Editorial – O CLN é a continuação do Impulso?

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Depois do festival Impulso, que pôs as Caldas da Rainha no mapa dos eventos culturais nacionais com 40 concertos em três dias, seguiu-se, logo no fim-de-semana seguinte, o Caldas Late Night (CLN).
Ambos os eventos trouxeram um grande dinamismo à cidade, à qual afluíram centenas de jovens, grande parte vindos de outras regiões do país.
No CLN isso foi particularmente visível. O evento, criado há 23 anos por alunos da ESAD, pareceu ressuscitar, após uma fase menos boa, com mais casas abertas e um programa mais ambicioso.
Mas aquilo que é a sua essência – as exposições, instalações, performances e outras iniciativas artísticas – parece ter ficado submergido pelo programa musical, fazendo com o que o CLN parecesse uma continuação do Impulso.
Alguns grupos de jovens que se viam nas ruas, transportando sacos com garrafas, não pareciam ter outro interesse que embebedar-se e ir aos concertos, naquilo que poderia ser uma espécie de “queima das fitas” caldense. Por outro lado, apesar de terem sido anunciadas 50 casas para visitar, algumas só abriram um dia, reduzindo-se assim a oferta daquilo que deveria ser a âncora do CLN. Por exemplo, no sábado, às 23h00, já havia poucas casas abertas. O apelo dos concertos falou mais alto e muitos fecharam as portas cedo para integrarem os eventos musicais.
O programa musical no CLN deveria ser um complemento e não o principal objectivo deste evento cultural e artístico. O “ver casas” deveria ser a primeira motivação dos visitantes e não os concertos.
O CLN terá, em próximas edições, de reaprender a interagir mais com a cidade, com a apresentação de mais arte pública, e conseguir um melhor (e difícil) equilíbrio entre a oferta artístico-cultural e os concertos musicais.

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