A partir da próxima semana os doentes oncológicos do hospital das Caldas que estão a receber tratamento em Torres Vedras vão poder voltar a fazê-lo na unidade caldense.

Gazeta das Caldas apurou que já está tudo a postos para que os citotóxicos destinados às Caldas passem a ser preparados em Torres Vedras e transportados para o Hospital de Dia de Oncologia caldense. Na passada segunda-feira apenas estavam em falta alguns procedimentos de certificação que a administração do CHO contava ver resolvidos entretanto.
Os tratamentos foram suspensos em Abril na sequência de uma inspecção do Infarmed que identificou “não conformidades” na preparação de citotóxicos na farmácia do hospital das Caldas, tendo mandado encerrar o serviço.
Numa carta publicada na semana passada no nosso jornal, em resposta às várias queixas de doentes e seus familiares pelo incómodo de terem de fazer as sessões de quimioterapia em Torres Vedras, o Conselho de Administração assumiu pela primeira vez que este assunto já se arrastava desde 2010, não tendo a anterior administração – liderada por Carlos Sá – realizado as obras que poderiam ter evitado esta situação.
A deliberação do Infarmed que levou à suspensão da preparação dos citotóxicos nas Caldas não foi repentina, mas sim o resultado de um processo que teve início há seis anos (em Janeiro de 2010) e durante o qual aquele organismo público foi chamando a atenção para as não conformidades existentes. Contudo, as obras nunca foram realizadas, o que levou a administradora do CHO, Filomena Cabeça, a referir na carta “que foi esta a pesada herança que o actual Conselho de Administração herdou”.

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BE CONTRA SOLUÇÃO

Os deputados do Bloco de Esquerda, Heitor de Sousa e Moisés Ferreira, num requerimento ao governo sobre este assunto, dizem que o facto dos citotóxicos virem a ser preparados em Torres Vedras e depois transportados para as Caldas garante “no imediato, um melhor serviço aos utentes, mas retira autonomia ao Hospital, sendo urgente garantir a câmara de fluxo laminar nas Caldas e acabar com as farmácias que há quase 20 anos trabalham em contentores”.
O BE questionou se o governo tem conhecimento do que se passa no Hospital das Caldas no que se refere à Oncologia e que medidas pretende implementar para resolver o problema. Esta pergunta resultou da visita feita por elementos daquele partido ao Hospital das Caldas no passado dia 30 de Maio, onde ficaram a saber os problemas que esta unidade atravessa.
Os dois deputados questionaram também a tutela sobre a quantidade de trabalhadores externos a exercer funções no hospital e qual o encargo anual que representam. Referindo-se especificamente ao serviço de urgência denunciam que cerca de 50% dos profissionais são externos ao SNS, “configurando-se muitas vezes situações de elevada precariedade”. No seu entender, a contratação de serviços externos não só eleva as despesas do SNS como degrada a qualidade dos serviços prestados, pelo que consideram fundamental reverter este processo.
Heitor de Sousa e Moisés Ferreira questionam ainda o governo se está a considerar a construção de uma nova estrutura hospitalar no Oeste.

 

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