Depois de dois anos em que a organização foi suspensa devido à pandemia, o Festival da Codorniz regressou ao Landal para quatro dias cheios de atividades além da gastronomia
Foi com a produção de uma omelete gigante que se deu o pontapé de saída da décima edição do Festival da Codorniz no Landal, na passada quinta-feira. Depois de dois anos em que a realização deste evento não foi possível devido à pandemia de covid-19, o regresso trouxe um programa cheio de atividades ao longo de todo o fim de semana.
A última edição antes da pandemia tinha ficado marcada, precisamente, pela confeção de uma omelete com 6,90 metros. Resultado de um trabalho conjunto das associações que participam no certame, foram necessários mais de 7.500 ovos de codorniz para a confecionar. Este ano, no regresso do certame, bateram-se todos os recordes, com uma omelete com um total de 12 metros. O objetivo da Junta de Freguesia do Landal é mesmo inscrever o nome da terra no livro dos recordes do Guiness.
Metro a metro, cada associação vai juntando a sua omelete nas mesas no largo e rapidamente é necessário improvisar, dado o tamanho da omelete. Em vez de mesas corridas, este ano foi necessário criar um “L”, de Landal, com as mesas para que a omelete pudesse ser mostrada.
Depois das fotografias da praxe, com as entidades e os representantes das associações locais, a omelete gigante é fatiada e servida a quem a quiser provar.
Mas desengane-se quem pensa que a confeção da omelete é o grande desafio. O partir dos milhares de pequenos ovos de codorniz necessários para esta “obra” é o mais moroso…
O festival no Landal é uma verdadeira mostra da diversidade culinária desta pequena ave. As codornizes grelhadas e fritas são as mais tradicionais e também as mais procuradas, mas há receitas para todos os gostos.
Canja, cogumelos recheados com peitos de codorniz, croquetes, rissóis, pataniscas, pernas panadas e bolinhas de ovo de codorniz são apenas algumas. À lagareiro, à moscatel, com vinho do Porto, em bifanas ou em bitoques, a diversidade é grande. Os próprios ovos são servidos cozidos ou estrelados nas tasquinhas e, para a sobremesa, há o tradicional pão de ló, confecionado com ovos de codorniz.
Este ano a eleição do melhor prato realizou-se no segundo dia de festival, dia 3 de junho, tendo sidos eleitos os cogumelos recheados com peitos de codorniz dos veteranos do Grupo Desportivo do Landal.
Além de muita animação musical durante os quatro dias do evento (com atuações de diversos grupos, bandas e dj’s), no sábado realizou-se um torneio de futebol 11 de veteranos e na manhã de domingo um passeio de bicicletas pela freguesia e uma caminhada pela rota da codorniz com cerca de 80 participantes.
Durante a tarde do último dia de festival, 5 de junho, houve a missa do Crisma, presidida por D. Daniel Henriques, bispo auxiliar de Lisboa e seguida de uma procissão. “Temos a preocupação de estudar uma programação para satisfazer as várias faixas etárias”, salientou o presidente da Junta de Freguesia do Landal, Armando Monteiro.
Também durante a tarde de domingo houve um festival de acordeão e a atuação do Rancho Folclórico As Ceifeiras da Fanadia.
Segundo o autarca, este ano foram consumidas cerca de 20 mil codornizes em quatro dias do festival, que envolve dezenas de voluntários.
Ainda no rescaldo da décima edição, Armando Monteiro já tem os olhos postos no festival do próximo ano e gostaria que mais coletividades da freguesia se juntassem, criando assim mais uma ou duas tasquinhas. Tal seria importante para diminuir os tempos de espera e para aumentar a capacidade da oferta, uma vez que este ano “até os restaurantes fora do festival tinham filas”.
Vítor Marques, presidente da Câmara das Caldas da Rainha, elogiou e agradeceu o trabalho feito com o festival da codorniz e salientou também o papel da Escola de Hotelaria e Turismo do Oeste na inovação ao nível da confeção deste alimento saudável, rico em proteína e aminoácidos essenciais, mas pobre em gorduras, já que por cada 100 gramas consumidas, contabiliza-se 106 calorias com apenas 1,6 gramas de gordura.
O caldense José Ferreira, que todos os anos se desloca com a família ao festival da codorniz, mostrou-se muito satisfeito com o regresso da iniciativa. “Já é tradição vir ao Landal para o festival”, referiu, elogiando a realização deste evento que potencia o que distingue esta freguesia rural do concelho.
Já depois de comer “umas saborosas codornizes grelhadas numa antiga sala de aulas transformada em tasquinha”, José Ferreira aproveitou ainda para comprar pão de ló do Landal e para ver a feira no largo.
E é precisamente na feira que encontramos Artur Terra, jovem que veio do Cartaxo e que vende diferentes peças de decoração feitas à mão. “Foi o primeiro ano que vim ao festival da Codorniz do Landal e correu muito bem”, contou, explicando que foi importante, tanto ao nível da divulgação, como também das vendas. Para o próximo ano planeia regressar ao evento. ■
Depois de dois anos de ausência, Festival da Codorniz regressou em força ao Landal
O traje está definido e os estatutos estão escritos. Falta apenas a publicação em Diário da República
No final do verão “deverá estar criada a Confraria da Codorniz”, revelou à Gazeta das Caldas o presidente da Junta do Landal, Armando Monteiro.
À margem da 10ª edição do festival, o autarca explicou que os estatutos da Confraria já estão redigidos e que só falta a publicação dos mesmos em Diário da República, que deverá acontecer em setembro deste ano, para formalizar a entidade.
Definido está já também o traje a adotar pelos confrades. O estudo do traje da Confraria foi realizado por um grupo de professores da Escola Técnica e Empresarial do Oeste (ETEO), que se basearam na heráldica daquela freguesia.
Assim, o traje será composto por um fato esverdeado, com sapatos de pele e um chapéu, castanho, com duas plumas de codorniz e uma medalha dourada da freguesia.
O objetivo é que a Confraria possa vir a ser um veículo de divulgação deste produto diferenciador da freguesia, estando previstas, por exemplo, interações com outras confrarias gastronómicas do país.
Atualmente existem na freguesia do Landal cinco produtores de codorniz, sendo que o cluster já dá emprego a cerca de 30 famílias.
“É muito importante para a economia local”, resume Armando Monteiro. Mas esta história já se iniciou há quase 50 anos, mais precisamente em 1976, quando Manuel Louro Miguel, regressou das ex-colónias e se dedicou a este negócio.
Quase meio século depois a evolução é notória. Estima-se que, por semana, sejam criadas no Landal cerca de 90 mil codornizes, o que faz desta a Capital da Codorniz (com marca registada desde 2016). O Landal é atualmente responsável por cerca de 60% da produção nacional desta ave.
Atualmente já é possível degustar esta iguaria em qualquer época do ano (e não apenas durante o festival), num de dois restaurantes que as confecionam: um no Landal e outro em Santa Suzana.
Armando Monteiro revelou, ainda, que a Junta de Freguesia do Landal está a considerar a criação de duas codornizes gigantes, em acrílico, para colocar junto aos restaurantes, assinalando-os dessa forma. ■































