Dias da Doca animaram a cidade com conversas, exposições e residências. Iniciativas prosseguem esta semana
Os seis designers Ana Rita António, Carlos Mestre, Francisca Branco, Lia Marques, Margarida Martins, Sofia Venâncio juntaram-se à mestre artesã Maria Adélia Martins, para aprender a fazer verguinha. No dia 20 de novembro, Gazeta das Caldas encontrou-os na sede da Design, Ofícios e Cultura (ADOC), nos Silos, em plena sessão de trabalho, de aprendizagem dos processos desta ancestral técnica de cerâmica, bem como no desenvolvimento de novas propostas. Designers e ceramista caldense estão juntos em residência artística até sexta-feira, 25 de novembro. A ceramista de 78 anos disse estar “agradavelmente surpreendida, pois todos já têm experiência na cerâmica e espero que não deixem morrer esta técnica tão antiga!”. Palavras de Maria Adélia Martins, que aprendeu a fazer verguinha aos 12.

“Neste momento não conheço mais ninguém a dedicar-se a esta arte”, disse a ceramista que também ensina na Universidade Sénior. Diz que para se fazer verguinha é preciso “algum jeito, paciência e persistência” e requer-se também alguma inovação, nas formas e até nos vidrados. E até sugere aos artistas que experimentem trabalhos em verguinha de parede ou mesmo de iluminação. Carlos Mestre foi um dos autores participantes que estava satisfeito em aprender esta técnica de cerâmica, típica das Caldas. “Acho que vou fazer mais objetos com esta técnica e unindo à iluminação”, afirmou.
Por seu lado, Lia Marques estudou Design em Inglaterra e trabalha em Lisboa. Já conhecia a verguinha “mas aqui estou a aprender de uma forma mais técnica”, referiu a designer que vem pontualmente às Caldas.

Para Eneida Tavares, da organização dos Dias da Doca, a ideia de realizar esta residência está relacionada com o facto da técnica da verguinha “merecer alguma atenção, valorização e até alguma inovação”.
O primeiro fim de semana decorreu com grande êxito, quer na feira do marroxo, nas conversas e na oficina para crianças que foi uma estreia, plena de sucesso e dedicada à construção de brinquedos.
Esta é a segunda edição da iniciativa que reúne conversas, exposição, residência criativa, oficinas e Feira de Autor.
Os Dias da Doca incluíram também uma conversa sobre Design e Ofícios, que teve como convidados Álbio Nascimento, João Coelho e Rosa Pomar e que no dia 17 de novembro debateram qual é o espaço do design e do artesanato nos novos produtos que cruzam os dois mundos.
O circuito de visita Ateliers Abertos voltou a mostrar o que se faz nas Caldas na área dos ofícios criativos, abriu à comunidade 14 espaços e que contaram com grande adesão do público.
A 16 de novembro foi ainda inaugurada “A pequena exposição” que tem curadoria de Francisca Branco. A designer contou que coleciona miniaturas e logo surgiu a possibilidade de se criar um espaço que pudesse acolher as minis obras. Miguel Vieira Baptista desenhou o espaço, uma espécie de museu com várias áreas que recebem 52 objetos de pequena escala de 25 colecionadores.

Alguns são autores das pequeníssimas peças de cerâmica, metal ou de vime reunidas em três salas deste museu “que poderá vir a crescer futuramente”, disse Francisca Branco, acrescentando que este micro-museu “poderá passar a ter um auditório ou uma black box e passar a ser uma espécie de micro fundação”. Há palitos trabalhados que parecem espadas, ferramentas de trabalho, moldes e aparas de cerâmica que merecem uma visita atenta.
Hoje quinta-feira, 23 de novembro, no Armazém Zero haverá um desfile de peças de vestuário de vários ateliers da cidade, desafiados pela ADOC. Esta edição contou com o apoio da DGArtes, autarquia, CENCAL e parceiros locais. A programação poderá ser consultada em @doc.associacao. ■































