Com a aproximação rápida e inexorável à segunda década do Séc. XXI, e com a tendência recente para a emergência dos populismos e dos nacionalismos, a Humanidade vai confrontar-se com novos desafios e problemas.
A crise dos sistemas democráticos tem sido nos tempos recentes uma situação inesperada, pois não era expectável que tal acontecesse com o desenvolvimento tecnológico e científico bem como com a quedas dos muros e das fronteiras. Contudo verificou-se precisamente isso. Para tal contribuíram, e em muito, as inovações decorrentes da generalização da internet e da afirmação total da sociedade da informação e do conhecimento, em que se esperaria coisas boas, mas teve como reverso a subversão da utilização dessas mesmas tecnologias através das redes sociais, que permitiram a sua manipulação e mesmo a alteração do curso de muitos acontecimentos nos grandes países.
E neste confronto e com esta simplificação das coisas, como a proliferação dos rumores e das falsas notícias, que a imprensa e os restantes medias credíveis foram os mais atingidos, vive-se neste momento em Portugal, como em todo o mundo, um momento de grande incerteza.
No nosso país já se começa, mas tarde, a equacionar o problema, mas com a lentidão na reacção dos meios públicos bem como da opinião pública, dificilmente a crise poupará grande número de meios, podendo considerar-se que estamos num momento decisivo que marcará a próxima década e o futuro.
Não queremos ser pessimistas, num tempo em que a ciência e a tecnologia apresentam novos instrumentos e processos que poderão melhorar a nossa vida, mas simultaneamente existem nuvens negras, com origem nas massas crédulas de verdades duvidosas, que podem por em causa a paz possível que conseguimos atingir neste século.
Provavelmente a felicidade desejada por todos, cada vez mais inatingível, terá de ser repensada à luz dos recursos disponíveis e viáveis, não do maximalismo de que tudo é possível exigir.
Viver melhor pode significar viver com menos coisas, seleccionadas qualitativamente, em que o prazer não seja do muito mas sim da diferença e da genuinidade.
A imprensa livre e interventiva, como as artes e as indústrias criativas, podem ajudar a encontrar a solução. Mas para isso é preciso que a grande maioria das pessoas tenha essa consciência e seja exigente na procura desses desígnios.
A geração milenial, ou seja, dos que nasceram já neste 3º milénio com as tecnologias globais já ao seu dispor (e que vai começar a atingir sucessivamente a maioridade) tem que saber ler e compreender estes futuros possíveis e desejáveis, e ser mais exigente com o que se lhe vai colocar. Mas todas as restantes gerações não podem ficar indiferentes a estas questões.
Um Ano Novo de 2019 enriquecedor e produtivo, em todos os sentidos, para todos os leitores, assinantes, anunciantes e colaboradores da Gazeta das Caldas.






























