Em 25 anos o C.A.T. da Misericórdia acolheu 130 crianças e jovens

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O Centro de Acolhimento Temporário é um lar para estas crianças e jovens

Objetivo é proporcionar uma vida normal e ajudar a traçar um projeto para o futuro

O dia no Centro de Acolhimento Temporário da Santa Casa da Misericórdia das Caldas começa numa correria. Durante a semana a rotina inicia-se, imagine-se, com a loucura da manhã numa casa com 15 crianças e jovens. Levantar, vestir, tomar o pequeno-almoço, lavar os dentes, preparar as mochilas, etc.
Depois há uma tabela diária de transportes. Enquanto a maioria vai para as escolas e jardins de infância, há que cuidar dos mais pequenos. Ao longo do dia, quando as aulas vão acabando, vão regressando a casa em nova correria entre o ir buscar à escola, o despachar e o levar e buscar às atividades. No fim-de-semana há idas a casa, passeios e cinema, entre outras atividades. No C.A.T. estão 15 crianças e jovens (a capacidade máxima) entre os 0 e os 18 anos. O serviço, que começou a laborar em 1998 na Praça 5 de outubro, funciona na sede da instituição, porta com porta com o Lar de Infância e Juventude.
Em 25 anos passaram pela casa 130 jovens e uma coisa não mudou: “a missão é a mesma, protegermos estas crianças e jovens e podermos fazer o melhor que podemos em relação à vida deles, ajudar a criar o projeto de vida, sendo que, para muitos deles, esse projeto de vida passa pela reintegração na família, ainda que nem sempre na nuclear”, explica a diretora técnica, Soraia Lopes. Noutros casos, o projeto tem de passar pela adoção. “Para a grande maioria há esta reunificação familiar”. As vagas (cuja gestão é da Segurança Social) estão praticamente sempre preenchidas. A maioria dos utentes é do distrito.
O C.A.T. é uma casa que funciona 24 horas por dia, 365 dias por ano. A equipa educativa tem 12 pessoas e a equipa técnica três (a diretora técnica, a assistente social e uma psicóloga, que está a meio-tempo no CAT e a meio-tempo no LIJ).
“Nós tentamos sempre que as nossas crianças tenham uma vida dita normal, com experiências, vivências e atividades”, refere a diretora técnica. Durante as férias há idas à praia e piscina, cinema, passeios, entre outras. “Têm que ter uma vida normal e dentro das suas necessidades e interesses, o que nos dá mais trabalho, mas é assim que temos de trabalhar, porque não são todos iguais”, frisa.
Quando atingem os 18 anos podem escolher se querem manter-se no C.A.T. enquanto estudarem, e até aos 25 anos. Atualmente há jovens da Santa Casa na universidade. “Mantemos sempre as portas abertas e há muitos que continuam a vir cá, temos surpresas agradáveis, é muito gratificante”, conta. “Nem sempre conseguimos levá-los a bom porto, mas tentamos.”
Uma das principais dificuldades que sentem é que, tendo em conta que os utentes obviamente não pagam esta resposta e o que a instituição recebe da Segurança Social “não cobre as despesas”, a resposta é deficitária. “Não é uma valência para dar lucro, mas não pode dar este défice”, nota. “No ano passado, só no CAT tivemos um défice anual para a Santa Casa de cerca de 80 mil euros”, esclarece, contando que estão “em negociações com a SS, isto tem que ser alterado, caso contrário estas casas vão fechar e as crianças precisam”. Algo que nesta equação ajuda é a abertura e o apoio da comunidade, com exemplos de coletividades (como o Caldas Sport Clube e Os Pimpões e outros serviços) que permitem a prática de atividade desportiva às crianças e jovens sem custos e também de beneméritos que proporcionam atividades e oferecem bens.
As questões da Saúde Mental, cuja incidência de distúrbios se tem vindo a sentir cada vez mais, é outra preocupação, assim como a garantia do acesso a todos os cuidados de saúde.
O Centro de Acolhimento Temporário celebra em 2023 os seus 25 anos de existência, mas já há 75 anos que a SCMCR presta este serviço, então com o Internato Feminino. ■

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