
Os associados da Associação Nacional dos Doentes com Artrite Reumatóide (ANDAR) têm, a partir deste mês, descontos nos tratamentos que realizem no hospital das Caldas da Rainha.
A associação assinou um protocolo com o CHON, que permite que os seus associados possam fazer dois dias de tratamento gratuitos em cada 14 em que estejam nas termas.
Na cerimónia de assinatura deste protocolo, a 20 de Abril, a presidente da ANDAR, Arsisete Saraiva, sublinhou que este documento iria trazer benefícios aos associados, à semelhança de outras parcerias que têm feito com outras entidades. Por outro lado, o hospital das Caldas pode assim aumentar o número de aquistas.
A directora interina das termas, Maria da Conceição Camacho, destacou o facto de as águas deste hospital serem indicadas para o tratamento da artrite reumatóide. “Houve uma altura em que nós fazíamos internamento programado para os doentes aqui no Hospital Termal, aos quais prescrevíamos três semanas de tratamento e havia muitos doentes de artrite reumatóide que melhoravam significativamente”, contou.
Segundo a médica, os doentes até deixavam de necessitar de tomar parte da medicação após os tratamentos termais, o que acabava por ser uma poupança para o Estado e para as pessoas. Uma realidade que também a presidente da ANDAR destacou: “se o doente estiver bem, não vai ficar de baixa ou reformar-se antecipadamente”.
A presidente da associação disse ainda que “há pessoas na idade activa que se não forem bem tratados não têm condições para trabalhar e acabam por ficar com problemas psicológicos por causa disso”.Este é o segundo protocolo assinado pelo CHON e uma associação de doentes, depois da parceria com a Associação Nacional Contra a Fibromialgia e Síndrome de Fadiga Crónica.
“Temos que tirar partido da diferenciação que estas termas têm em relação a outras porque temos um hospital termal e o tratamento de doentes é um dos nossos objectivos”, referiu Carlos Sá, presidente do CHON.
Tendo em conta a características das águas termais caldenses, é nas valências da Reumatologia, da Otorrinolaringologia e da Ortopedia que estas poderão trazer maiores benefícios aos doentes, em junção com o tratamento clínico. Por isso o CHON espera vir a obter a certificação da utilização das águas termais caldenses para algumas terapêuticas na área da Reumatologia, Oncologia e doenças do foro respiratório.
A actuação destas águas termais tem uma acção analgésica, anti-inflamatória, anti-histamínica e rejuvenescedora das cartilagens articulares, sendo por isso utilizadas para o tratamento de todo o tipo de doenças reumatismais, do aparelho locomotor e do aparelho respiratório superior.
Actualmente a artrite reumatóide afecta mais de 40 mil portugueses, principalmente do sexo feminino. É uma doença que destrói progressivamente e irreversivelmente as articulações e que leva milhares de portugueses a desistirem das suas carreiras profissionais em idade activa, o que leva a graves consequências económicas e sociais.
Recentemente a presidente da ANDAR denunciou o facto do Centro Hospitalar de Póvoa do Varzim estar a recusar a terapêutica biotecnológica a doentes com artrite reumatóide, apenas por questões económicas. Na sequência desta denúncia a situação resolveu-se e o medicamento em causa foi encomendado.
Pedro Antunes
pantunes@gazetadascaldas.pt
Hospital Termal necessita de 4000 aquistas por ano para equilibrar contas
O Hospital Termal das Caldas da Rainha precisa de atingir cerca de 4000 aquistas por ano para que as suas despesas sejam cobertas pelas receitas. O número foi adiantado por Carlos Sá, presidente do Conselho de Administração do CHON, à margem da assinatura do protocolo com a ANDAR.
“O ano passado tivemos 1700 aquistas, por isso estamos a meio desse objectivo”, comentou o responsável, para quem estes protocolos com associações de doentes podem ser importantes para encontrar novos utentes. “A capacidade instalada permite atingir esses números, sem aumento significativo de encargos financeiros”, acrescentou.
Aliás, o problema financeiro das termas deve-se ao facto de estas terem capacidade instalada quase para o dobro de aquistas, o que não permite rentabilizar os recursos existentes. Por outro lado, não se podem reduzir os custos actuais sem que a qualidade do serviço fique comprometida.
Carlos Sá defende centralização dos serviços médicos
O presidente do Conselho de Administração aposta no tratamento de doentes no Hospital Termal, nomeadamente nas áreas onde estas águas têm mais efeitos.
No entanto, desde 3 de Setembro de 2011 que o CHON suspendeu as consultas de reumatologia, na sequência do pedido de exoneração da única reumatologista que estava a prestar serviço nesta unidade de saúde.
Os doentes têm sido encaminhados para o Hospital de Santa Maria e, segundo Carlos Sá, o CHON ainda está a aguardar autorização para a abertura do concurso de contratação de um novo especialista de Reumatologia.
Para o responsável também não faz sentido que um serviço de especialidade funcione apenas com um médico. “Isso não é viável, é uma ilusão para os próprios doentes”, comentou, defendendo a centralização dos serviços médicos. Carlos Sá adiantou que para ter um serviço de especialidade em condições são necessários, pelo menos, três médicos e oficialmente são necessários quatro especialistas.
Recentemente o hospital termal também esteve envolvido noutra polémica, depois de o CHON ter pedido à Câmara das Caldas ajuda financeira para o pagamento das análises bacteriológicas obrigatórias por lei. Segundo Carlos Sá, o problema foi resolvido porque a autarquia assegurou os pagamentos até ao final do ano. As duas instituições, em conjunto com a Liga dos Amigos do Centro Hospitalar, assinaram um protocolo nesse sentido, que ainda não tinha sido tornado público.
Pedro Antunes
pantunes@gazetadascaldas.pt






























