semana passada, o próprio director das urgências, Luís Mascarenhas, pediu a demissão do seu cargo (que não foi aceite) por causa da situação caótica vivida no seu serviço. Na carta com o pedido de demissão enviado ao Conselho de Administração, dizia que tem havido “sucessivas reuniões de ‘emergência’ em que nada fica resolvido” e que “vão tornando este problema cada vez pior”.
Pedro Antunes
pantunes@gazetadascaldas.pt
































