Hunter Halder, o norte-americano a viver em Portugal há 20 anos e que em 2011 criou a Re-food, esteve nas Caldas no passado dia 6 de Fevereiro para falar sobre este projecto, que consiste em resgatar as sobras alimentares para dar a quem precisa.
O convite partiu do núcleo caldense da Re-food, que está em formação e que se prepara agora para realizar a reunião de sementeira – o nome dado ao encontro com toda a comunidade para dar a conhecer o projecto e encontrar possíveis voluntários.
Fazer de Lisboa a primeira cidade do mundo sem desperdício alimentar e sem fome era a ideia de Hunter Halder. No entanto, para que esse sonho fosse uma realidade, era preciso que todas as freguesias quisessem participar e não se podia obrigar ninguém, o que seria muito difícil de acontecer.
“Percebemos então que a nossa missão não era geográfica, mas sim demográfica”, explica Hunter Halder, destacando que o foco passou a estar nas pessoas e no seu empenho para ajudar.
O primeiro núcleo foi criado na Freguesia de Nossa Senhora de Fátima, em Lisboa, e actualmente já existem 10 núcleos em funcionamento, um dos quais no Porto e o mais recente em Algoz-Tunes (Algarve).
Todos os outros encontram-se concentrados em Lisboa e freguesias limítrofes da capital. Estão também a surgir muitos núcleos por todo o país, como o de Braga, de Alcobaça (que será inaugurado a 7 de Março), Covilhã, Cascais, Parque das Nações, Belém, Misericórdia, Alcântara, Santa Clara e Alvalade, estes em Lisboa.
“Há também cerca de 30 equipas em processo de formação e outras a começar, como é o caso das Caldas da Rainha”, disse Hunter Halder à Gazeta das Caldas.
A vontade de combater o desperdício era grande, mas as incertezas quanto ao futuro do projecto também. Se, por um lado, Hunter Halder acreditava nas suas potencialidades e que este se poderia tornar universal, por outro temia que fosse visto apenas como um “estrangeiro maluco” a andar na rua de bicicleta ao fim do dia. “Acaba por ser as duas coisas”, brinca.
Surgiu do filho Christopher Halder, co-fundador, o nome do projeto e o apoio para a sua concretização. O primeiro núcleo criado – o de Nossa Senhora de Fátima, em Lisboa – tem actualmente cerca de 300 voluntários e praticamente o mesmo número de beneficiários diários. Como parceiros têm cerca de 80 restaurantes, assim como alguns supermercados, que lhes fornecem os bens alimentares.
Ao todo, nos 10 núcleos, existem mais de 2000 voluntários e mais de um milhar de famílias beneficiadas.
Hunter Halder crê que foi a crise que o incentivou a pensar no projecto, mas considera que este é sempre válido, pois haverá sempre pessoas a precisar ao mesmo tempo que há desperdício alimentar. “A comida é preciosa e é imoral deitar fora boa comida quando há pessoas que têm fome”, realça.
Agora o americano já não tem tempo para andar a fazer recolha, mas tem “saudades desses dias”. O seu trabalho passa por reuniões por todo o país, como a que decorreu nas Caldas para explicar o projeto e ajudar na criação dos núcleos.
Neste encontro estiveram também presentes vários elementos do núcleo de Alcobaça, que será inaugurado na tarde de 7 de Março, e que conta com 160 voluntários. Este núcleo tem já a funcionar um projecto-piloto de um mini re-food no centro escolar, em que fizeram uma casinha de madeira e dentro colocam, diariamente, fruta e sandes com queijo e fiambre. Depois, as crianças vão buscar para o lanche e outras, que levam lanche que não comem, também o colocam lá para que possa ser consumido por outro colega.
A equipa das Caldas começa agora a preparar a sua reunião de sementeira, onde será feita a apresentação do projecto à comunidade.






























