Este fim-de-semana realizou-se um encontro de radioamadores no Cabo Carvoeiro, em Peniche, mas esse era apenas um de muitos que aconteceram a nível internacional. É que, dado o facto de se comemorar o Dia Mundial dos Faróis, os radioamadores de todo o mundo activaram as comunicações junto a faróis de todo o globo. O objectivo de cada participante é conseguir, nestas 48 horas, entrar em contacto com, pelo menos, 25 faróis, para posteriormente obter uma placa comemorativa que assinale aquele feito
Na tarde de domingo, 23 de Agosto, junto ao Cabo Carvoeiro (Peniche) e ao farol que ali se ergueu para manter a segurança das embarcações, encontramos várias antenas de rádio ligadas a uma roulotte. Tratam-se de vários postes, com fios com alguns metros que captam as ondas rádio. No interior da caravana, que foi transformada em estação portátil, quatro amigos, com headphones e microfones, vão operando rádios, equipamentos emissores e receptores.
Este é mais um encontro de radioamadores e, desta feita, juntou sete operadores do Oeste naquele farol durante o passado fim-de-semana. É que, no âmbito do Dia Mundial dos Faróis, os radioamadores de todo o mundo activaram as comunicações junto a estruturas deste tipo um pouco por todo o globo. O objectivo era que, nestas 48 horas, cada radioamador conseguisse entrar em contacto com, pelo menos, 25 faróis internacionais para, posteriormente, obter uma placa comemorativa que assinale esse feito.
Esta é uma actividade que também se faz com monumentos, fortes, castelos, palacetes e museus e existem mais de 3000 pontos referenciados.
Os contactos começam com a frase “seek you” (as letras CQ em inglês) que traduzido para português significa “à tua procura”, e com o indicativo para onde devem ligar. Em muito pouco tempo, começa a formar-se uma fila de radioamadores de outras partes do mundo prontos a entrar em contacto com este farol. Os contactos podem ser feitos por via digital (texto), por fonia (voz) ou por telegrafia (morse) e são, geralmente, feitos em Inglês, mas rapidamente a língua varia consoante o país de origem de quem contacta os oestinos e conforme os conhecimentos linguísticos de quem fala deste lado. Cada contacto é registado num cartão postal enviado aos radioamadores. E será com a junção de vários desses postais que será possível requerer a placa comemorativa.
Jorge Santos, ou CT1FMX, indicativo pelo qual responde, é o presidente da Oeste DXGang Associação, que reúne os radioamadores do Oeste (especialmente de Caldas e Lourinhã) e que foi criada em 1999. “O indicativo é como uma matrícula e, regra geral, fica para a vida toda”, explica, já meio rouco, devido aos vários contactos feitos. Foram mais de mil contactos num total de 212 países. “Já demos a volta ao mundo passando pelos cinco continentes”, faz notar Jorge Santos, salientando que se trata acima de tudo de um intercâmbio cultural. “Cerca de metade dos faróis a nível nacional foram activados e nós cumprimos a nossa parte aqui no Oeste”, salientou o técnico de manutenção de electricidade e de canalização.
O gosto nasceu ainda na década de 1980, inicialmente com a banda do cidadão, os chamados rádios CB, que são utilizados, por exemplo, pelos camionistas. Tinha um raio de alcance entre os 30 e os 50 quilómetros. O gosto foi crescendo e, posteriormente, fascinou-o o facto de ter a possibilidade de falar para o Japão como quem fala de Torres Vedras para as Caldas da Rainha.
Esta expedição recebeu ainda visitantes de Lisboa, Ericeira, Alcobaça, Torres Vedras, entre outras localidades. “Alguns vieram de propósito para nos visitar e outros, curiosos, viram as antenas e vieram perguntar o que se passava”, conta. Comum também é encontrarem radioamadores que estão de férias e que, ao ver estes equipamentos reconhecem de imediato do que se trata e páram para cumprimentar os colegas operadores.
A nível nacional existem cerca de 6000 radioamadores. Estes equipamentos podem ter uma utilidade grande em situações de emergência e calamidades porque é possível montar uma estação móvel, sem corrente eléctrica e sem antenas retransmissoras de telemóvel. “Temos sempre tudo preparado e conseguimos montar e transmitir em apenas dez minutos”, garante Jorge Santos, lamentando a falta de apoio das entidades governamentais.






























