O empresário bombarralense Américo Sebastião desapareceu há 19 meses em Moçambique e nada se sabe sobre o seu paradeiro. Um ano e meio depois de ter sido raptado numa bomba de gasolina na Beira, no centro do país, as autoridades moçambicanas falaram publicamente pela primeira vez para dizer que não têm qualquer pista para a resolução do caso.
Américo Sebastião, de 49 anos, estava em Moçambique desde 2001, onde se dedica ao negócio da criação de gado, agricultura e exploração florestal na província de Sofala, uma zona de forte tensão entre as forças de segurança de Moçambique e o braço armado da Renamo (oposição).
Américo Sebastião é filho de Júlio Sebastião, que foi um dirigente associativo dos agricultores e que morreu de forma trágica, sugado por uma máquina de silagem. Américo está desaparecido desde 29 de Julho de 2016, sem que tenha sido pedido qualquer resgate à família. No entanto, dias depois do rapto, a família apercebeu-se que foram feitos vários levantamentos com o cartão de débito da vitima, no valor total de 160 mil meticais (moeda moçambicana), antes de terem sido canceladas as contas.
O jornal Público avança, na sua edição de 18 de Fevereiro, com três cenários sobre o que poderá ter acontecido a Américo Sebastião. O primeiro aponta para uma punição política, uma vez que o empresário tornara-se “incómodo” para a Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo), o partido que está no poder desde a independência há 43 anos. Outra das hipóteses é ter-se tratado de um delito comum, tal como já aconteceu com mais duas portuguesas naquela região. De acordo com o Público, os que acreditam nesta tese sublinham o facto de, a seguir ao rapto, um cartão de débito de Américo Sebastião ter sido usado para fazer vários levantamentos até ter sido esgotada a conta.
O terceiro cenário prende-se com uma rivalidade relacionada com a concessão do corte de madeira. Entre a chegada à Beira, em 2001, e a altura em que foi raptado, Américo Sebastião conseguiu obter cerca de 10 licenças para cortar madeira, todas por 50 anos, nas províncias de Sofala, Manique e Tete, e num total de 200 mil hectares. O jornal refere que o empresário já tinha sido ameaçado de morte por um vizinho madeireiro e que uma empresária espanhola colocou um processo judicial por a sua concessão para cortar madeira, em frente à de Américo Sebastião, ter sido anulada pelo governo.
A família e amigos do empresário têm feito de tudo para descobrir o seu paradeiro e apelar às autoridades moçambicanas que sejam mais activas na investigação. No entanto, têm sido ignorados todos os pedidos de informação sobre o caso e recusada a cooperação da Polícia Judiciária portuguesa.
Maputo também não responde às cartas do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, do primeiro-ministro António Costa, e pedidos feitos por várias instituições, desde a ONU ao Vaticano.































