Foi com a voz da soprano caldense Rita Marques, acompanhada ao piano por Pedro Vieira de Almeida, que terminou a cerimónia comemorativa dos 95 anos da elevação das Caldas da Rainha a cidade, a 26 de agosto.
Em plena rua das Montras, num palco improvisado junto à sede da União de Freguesias das Caldas – Nossa Senhora do Pópulo, Coto e São Gregório, e com largas dezenas de pessoas a assistir, Rita Marques interpretou trechos de óperas como as Bodas de Fígaro, Romeu e Julieta, o Barbeiro de Sevilha e La Traviata.
Momentos antes, no salão nobre do edifício da Junta de Freguesia, a caldense Teresa Serrenho tinha feito o pré-lançamento do livro do irmão, André Serrenho (que se encontra no estrangeiro), interpretando três das suas crónicas.
“Acho fantástico que num dia como o de hoje se dê espaço a um caldense, ainda desconhecido, mas que as circunstâncias da vida convidaram a ir para outro país. Esta geração do meu irmão tem muitos jovens que, tal como ele, estão no exterior”, disse, pedindo aos presentes para refletir porque no momento em que eles precisaram de se fixar e arranjar trabalho, o país os convidou a sair.
“Trinta por uma linha” reúne crónicas humoristas do autor, de 30 anos, e ilustrações de Tiago Colaço, um jovem estudante de Arquitetura. A obra será apresentada no próximo dia 10 de setembro na Escola Primária da Fanadia.
Apelo à união de todos
No dia em que as Caldas assinalou 95 anos da elevação a cidade, Abílio Sabino, presidente da Assembleia de Freguesia de Nossa Senhora do Pópulo, Coto e São Gregório, destacou o ato político e administrativo da passagem de vila a cidade, “revelador da pujança da então vila, mas especial também pelo que esse facto representou na dinamização de toda a comunidade existente na prossecução de um objetivo comum”. Lembrou que hoje, tal como então, as Caldas enfrenta novos desafios nas áreas da saúde, ambiente, educação e na resposta às carências, que “exigem a união de todos, independentemente das crenças políticas, credos religiosos, ou correntes de pensamento”. Abílio Sabino acredita que só assim as Caldas se conseguirá afirmar como uma “comunidade viva e dinâmica” e apelou aos caldenses para estarem à altura do desafio.
A vereadora da Cultura, Conceição Henriques, falou sobre o significado da elevação das Caldas a cidade, em 1927, altura em existiam ainda muito poucas em Portugal. “Ser cidade revestia-se de uma dignidade muito particular”, disse, lembrando o movimento “extraordinário”, assente no pensamento, estratégia e na diferenciação, que existiu nesta povoação, na mudança do século XIX para o século XX e que produziu medidas que se repercutem até aos nossos dias. A autarca realçou ainda que a cultura não está dentro dos espaços e que as decisões do planeamento da cidade se entroncam nesse pensamento de uma cidade cultural em que se vive a cultura nas ruas.
Já o presidente da Junta, Pedro Brás, chamou a atenção para o património que a cidade tem, o seu reconhecimento como cidade criativa da Unesco e o que é preciso para ser uma verdadeira cidade. “Temos de ser nós, todos os dias, a dinamizar e dar vida à cidade”, defendeu.
Também presente na cerimónia, o presidente da Câmara, Vítor Marques, lembrou que é preciso começar a preparar as comemorações do centenário da elevação a cidade, que terão lugar em 2027. O autarca vê nas Caldas “um enorme potencial” e, embora reconheça que há muita coisa por fazer, acredita na “resiliência e capacidade dos caldenses para continuar a desenvolver esse caminho”. Referindo-se ao ano de 1927, lembrou que nessa época, tal como atualmente, as Caldas estava em festa, com a dinamização de uma feira de atividades económicas. ■
































