
As atividades do Bom Dia Cerâmica concentraram-se no Centro de Artes, com exposição, feira e workshops
Maria Adélia Martins, de 76 anos, faz verguinha desde os 12. No passado sábado dinamizou um workshop na sala do serviço educativo do Centro de Artes, onde ensinou a jovens esta técnica que é tradicional das Caldas. “Neste momento não há mais ninguém a fazer verguinha, daí eu propor-me a colaborar para ver se alguns jovens se interessam por esta técnica”, salientou a ceramista que também dá aulas na Universidade Sénior. O workshop, inserido no Bom Dia Cerâmica e que decorreu na tarde de sábado, teve ainda outra novidade, a de contar com dois homens entre os participantes. “É uma arte muito associada às mulheres porque era feita em casa e depois é que seguia para as fábricas de cerâmica”, lembra Maria Adélia Martins, satisfeita com a curiosidade que a ação despertou. Entre os participantes houve alguns que se aventuraram na criação de peças mais modernas, facto que também agradou particularmente à formadora. “Era interessante que pudessem surgir novas ideias e formas de trabalhar a verguinha, que resultem em peças de decoração”, sugere, dando como exemplo criações de candeeiros ou mesmo de um presépio moderno usando a técnica da verguinha.
No espaço exterior do Centro de Artes esteve patente, durante o fim-de-semana, a Feira do Marroxo. Organizada pela ADOC (Associação de Design, Ofícios e Cultura), esta feira de autor já vai na sua quinta edição, mas saiu pela primeira vez da sede da associação, nos Silos. “Decidimos experimentar um formato diferente e propusemos ao Centro de Artes trazer o Marroxo para este espaço e aliar ao Bom Dia Cerâmica!”, explica a designer Eneida Tavares, da associação ADOC. O Marroxo, que quer dizer aquilo que sobra, que é posto de lado ou que não é escolhido, geralmente peças de segunda, apresentou nesta edição outra novidade: peças de cerâmica contemporânea de primeira escolha. Dispostos por várias bancas estavam trabalhos em cerâmica de 16 ceramistas e designers, a grande maioria residente e a trabalhar nas Caldas, mas também de autores que estão em Lisboa.
Eneida Tavares destacou o facto do evento estar incluído no Bom Dia Cerâmica!, realçando que devem ser dinamizadas o máximo de iniciativas para divulgar o que é feito e também para que as pessoas possam tirar proveito desse trabalho. “É colocar a cerâmica à disposição das pessoas”, resumiu.
Também o local em que se realizou a iniciativa mereceu elogios por parte da representante da associação ADOC, que gostaria de “voltar a casar agendas noutras situações”, com o Centro de Artes.
Para além da Feira do Marroxo, do workshop de verguinha e da oficina criativa para pais e filhos, , pôde ser vista a exposição Cerâmica Portuguesa, patente no Espaço Concas, e que reúne obras oriundas das 22 vilas e cidades que formam a Associação Portuguesa de Cidades e Vilas de Cerâmica. José Antunes, diretor do Centro de Artes, salientou a relevância da realização deste evento internacional, Bom Dia Cerâmica, também nas Caldas, uma cidade muito envolvida com a cerâmica. O responsável destacou a parceria com a ADOC, tanto pela “ligação com a cerâmica como pela importância de trabalhar em conjunto e dar corpo para que estas associações desenvolvam um trabalho cada vez mais significativo”.
O Bom Dia Cerâmica contou com realizações de norte a sul do país. Em Alcobaça houve dia aberto no Museu Raul da Bernarda, com duas exposições. No domingo houve ainda uma visita guiada a núcleos do Mosteiro de Alcobaça, orientada por Cecília Gil. No castelo de Porto de Mós está patente a exposição de cerâmica de autor “Lugares da Imaginação” do qual fazem parte obras de Ana Lousada e Carlos Neto, da Casa da Olaria, Rita Frutuoso e Rute Dias.
Este evento teve origem em Itália há uma década, onde continua a ter grande expressão, mas tem-se estendido também a outros países europeus, como é o caso de Espanha, Alemanha, Croácia, República Checa, Malta e Eslovénia.■






























