Empreendedorismo social como forma de capacitar jovens em situação de maior vulnerabilidade

0
636

Desenvolver ferramentas que permitam aos jovens criar uma organização social é o grande objetivo do projeto Empreendedor Social Europeu

A economia social destina-se a obter lucros, não para investidores ou proprietários dos negócios, mas com impacto para a comunidade. Na Europa já tem um peso significativo ao nível do emprego, coesão social, desenvolvimento regional e rural, proteção ambiental, defesa do consumidor, agricultura, desenvolvimento de países terceiros e políticas de segurança social.
Mas o que é um empreendedor social, onde encontrar fundos para uma empresa social, como fazer um plano de marketing, organizacional e financeiro e qual o impacto das empresas sociais?

Estas são algumas das questões que representantes do projeto Empreendedor Social Europeu (ESE), procuraram responder durante o encontro formativo que tiveram, entre 26 e 28 de setembro, em Pafos, no Chipre.
Co-financiado pelo Erasmus + (programa da UE), o projeto integra o IED – Institute of Entrepreneurship Development (Grécia), CO-LABORY (Itália), Mitra (França), ACTA Center (Roménia), CCIF Cyprus (Chipre) e a CAI – Conversas Associação Internacional (Portugal), que trabalha alguns projetos no Oeste.
Todos estes parceiros consideram que as empresas sociais irão crescer e continuar a ter impacto na sociedade, pelo que devem ser vistas como uma solução para alguns dos desafios como o desemprego (juvenil), a proteção ambiental ou a coesão social. Nasceu assim o projeto que pretende criar um modelo eficaz e replicável a nível europeu para disseminar técnicas de inclusão na área do empreendedor social. Para além de promover a integração e oferecer oportunidades de aprendizagem personalizadas aos jovens, haverá intervenção internacional junto das equipas participantes, o que potencia um efeito multiplicador em cada um dos territórios, ao nível da formação de profissionais que trabalham com jovens. Foi o que aconteceu durante estes dias no Chipre, e que Gazeta das Caldas, pôde acompanhar, a convite da associação portuguesa.
Estes profissionais irão depois disseminar as competências adquiridas aos jovens dos respetivos países onde atuam, transmitindo-lhes as ferramentas necessárias para criarem uma empresa social. No caso português,a CAI irá, até dezembro, entrar em contato com organizações, empresas e autarquias, para criar uma formação nas Caldas, destinada a jovens da região e onde vão colocar em prática todo este conhecimento criado, desde o que é o empreendedorismo social às diferentes etapas do projeto. “Será um treino em que vamos utilizar muitas atividades em que as pessoas aprendam, fazendo”, explica Helder Luiz Santos, coordenador de projetos da CAI, deixando um apelo às organizações interessadas, desde startups a escolas e centros de formação, para que possam entrar em contato com a associação até meados de outubro, para ver da viabilidade da formação.
Os destinatários deste projeto são jovens, sobretudo aqueles que têm menos possibilidades de aceder a estas formações. Está ainda prevista outra formação em Lisboa, que deverá incluir pessoas de bairros sociais, enquanto que nas Caldas, o objetivo é trabalhar em cooperação com associações locais e outras entidades, que integrem estes jovens.

- publicidade -

Manual para empreendedores
“O objetivo deste projeto é desenvolver ferramentas que possamos transmitir aos jovens para que eles possam criar uma empresa social, que tenha lucro mas também um impacto social para a comunidade onde estão inseridos”, explica Cidália Rocha, coordenadora do projeto ESE.
Na sua apresentação, deu como exemplo prático de trabalho o de mães solteiras que, não tendo dinheiro para comprar roupas para os seus filhos, as foram re-adaptando e criando novas peças, inovadoras e originais, e que face à curiosidade e procura que provocaram, poderiam equacionar uma abordagem de negócio. Seguiu-se toda uma explicação sobre o plano de negócios que teriam de criar, de modo a apoiar o processo de tomada de decisão e avaliar a viabilidade da sua ideia inicial.
Como resultado do projeto foi criado um manual sobre Empreendedorismo Social, que integra os resultados de um estudo comparativo na Europa sobre histórias de sucesso de empresas sociais, com um impacto social nos seus territórios. Fornece também informações sobre os métodos de abordagem e ensino para jovens, em especial jovens desfavorecidos, sobre como iniciar uma startup, numa vertente social.
O ESE começou em 2019 e irá terminar em janeiro do próximo ano. ■

 

Uma cidade com mais de 2000 anos de história

Os painéis de mosaicos são uma das grandes atrações e remontam do período da ocupação romana

Situada no sudoeste do Chipre, Pafos alia o turismo de massas com uma herança cultural que remonta ao tempo dos romanos

Pafhos foi a primeira capital do Chipre, entre o século 2 aC e o século 4 dC, quando Nicocles, o último rei de Palaipafos, mudou a cidade da localização anterior para perto do porto. A cidade, rica e próspera, viria a ser destruída nessa altura por um terramoto, e a capital passaria para Salamina, na costa leste do país.
A riqueza cultural e patrimonial da então capital pode ser comprovada no Parque Arqueológico de Kato Pafos, que integra a lista de património mundial da UNESCO desde 1980. Local de visita obrigatória para conhecer a história da região, este inclui locais e monumentos desde o século 4 aC até a Idade Média, sendo que a maioria dos vestígios datam do período romano. Por exemplo, numa das vilas romanas existentes, a “luxuosa” casa de Dionísio (escavada em 1962) é possível encontrar, nas várias divisões paineis de mosaicos que retratam várias cenas da mitologia grega. De destacar que os paineis são achados arqueológicos do local, que datam de finais do século II, à excepção de uma réplica do painel mais antigo descoberto até à atualidade, que retata a criatura da mitologia grega, Scylla e que data do século III aC. O complexo também inclui outros monumentos importantes, como o Asklepieion, o Odeon, a Ágora, o Castelo Saranta Kolones (Quarenta Colunas), as ruínas Limeniotissa de uma basílica cristã primitiva e os túmulos dos reis.

O parque arqueológico da cidade integra a lista do património da Unesco desde 1980

As escavações, que nos últimos dois anos têm estado condicionadas devido à pandemia, costumam contar com a presença de jovens de vários países, nomeadamente da Itália, França e Polónia. Devido às condições metereológicas, na altura do verão, costumam começar a trabalhar pelas 5 horas da madrugada, para depois parar durante o período de mais calor.
Durante a visita guiada, o grupo teve ainda oportunidade de conhecer o castelo, situado no porto de Pafos. Construído durante o século 7 dC como um forte bizantino, foi demolido por um terremoto no século XIII e reconstruído em 1570 pelos venezianos.
Começou por ser uma fortaleza, depois prisão e ainda armazém de sal durante a conquista britânica, tendo recebido influências de todas essas funções a que serviu. Nos últimos anos tem sido cenário de vários eventos culturais, assim como outros espaços que foram reabilitados na zona do porto, sobretudo desde 2017, altura em que foi Capital Europeia da Cultura. ■

- publicidade -