Editorial – Escola Bordalo Pinheiro e a Gazeta das Caldas

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Um suplemento dedicado à Escola Rafael Bordalo Pinheiro
Um suplemento dedicado à Escola Rafael Bordalo Pinheiro

A actual Escola Secundária Rafael Bordalo Pinheiro, antes Industrial e Comercial das Caldas da Rainha, comemora meio século do edifício onde está instalada, momento alto da sua história quando as mais altas autoridades do regime de então lhe prestaram a devida homenagem pelo papel que teve no ensino nesta região.
Gazeta das Caldas, que durante toda a sua vida cultivou sempre uma relação amiga e próxima com a Escola e com muitos professores, não podia ficar indiferente a esta data e a esta comemoração
Concretamente, quem dirige hoje e desde há precisamente quatro décadas este jornal, como outros colaboradores desde a sua fundação, tiveram ligações como alunos ou professores com aquela que foi durante muitos anos e desde o último quarto do século XIX um dos principais centros de transmissão do saber da cidade e da região.
Por aquela escola, ao longo dos últimos 140 anos, passaram figuras proeminentes local e nacionalmente, nos vários campos do saber, da arte, da cultura e da actividade empresarial, tendo no seu início tido o privilégio de ter estado sob a égide de Rafael Bordalo Pinheiro que veio para as Caldas da Rainha criar uma fábrica de cerâmica.
Nomear alguns nomes corria o perigo de esquecer muitos outros que tiveram papéis muito importantes na história da escola, mas, por razões de conhecimento pessoal e de amizade muito profunda não podemos esquecer o papel desempenhado por Leonel Sotto Mayor, o director na altura da inauguração (e que viria a falecer repentinamente dois anos depois) que dedicou uma boa parte da sua vida aquele projecto.
Recordamos quanta alegria e satisfação foi vivida por ele, pelos professores, pelos alunos, pelos funcionários e pela população da cidade e da região, quando foi concretizada a Escola em modernas e imponentes instalações para a época. Quem, como nós, viveu os três últimos anos no edifício que albergava a Escola velha e onde hoje funciona a administração e os serviços administrativos do CHO, tem consciência das dificuldades em estudar num espaço insignificante repartido por vários edifícios velhos e alguns em quase ruína, com uma população estudantil de mais de mil jovens alunos que vinham diariamente desde Torres Vedras e Alcoentre até Alcobaça, Nazaré e Pataias.
A mudança foi vivida com grande regozijo e a vinda às Caldas das mais marcantes autoridades políticas do regime assinalou a importância do acto, a que se associaram milhares de pessoas de toda a região que rodearam o novo edifício e depois alegremente o visitaram.
Nas várias salas estavam patentes exposições dos imensos trabalhos realizados pelos alunos mostrando os conhecimentos e as competências que ali recebiam nas mais variadas áreas. Apesar da especificidade do regime e do seu carácter autoritário, sendo os seus dirigentes nomeados desde que tivessem obediência ao mesmo ideário, a escola tinha, no entanto, uma abertura grande a pessoas que professavam outras ideias. Entre os seus professores contavam-se algumas figuras que não eram afectas ao regime e isso nunca causou problema de monta e enriqueceu bem a qualidade do ensino e das actividades culturais que se realizavam.
Cinquenta anos depois temos consciência que aquele edifício que foi um baluarte do ensino em Portugal naquela época, bem como quase  um século e meio depois da sua criação, que aquela escola desempenhou um papel marcante de que são testemunho muitos professores, alunos e empregados, que a frequentaram.
Gazeta das Caldas também lhe presta esta homenagem, especialmente a todos aqueles que constituem um registo muito definido da sua história e hoje se reconhecem no nome da Escola Industrial e Comercial e da Secundária Rafael Bordalo Pinheiro.

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