A campanha do Banco Alimentar que se realizou no passado fim-de- semana, nos dias 31 de Maio e 1 de Junho, traduziu-se numa recolha de 55,6 toneladas de produtos alimentares nos oito concelhos do Oeste.
Caldas da Rainha foi o concelho onde a recolha foi maior, com 15,4 toneladas, seguido de Alcobaça, com 12,4, de Peniche com 7,7, e da Lourinhã, com 7,6 toneladas. Na Nazaré foram recolhidas 4,4 toneladas, no Bombarral 4 toneladas, em Óbidos 2,5 e no Cadaval 1,7 toneladas de alimentos.
A recolha incidiu sobretudo nas cerca de 60 superfícies comerciais que existem no Oeste, mas os voluntários também estiveram presentes em diversas freguesias rurais dos concelhos do Bombarral, Cadaval, Caldas da Rainha, Lourinhã e Peniche.
O resultado deste ano representa um decréscimo de 15% face à campanha de Junho de 2013. No entanto, estes valores não incluem os resultados da campanha Vale nem da campanha on-line que, de acordo com a direcção do Banco Alimentar do Oeste (BAO), vem adquirindo um peso cada vez maior nas contribuições dos particulares e que se prolongam até 8 de Junho.
“Com a crise, as pessoas têm menos possibilidades para dar, embora continuem a ser muito solidárias”, disse à Gazeta das Caldas o presidente do BAO, José Siqueira de Carvalho, no final da noite de domingo, enquanto se arrumavam os últimos alimentos na sede, nos armazéns da Refer.
Este responsável adiantou ainda que, “embora pareça que a economia está a dar os primeiros sinais de recuperação, primeiro que chegue ao bolso das pessoas vai levar algum tempo”.
Este responsável refuta que as declarações polémicas da dirigente nacional do Banco Alimentar, Isabel Jonet, possam ter tido algum impacto negativo na predisposição das pessoas para ofertar ao Banco Alimentar.
Recentemente a presidente do Banco Alimentar Contra a Fome afirmou que quem fica desempregado “fica dias e dias agarro ao Facebook, ou a jogos ou a falsos amigos que não existam”, provocando uma onda de indignação.
E no ano passado dissera que os portugueses tinham de aprender a viver mais pobres e que estes não podiam comer bifes todos os dias.
“Não tem nada a ver”, disse à Gazeta das Caldas José Siqueira, revelando que os motivos na redução de doações prendem-se com as dificuldades económicas e com o facto de terem existido muitas actividades durante este fim-de-semana que impossibilitaram muitas pessoas de irem aos supermercados, como era costume.
Relativamente aos comentários de Isabel Jonet que levantaram celeuma, José Siqueira de Carvalho diz que “a forma de o dizer pode não ser a politicamente correcta, mas a sua posição é verdadeira”.
Esta campanha ficou também marcada por uma “significativa” diminuição de voluntários devido às várias actividades que decorreram durante o fim-de-semana, nomeadamente as relacionadas com o Dia Mundial da Criança, no domingo. Ao todo participaram cerca de mil voluntários quando costumam ser cerca de 1500.
Os produtos alimentares agora doados serão distribuídos, através das 63 instituições de solidariedade social com as quais o BAO tem acordo, a cerca de 11 mil pessoas comprovadamente carenciadas, sob a forma de cabazes ou de refeições confeccionadas.
De acordo com José Siqueira de Carvalho, só o ano passado tiveram um aumento de 500 pessoas a pedir ajuda.
“Felizmente para nós que esta recolha representa apenas 25% do que distribuímos ao longo do ano”, disse, acrescentando que os restantes 75% traduzem-se nos excedentes alimentares que são recolhidos junto dos produtores, comerciantes e doações feitas por empresas do ramo alimentar.
Em 2013, apesar de recolher menos 28 toneladas de alimentos nas campanhas, o BAO conseguiu aumentar em 5% a recolha total do ano. “Fizemos 15 mil quilómetros para recolher, essencialmente fruta, hortícolas, mas também produtos das grandes centrais de distribuição, que têm sempre bastantes excedentes”, explicou o responsável, acrescentando que têm sempre uma grande quantidade de frescos para distribuir pelas instituições para as famílias carenciadas.
José Siqueira de Carvalho disse ainda que os voluntários vão diariamente aos supermercados das Caldas e de Óbidos buscar os excedentes que não são vendáveis, embora estejam em boas condições, para fazer face às necessidades. “Vão sendo sempre mais a precisar e não queremos descer abaixo de um certo donativo por pessoa, o que obriga a um maior trabalho da nossa parte”, concluiu.
Fátima Ferreira
fferreira@gazetadascaldas.pt






























