CTT insistem em agenciar estação de correios de Santa Catarina…

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notícias das CaldasOs CTT continuam interessados em agenciar os serviços postais que existem há mais de meio século em Santa Catarina. Contactada pela Gazeta das Caldas a empresa confirma “estar em diálogo com a Junta de Freguesia de Santa Catarina tendo em vista encontrar um parceiro para a transferência de serviços da Estação dos Correios local para um novo Posto na localidade”.
Há já vários anos que os CTT têm insistido junto dos diversos executivos que entretanto foram passando pela Junta de Freguesia para que este organismo assumisse o posto, uma proposta que a autarquia tem recusado ano após ano. Nos últimos meses a abordagem da empresa responsável pela estação tem sido mais aguerrida, com o responsável pelo agenciamento a garantir aos líderes locais que havia um privado interessado em ficar com o posto, caso a Junta de Freguesia não o quisesse assumir.

O assunto esteve em discussão na última Assembleia de Freguesia de Santa Catarina, realizada no último dia de Setembro, onde uma empresária local confirmou ter sido contactada pelos CTT para assumir o posto, e que acabou por não aceitar. Questionada pelo nosso jornal quanto à efectiva existência de um particular interessado no posto, a empresa nada diz. Mas assegura que “o Posto de Correios, a abrir em parceria com os CTT, assegurará todos os serviços postais, nomeadamente o pagamento de vales de pensões de reforma, correio registado, expedição e entrega de correspondência e encomendas, bem como de cobrança de facturas de serviços públicos, entre outros”.
Quanto às preocupações desde sempre manifestadas pela população, que teme a perda de qualidade nos serviços e o posterior encerramento, os CTT prometem que “na perspectiva da população o serviço é o mesmo, já que continua a existir um balcão dos Correios acessível, sob a responsabilidade dos CTT”. E acrescentam que a empresa continua “através das equipas operacionais no terreno, a inspeccionar e a garantir a prestação do serviço de acordo com os padrões pré-contratados”.
Nos argumentos que os CTT têm apresentado, invariavelmente, em todos os casos onde a intenção é agenciar os serviços, fica ainda a garantia de que “a transferência não implica alterações na distribuição do correio. O processo não implica despedimentos e o pessoal em serviço é colocado noutras estações”. E mais uma vez, a empresa recorre aos números para dar conta que “os Postos de Correios explorados por parceiros são uma tradição com algumas décadas nos CTT”.
De acordo com a empresa, existem actualmente 2.658 balcões, dos quais apenas 787 são estações de correios. Os restantes 1.871 são Postos de Correios, explorados quer por autarquias, quer por entidades privadas. A prioridade é dada às Juntas de Freguesia, “que são as primeiras contactadas quando há o interesse de abrir um posto”. Os CTT apontam que o protocolo assinado com a Associação Nacional de Freguesias tem tido “resultados positivos”.
Não obstante os argumentos da empresa, forças políticas locais e população estão unidas na luta pela manutenção da estação e além de garantirem que não aceitam qualquer mudança, também reivindicam melhorias nos serviços existentes. Além da moção aprovada no dia 30, está a circular um abaixo-assinado na freguesia.

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…e Valado dos Frades não desiste de lutar pela sua

