O médico Daniel Soares foi orador de uma palestra para professores sobre autismo. A sessão decorreu a 15 de outubro no pequeno auditório do CCC
Uma perturbação do espectro do autismo (PEA) “é algo que é diferente, que assusta e que complica, mas que pode ser simplificado”, começou por explicar Daniel Soares, médico pediatra no hospital das Caldas. “O termo autismo assusta, é uma coisa pesada”, reconheceu o clínico, fazendo notar, ainda assim, que esse receio se deve ao facto de inicialmente ser apenas conotado com os casos mais graves.
Daniel Soares realça que “a fronteira entre o normal e o patológico é muito ténue” e que “todos temos comportamentos autistas”. O médico explicou que não existem terapêuticas curativas e que a abordagem tem de ser individualizada, revelando, ainda, que as crianças com perturbação do espectro do autismo têm o risco de sofrer de ansiedade e depressão.
O pediatra realçou que esta perturbação “é um diagnóstico, não é uma prateleira” e, como diagnóstico que é, deve ser feito o quanto antes, para permitir uma intervenção o mais precoce possível. Outra desmistificação reside na origem: é que não foi encontrada correlação entre a qualidade da relação mãe-bebé, a educação, o estatuto socio-económico, intolerâncias alimentares, vacinas ou o consumo de álcool ou tabaco com o aparecimento desta perturbação.
Quando ouve dizer que existe uma epidemia autista, Daniel Soares discorda.
“Talvez haja uma epidemia da sintomatologia”, nomeadamente, a falta de comunicação e sociabilização, algo que considera que poderá estar relacionado com as horas que as crianças passam agarradas aos meios tecnológicos.
“Uma criança com autismo não nos ignora, está à espera que entremos no seu mundo”, explicou o pediatra, desmistificando a ideia de que as crianças não querem ter amigos, ou que não podem ter relações amorosas. “Claro que podem! Não sabem demonstrar, mas têm afeto”, esclareceu.
A responder às questões do público, o médico disse, ainda, que a escola deve sempre ouvir a família, procurar saber as necessidades e as expetativas.
A sessão decorreu na tarde de 15 de outubro no pequeno auditório do CCC e destinava-se a professores, sendo promovida pelo gabinete de psicologia da União de Freguesias de Nossa Senhora do Pópulo, Coto e São Gregório e pelo Centro de Formação Para Professores Centro Oeste (CEFAE).
O presidente da União de Freguesias, Vítor Marques, fez notar que esta palestra encerra o ciclo de cinco sessões que foi promovido pelo gabinete de psicologia e alertou que “só o conhecimento não chega e agora é preciso trabalhar nas condições que existem.































