Em 2026 o FOLIO vai “Para além da Pele”, de 8 a 18 de outubro

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O Coro da Achada atuou na sessão de encerramento da 10º edição do festival

Organização estima que 100 mil pessoas passaram pelo festival, que terminou no domingo a sua 10ª edição

A temática, anunciada no último dia da edição deste ano é inspirada na filósofa Sílvia Federici e permite articular corpo, território, cuidado, ecologia e memória num mesmo gesto. ““Para além da pele” convida-nos a olhar não apenas para o corpo, mas para tudo o que o corpo precisa para viver — a terra, a água, o ar, o comum”, referiu o presidente da Câmara, Filipe Daniel, na sessão de encerramento, justificando que, “para além da pele, começa o corpo do mundo”.

Referindo-se à edição deste ano, sob o tema “Fronteira”, considerou-a “memorável, plena de significado”. “Foram onze dias de intensa partilha, em que a literatura cruzou línguas, continentes e sensibilidades”, concretizou, referindo-se ao festival, que terminou no passado domingo e que integrou mais de 400 iniciativas.

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Para assinalar esta 10ª edição foi criado um livro e marcaram presença dois prémios Nobel da Literatura, a bielorrussa Svetlana Alexievich e o sul-africano J. M. Coetzee. Também o laureado deste ano, László Krasznahorkai, ainda esteve em Óbidos, mas não participou na mesa para a qual foi convidado por “motivos de saúde”.

Caracterizando o festival como um “projeto de pessoas e de comunidade”, Filipe Daniel destacou a participação das Escolas de Óbidos e das freguesias, que também dinamizaram iniciativas.

Também Pedro Rodrigues, administrador da Óbidos Criativa se referiu aos 11 dias de festival, com centenas de iniciativas, autores e artistas, como um “grande sucesso”. Citou László Krasznahorkai, que numa entrevista recente falava que a leitura nos dá “mais poder” para sobreviver nestes tempos difíceis, e defendeu que numa época de “distrações”, em que as pessoas se agarram ao “consumismo, ao materialismo, ao fútil, ao supérfluo”, “é preciso parar para pensar”, e plataformas que permitam disseminar “o mais profundo de nós, de desconstruir fronteiras, debater opiniões”. E considera que o FOLIO “abre as portas”, que “não é, nem quer ser, um evento restrito, elitista”. É feito por todos, nas mais diversas formas, e para todos”, concretizou.

Surpreendida como “cada ano consegue sempre superar o anterior”, Joana Pinho, responsável pela Ler Devagar, coorganizadora do FOLIO, destacou que, nestes 11 dias de festival foi possível ver como a “literatura conecta pessoas, atravessa fronteiras e cria espaços para pensar e sentir juntos”. Mas considera que nada teria sido possível sem “tantas mãos e corações generosos que trabalham silenciosamente nos bastidores”, destacando as várias equipas que permitiram que o festival aconteça e deixando um agradecimento também às livrarias, que são o “coração” deste festival.

Eduarda Marques, vice-presidente da Fundação Inatel, lembrou que esta parceria com o município e a Ler Devagar dura há oito anos e que, durante este tempo, “muitos caminhos têm sido abertos por todos os que aqui passaram e deixaram a sua marca”. Este ano, o palco Inatel acolheu seis concertos aos quais se juntaram dois momentos musicais na Boémia, protagonizados por associados coletivos da Fundação Inatel. O palco recebeu também “artistas emergentes e de raiz, divulgadores de tradições renovadas, que trouxeram ao público propostas autênticas e inovadoras e estamos felizes com o resultado”, disse, fazendo um balanço “francamente positivo” desta edição, que encerrou ao som do projeto “Extravagante”, que juntou em palco a Banda Filarmónica Obidense e Uxu Kalhus.

Momentos antes, e a abrir a cerimónia de encerramento, o Coro da Achada começou por entoar o Cânone das Fronteiras, numa alusão à temática deste ano do festival. Seguiu-se Liberdade, uma canção com letra de Bocage e ainda uma terceira, com versos do poeta e ensaísta Mário Dionísio. considerado o teórico mais importante do Neorrealismo. O coro, dirigido por Pedro Rodrigues, nasceu em 2009 na Casa da Achada – Centro Mário Dionísio e canta canções de luta e de liberdade de diferentes épocas e em línguas várias, para além de criações novas, regressaria ainda para um encore, interpretando Mãos, um poema de Regina de Guimarães.

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