Dentista paramédico caldense trata populações em zonas remotas do mundo

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BryanHá um dentista nas Caldas que associa a sua actividade profissional ao gosto pela aventura e pela solidariedade para com populações que não têm acesso a cuidados médicos. Bryan Ferreira costuma viajar, pelo menos uma vez por ano, com um grupo de profissionais de saúde militares norte-americanos que viajam para zonas remotas do mundo para prestar cuidados de medicina. O dentista é também paramédico e esteve recentemente no Guatemala tratando de populações que não têm acesso a cuidados de saúde.
Bryan Ferreira, nasceu há 36 anos nos EUA, mas com apenas um ano mudou-se para as Caldas. A mãe é de Salir de Matos e o pai é da Foz do Arelho.
Aos 18 anos não sabia o que queria seguir. Inscreveu-se na Academia Militar e na Faculdade de Medicina Dentária e entrou nos dois, tendo acabado por optar pela segunda. No entanto, manteve sempre contacto com os militares, tendo chegado a dar acções de formação às forças militarizadas sobre socorrismo e como tratar ferimentos de combate.
Bryan Ferreira, que trabalha nas Caldas como dentista, fez parte do Grupo de Forcados Amadores das Caldas da Rainha, jogou râguebi e pratica tiro desportivo. Há alguns anos foi convidado a integrar a Team 5 Foundation, onde hoje é o director de Cirurgia Oral daquela Fundação norte-americana que integra médicos ligados às forças especiais, assim como alguns civis que são peritos em áreas ligadas à saúde e à sobrevivência.
A fundação dedica-se a dar apoio médico em zonas remotas onde os cuidados de saúde são inexistentes. Das suas equipas fazem parte médicos, enfermeiras pediatras, entre outros profissionais de saúde. São missões exigentes em termos físicos e é preciso estar sempre em boa forma para poder dar assistência a populações que não têm acesso à saúde.
Além de médico dentista, Bryan Ferreira é também paramédico especialista em zonas de conflito e áreas remotas, formação que obteve na Dinamarca. A sua formação médica já fez com que o caldense integrasse missões humanitárias na República Dominicana, S. Vicente e Granadinas, Croácia e Bósnia Herzgovina.
Em Novembro passado, partiu para mais uma missão, desta vez para a Guatemala. Foi uma experiência que exigiu que a equipa de médicos se tivesse deslocado a uma área onde habitam as comunidades remanescentes da cultura Maia na qual “não existe qualquer prestação de cuidados de saúde”, contou o dentista à Gazeta das Caldas.
O médico contou que a zona é inóspita, formada por pântanos e rios.  “E o que não é agua, é selva densa”, resumiu. A equipa ficou alojada numa zona central a partir da qual todos os dias partia para as suas missões humanitárias. Primeiro era preciso fazer uma viagem de uma hora de barco e depois caminhar duas horas na selva para se chegar à zona que escolhiam para montar a clínica. Nesta última missão, o centro médico da Team 5 Foundation foi instalado junto à igreja local.
O mais gratificante da missão, contou o dentista, foi “conseguirmos ver cerca de 120 pacientes por dia e executarmos vários tratamentos que facilitam, e muito, a vida as estas pessoas”.
Parte do trabalho desta equipa especial foi a de ensinar as populações desde cuidados básicos de higiene e nutrição até tratamentos em caso de traumas graves.  “Também demos algumas aulas pré-natal e doámos cerca de uma tonelada de medicamentos”, contou o caldense.
Por norma, Bryan Ferreira vê entre 30 a 40 pessoas por dia e conta que nalgumas missões “chego a extrair mais de 50 dentes”. Costuma também tratar quistos e abcessos, muitos vezes em estados avançados, o que pode constituir risco de vida.

Facadas, tiros e acidentes no Leste

Bryan2Como paramédico, Bryan Ferreira já teve missões na Croácia e na Bósnia e conta que “acabo sempre por ajudar a resolver algumas urgências relacionadas com a saúde orais, mesmo quando há poucos meios com que trabalhar”.
Nos dois países ajudou a tratar as mais diversas situações com idosos e crianças e também a estabilizar situações relacionadas com facadas, tiros e vários tipos de acidentes.
Por causa de um acidente de viação, Bryan Ferreira ajudou a estabilizar um senhor que tinha sofrido um desastre automóvel com a face fracturada em sete sítios. “Era de tal maneira que o queixo ia para dentro e o senhor mal conseguia respirar”, disse.
Os médicos não sabiam o que fazer e já estavam a pensar usar sedativos para entubarem o paciente, mas o dentista caldense sugeriu que o deixassem tentar ajudar. “Usando uma técnica antiga, pois não havia material, consegui estabilizar a mandíbula ao doente no sítio de modo a que parasse a hemorragia e que esta lhe permitisse respirar”, recordou. E assim aconteceu, tendo permitido ao acidentado ser transportado para outra localidade e, no dia seguir, fazer uma cirurgia reconstrutiva. “Foi interessante porque depois o cirurgião que o ia operar convidou-me para ajudar na cirurgia”, contou o dentista-paramédico.
Bryan Ferreira guarda um sem número de  histórias relacionadas com a ajuda humanitária por todo o mundo. E um dos aspectos que também salienta é a relação que se cria com médicos e enfermeiros de países completamente diferentes. “Alguns não falam nada de inglês, mas conseguimos comunicar na mesma e ajudar as pessoas que precisam”, disse, acrescentando que no final “há sempre um sorriso de gratificação que não há barreira linguística que trave”.
Ajudar em locais inóspitos e ser paramédico internacional são também formas de “fugir à minha rotina”, diz Bryan Ferreira, que habitualmente divide o seu tempo entre os pacientes

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