Desafios da Pediatria juntou mais de 200 profissionais no CCC

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A diretora do Serviço de Pediatria do Hospital das Caldas, Luísa Preto, na intervenção de abertura

Iniciativa realiza-se anualmente, alternando entre as Caldas da Rainha e Leiria

Mais de 200 médicos e enfermeiros reuniram-se no CCC, nos dias 15 e 16 de novembro, para debater os consensos e controvérsias que se colocam na área da Pediatria, desde logo a questão da Inteligência Artificial, que foi tema para uma conferência. As XXVIII Jornadas de Pediatria de Leiria e das Caldas da Rainha, que este ano voltaram a realizar-se presencialmente, após o período de pandemia, pretendem ser um contributo para o conhecimento dos profissionais de saúde.
A presidente do Conselho de Administração do CHO, Elsa Baião, destacou, logo na sessão de abertura, a “capacidade e espírito de articulação” dos serviços de Pediatria dos centros hospitalares do Oeste e de Leiria. “Nos tempos atuais, o trabalho não pode ser exercido isoladamente em área nenhuma, muito menos na da saúde”, disse, defendendo um sistema centrado no pressuposto de que os “bons resultados são obtidos quando há parcerias entre as equipas multidisciplinares, os serviços, os utentes e as entidades da comunidade”.
Partilhando o bom exemplo das jornadas, Elsa Baião incitou a uma maior aproximação com outros níveis de cuidados que, acredita, num futuro próximo será estimulado pela reorganização dos serviços em Unidades Locais de Saúde (ULS).
A necessidade de trabalhar em rede também está relacionada com a falta de recursos. De acordo com Luísa Preto, diretora do Serviço de Pediatria do hospital das Caldas, este conta com 19 pediatras afetos ao serviço e mais três prestadores que vêm fazer algumas urgências. Um caso que não é muito comum noutros serviços, em que a percentagem de médicos que lhe estão afetos é muito menor. Para isso contribuíram as condições físicas, mas sobretudo o “espírito de equipa e ambiente de trabalho que temos”, salientou a responsável, dando nota do esforço que têm feito para se diferenciarem.
Na última década, o serviço de Pediatria do CHO das Caldas realizou 77.981 consultas, internou 9 mil crianças, sendo que 3.500 foram assistidas na neonatologia. Também atendeu em Urgência 380.963 crianças. Este serviço está em processo de acreditação pelo modelo AXA, da Direção Geral de Saúde, que certificará a sua qualidade.
Também presente na cerimónia de abertura, o presidente da Câmara das Caldas, Vítor Marques, manifestou o apoio da autarquia ao CHO e partilhou que também criaram um gabinete de saúde no município, que trabalha sobretudo na área da prevenção e promoção de hábitos de vida saudáveis.
No Orçamento para 2024 será contemplada, pela primeira vez, uma verba para apoio monetário, de mil euros, a cada nascimento no concelho. O processo de transferência de competências na área da saúde ainda não está finalizado, mas o autarca reconhece que há uma maior proximidade entre as autarquias, centros de saúde e hospital. “Não chegámos ainda a acordo [para a transferência de competências], estamos também a expetativa de ter a nossa Estratégia Municipal de Saúde apresentada ainda este ano”, explicou.
Vítor Marques continua com dúvidas relativamente à constituição e funcionamento das ULS, realçando que até à data ainda ninguém falou com o executivo a esse respeito. Questiona como estas irão funcionar a par das novas competências das autarquias e se não faria mais sentido uma unidade vertical dos centros de saúde e hospital, com uma gestão integrada de todos os meios.
Este ano, e pela primeira vez, a organização das jornadas tentou fazer a aproximação à comunidade, com a realização de um workshop, no qual não participou ninguém. “As pessoas não parecem muito interessadas”, lamentou Luísa Preto, lembrando que estas têm de ter uma participação mais ativa, para adquirirem conhecimentos e até para melhor utilizarem aquele serviço. ■

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