
Foram cerca de 45 mil os visitantes que passaram pelo Mosteiro de Alcobaça entre os dias 17 e 20 de Novembro para se deliciarem com os doces e licores conventuais. O número apontado pela organização vem confirmar as expectativas da Câmara de Alcobaça, que queria ver aumentar o número de visitantes registados nas edições anteriores, e prova que o evento é de facto uma referência nacional, atraindo pessoas de todo o país e muitos dos turistas que por estes dias passeiam pela região.
O presidente da autarquia, Paulo Inácio, não hesita em considerar que este é “um evento que nos honra e afirma no contexto nacional”. E a mostra deste ano – com 37 expositores, três dos quais vindos de Espanha, França e Bélgica – deu resposta a “uma responsabilidade suplementar que foi sermos reconhecido pela Bolsa de Turismo de Lisboa como evento de excelência no contexto nacional”, considera.
Já o presidente do Turismo do Oeste, António Carneiro, diz não haver dúvidas de que esta mostra leva o nome do Oeste mais longe. “Esta é uma imagem de marca para Alcobaça e este mosteiro dá origem cultural a tudo isto”. Um aspecto de extrema importância “porque hoje os turistas querem sobretudo produtos turísticos que tenham a ver com a realidade cultural dos territórios onde estão”, afirmou este responsável.
Para António Carneiro, “mais do que fazer as coisas, é necessário que elas tenham um contexto de identidade cultural” e é por isso que este evento foi candidatado pelo Turismo do Oeste aos apoios do Turismo de Portugal, tendo a entidade obtido um apoio de 25 mil euros para a mostra, que, de acordo com Paulo Inácio, presidente da Câmara de Alcobaça, ronda os 50 mil euros de orçamento. “Tomara eu que todos os eventos culturais da Câmara tivessem o retorno que este tem, não só em termos de imagem do próprio concelho, mas também em termos directos”, considerou o autarca, acrescentando que as entradas a um euro permitem, não só ter percepção do número de visitantes, mas também “assegurarem praticamente os custos deste evento”.
Obras no mosteiro fundamentais para que evento possa crescer
A animação, na sua maioria a cargo de artistas alcobacenses, e a interacção com os visitantes foram duas grandes apostas desta 13ª edição da mostra. E Paulo Inácio acredita que é possível fazer mais, ainda que existam restrições por se estar num monumento Património da Humanidade.
Mas para que isso aconteça é preciso mais espaços dentro do monumento. “Isto parece um paradoxo quando nós sabemos que o mosteiro tem uma área enorme, mas são áreas que ainda não estão tratadas e que não é possível ocupar”, lamentou o autarca, garantindo estar a lutar para que sejam feitas as obras de melhoria.
“Nós temos cinco monumentos património da Humanidade, e eu acho que é uma vergonha o estado a que chegou o Mosteiro de Alcobaça nas partes que estão devolutas. Esta vergonha tem que acabar, e isso só é possível com verba específica do QREN, com um projecto específico para o mosteiro, porque nos outros monumentos não há perigo de ruir como nós temos aqui”, afiançou.
Degradado ou não, o certo é que o Mosteiro de Alcobaça contribui em muito para o sucesso que tem sido a mostra. Muitos dos que vêm a Alcobaça por estes dias são atraídos precisamente pelo facto do evento se realizar dentro do monumento. E depois de provarem as delícias onde abundam os ovos e a amêndoa, quase todos prometem voltar.
Júri e público votaram nos melhores
Logo no primeiro dia a Mostra de Doces e Licores Conventuais foi ainda visitada por muitos autarcas dos concelhos vizinhos de Alcobaça, pela subdirectora do Instituto de Gestão do Património Arquitectónico e Arqueológico, Ana Bivar, e pela secretária de Estado do Turismo, Cecília Meireles, que se deslocou a Alcobaça para participar na Convenção do Turismo do Oeste. A governante assistiu ainda à entrega dos prémios do concurso de Melhor Doce Conventual e Melhor Licor.
A Pastelaria “A Pousadinha” (Tentúgal) arrecadou o prémio de melhor doce, com as Trouxas do Mondego. Foram ainda atribuídas as menções honrosas às alcobacenses Casinha dos Montes, com a Sopa Dourada, e Alcôa, com o doce Encharcada.
No que diz respeito aos licores, foi premiado o Licor de Singeverga do Mosteiro de Singeverga (Roriz) e foram atribuídas menções honrosas à Ginja M.S.R. de David Pinto Companhia, Lda (Alcobaça) e ao Eucaliptine Oro da Abadia Cistercense de Oseira (Espanha).
O júri desta edição do concurso contou com as chefs Filipa Vacondeus e Odete Silva, o jornalista Amílcar Malho, a vencedora do programa MasterChef, Lígia Santos, e o enólogo Miguel Móteo, entre outros nomes conhecidos.
Este ano os visitantes foram também desafiados a elegerem os seus favoritos, entre 14 doces e cinco licores. As distinções foram para os santos da casa: “Sopa Dourada” da Casinha dos Montes e Ginja MSR – David Pinto & Companhia, Lda.
O Gigo – Braga
Isabel Pereira, da pastelaria O Gigo, de Braga, garante que esta mostra já faz parte do seu programa anual. “Está agendada desde o primeiro ano”, afirma a bracarense. Apesar da crise que tem afectado o poder de compra dos portugueses, diz que “tem compensado” estar em Alcobaça todos os anos.” É uma feira com uma afluência muito grande de público e é muito importante, para nós, que apostamos na doçaria conventual, que esta feira seja um sucesso” garante Isabel Pereira, certa de que para o ano os doces d’ O Gigo estarão de volta ao Mosteiro de Alcobaça.
Quintal D. Quixote – Francisca Rasga (Évora)
“É pelo ambiente, pelas vendas e porque tem sido sempre uma feira muito boa” que o Quintal D. Quixote, Francisca Rasga, de Évora, marca presença na mostra desde a primeira edição. Quem o diz é Susana Fanica, satisfeita porque a pastelaria que representa “esgota sempre o stock antes do fim da feira”.
A distância não é problema, até porque “a Câmara de Évora ajuda no transporte”. Como grandes mais-valias da mostra alcobacense, a alentejana aponta “a promoção dos doces e o número de visitantes”.
Doces do Convento (Arouca)
“A vantagem desta mostra é que é bastante grande, com bastante público, e além de se fazer algum dinheiro há uma grande publicidade”. A opinião é de Manuel Bastos, dos Doces do Convento, de Arouca.
“A possibilidade de nos mostrarmos ao país inteiro” é outra mais-valia apontada pelo representante de uma das pastelarias presentes na mostra desde o primeiro ano. “Esta promoção tem-nos compensado, embora os nossos doces sejam já muito antigos e muito conhecidos, pois todos tiveram continuidade desde a existência no Mosteiro”, explica.
Maltesinhas – Francisca Casteleiro (Beja)
Quem também diz que fazer centenas de quilómetros para participar na Mostra de Doces Conventuais “continua, ainda, a compensar” é José Rosa, da Maltesinhas de Beja. Mas além das vendas que se fazem, o mais importante é “o tipo de certame, porque é diferente de todas as outras feiras”.
E o que torna esta mostra num evento especial? Primeiro por decorrer no interior do Mosteiro, “o que só por aí já vale a pena”, depois porque “é só de doçaria conventual e está representado o país inteiro”, diz José Rosa.