Mais de uma centena de pessoas marcaram presença na assembleia popular realizada em Valado dos Frades na noite da passada sexta-feira, 7 de Outubro, contra o encerramento da estação dos CTT, bem como do agenciamento dos serviços. Um encontro do qual saiu uma moção onde população, Junta de Freguesia e comissão de utentes denunciam uma “grave violação do interesse público” e se mostram unidos numa luta que não é nova, mas na qual prometem “fazer tudo o que estiver ao seu alcance para evitar o encerramento da estação e assegurar a manutenção do seu pleno funcionamento”.
Na missiva é salientado que dos cerca de 4.000 habitantes da vila de Valado dos Frades, muitos são idosos “que recebem as suas reformas mensais através dos CTT e não detêm meios de transporte nem, muitas vezes, condições de saúde para de deslocarem à sede de concelho de forma autónoma”.
A existência na localidade de diversas instituições que regularmente recorrem aos serviços postais é outro argumento apontado para a manutenção da estação. Uma razão que ganha ainda mais força dado que ali existe ainda “um número significativo de pequenas e médias empresas, na área da produção de bens, prestação de serviços, comércio e agricultura”. Um número que deverá aumentar em breve, com a Área de Localização Empresarial.
É por isso que “a população de Valado dos Frades receia que seja intenção dos CTT, ao arrepio dos interesses do povo, encerrar a estação de correios, cedendo à exploração privada uma ‘loja’ com estatuto de posto e com a consequente redução dos serviços prestados e/ou do horário de atendimento consoante o critério de quem o gerir”. E se isto acontecesse, “o interesse público seria gravemente lesado”.
Na moção a população garante que “lutará sempre, e de forma persistente” pelo funcionamento em pleno da estação de correios local. Uma causa que diz ser “justa” e para a qual pede a intervenção do ministro da Economia e do Emprego.
Na passada quarta-feira, dia 12 de Outubro (já depois do fecho desta edição), estava previsto que um grupo alargado de habitantes de Valado dos Frades se deslocasse a Lisboa para reforçarem a sua posição. À Gazeta das Caldas o presidente da Junta de Freguesia de Valado dos Frades, José Santos, disse que esperava que a comitiva fosse recebida pelo ministro da Economia, Álvaro Santos Pereira ou, pelo menos, pelo secretário de Estado com a tutela das comunicações.
José Santos reiterou o empenho de todos na luta. “Se nós não fizermos nada é meio caminho andado para que a estação encerre mesmo. Pode ser que assim a empresa [CTT] repense as suas intenções”, referiu.
Antes da moção, tinha já sido promovido um abaixo-assinado em defesa dos serviços dos correios que juntou cerca de 1.500 assinaturas.
Já o Sindicato Nacional dos Trabalhadores dos Correios e das Telecomunicações (SNTCT), que desde o início se mantém na luta, está acampado junto às instalações até ao final da tarde de hoje, dia 14.
“Não vamos deixar entrar ninguém naquela estação a não ser a nossa colega, funcionária dos CTT”, afiançou ao nosso jornal a dirigente sindical Dina Serrenho. Lamentando a falta de informação por parte da empresa, a dirigente diz que todas as informações que vão chegando é através do “diz que disse e a indignação, que já está instalada na população, parte também daí”.

 

PCP quer saber se Governo vai pôr cobro a política de encerramentos

Depois do PS e do PSD, é agora a vez de o PCP questionar o Ministério da Economia e do Emprego quanto ao futuro da estação dos correios de Valado dos Frades. Numa missiva datada de 4 de Outubro, o deputado Bruno Dias diz ter recebido representantes das forças políticas da freguesia e da comissão de utentes, dos quais recebeu informações sobre o que diz ser um “processo de ataque e desmantelamento do serviço público postal”.
O deputado lembra que centenas de estações de correios foram encerradas em todo o país, apesar do “veemente repúdio das populações”. E a situação de Valado dos Frades, tal como acontece com outros casos, “vem colocar graves preocupações quanto à redução dos serviços prestados e à sua morosidade e quanto à perda de mecanismo de controlo de garantia da confidencialidade que tem de estar associada a este tipo de serviço”.
Bruno Dias acusa os CTT de assumirem “junto das autarquias locais uma actuação intimidatória, afirmando que a estação irá simplesmente encerrar se não houver interesse em assumir a sua gestão por parte de privados ou da Junta de Freguesia”.
Aludindo aos 34 milhões de lucros da empresa só no primeiro semestre de 2011, o deputado diz que “não se pode aceitar que se pretenda aumentar esse mesmo lucro à custa da redução de serviços a populações na sua maioria envelhecidas e de muitos baixos recursos”. E tudo “para favorecer os interesses privados que se movimentam em torno da anunciada privatização dos CTT”.
Depois de ter ouvido, em audição parlamentar, o secretário de Estado das Obras Públicas, Transportes e Comunicações e o Conselho de Administração dos CTT, Bruno Dias diz que o governo se tem alheado e desresponsabilizado do plano de encerramentos em curso, “tentando a todo o custo evitar a responsabilidade política por uma orientação que não pode ser considerada de maneira nenhuma como uma mera opção de gestão de administradores”. Por isso, quer saber quanto paga os CTT às entidades às quais tem agenciado os postos de correios e quanto vai poupar a empresa com os agenciamentos previstos para o distrito de Leiria.
A garantia e o controlo da reserva de confidencialidade nos casos de agenciamento é outra preocupação do deputado que termina a missiva questionando se “vai ou não o governo assumir a sua responsabilidade política e pôr cobro a esta estratégia de encerramento de estações de correios e agenciamentos a outras entidades do serviço público postal?”.

 

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