19 O especialista foi convidado pelo Rotary Club das Caldas, no passado dia 12, para falar sobre a temática da Paz e deixou o aviso para a necessidade de mais tolerância, diálogo e o reforço dos poderes reguladores das entidades internacionais, para que, em última instância, a espécie humana não corra o risco de extinção.
Os Estados Unidos são alvo de um ataque nuclear e a cidade do Kansas, por estar perto de uma base militar, é praticamente toda destruída. Com o passar do tempo os recursos acabam e a fome grassa, os poucos sobreviventes contraem doenças devido à exposição à radiação. A história passa-se no filme “Day After”, de 1983, e o psicólogo social António da Silva Mendes considera que esta é elucidativa do que pode acontecer num futuro próximo, se não se começar a sensibilizar para a paz.
Na palestra que proferiu, chamou a atenção para o potencial atómico existente actualmente e que permite destruir o mundo num curto espaço de tempo. Por outro lado, destacou que contra a violência da guerra, do terrorismo e da criminalidade, recorre-se cada vez mais à segurança. “Os políticos e governantes, em nome da segurança, impõem muitas vezes um poder autocrático sobre as pessoas, olvidando as transformações políticas, económicas e sociais mais adequadas”, disse.
De acordo com António da Silva Mendes, o homem nasce humano, mas não humanizado, o que deve ser feito através da educação e da formação. “É preciso estudar os conflitos e aprender a geri-los dando primazia à paz sobre a violência”, defendeu, considerando urgente a diplomacia e o diálogo inter-religioso.
Na sua intervenção, o docente universitário salientou que também fora das religiões há “vozes que clamam no deserto” pela construção da paz, dando os exemplos de John Lenon, Gandhi, Luther King e Dalai Lama. Reportando-se aos meios de comunicação social, entende que estes devem deixar de ser “alimentadores dos conflitos e fomentadores de uma cultura de guerra, para tornarem-se agentes de paz”.
António da Silva Mendes entende que é preciso reforçar os poderes reguladores das instâncias internacionais multilaterais consagradas na carta das Nações Unidas e que as escolas e os centros de investigação devem estudar e trabalhar nas respostas mais adequadas à prevenção dos conflitos e fomento de uma cultura de Paz.
O especialista, com investigação feita na área da Sociologia da Família e da Educação, considera que a paz constrói-se a partir de casa e que a educação para a tolerância deverá ser a primeira preocupação dos pais. “Estamos a criar uma sociedade altamente competitiva em que as crianças são pressionadas para só terem boas notas e, de qualquer maneira, ocuparem os bons lugares”, disse, realçando que essas expectativas geram frustração, que está a levar a elevados níveis de depressão e tentativas de suicídio. António da Silva Mendes lembra que Charles Darwin, com a sua teoria da Evolução, mostra que as espécies que venceram não foram as mais competitivas, mas as que cooperaram mais e conseguiram adaptar-se. “Os que foram competitivos mataram-se uns aos outros e nós corremos esse risco”, disse, acrescentando que o homem preocupa-se muito com a extinção de espécies animais, mas que esquece-se que poderá ser a dele a extinguir-se.






























