Crise energética não trava aposta na iluminação natalícia no Oeste

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A iluminação de Natal é uma aposta das autarquias para atrair visitantes na quadra natalícia. E este ano, apesar do galopar dos preços da energia e da inflação, os municípios procuraram manter as iluminações, ainda que com visíveis preocupações com a sustentabilidade e a poupança energética

Caldas da Rainha é o município do Oeste que mais investe na iluminação de Natal. Na cidade, destaca-se uma grande árvore de 30 metros de altura e mais de 30 mil pixels, a iluminação natalícia representa um investimento a rondar os 110 mil euros. Ainda assim, as preocupações com as questões ambientais e energéticas levaram a uma redução de 30% no consumo de energia, que é conseguida por diversos caminhos: por um lado, há menos uma semana de iluminação relativamente ao último ano e, por outro, as luzes estão ligadas durante menos uma hora diária do que acontecia (funcionando entre as 18h00 e a meia-noite). Acresce que introduziram tecnologia para otimizar a gestão energética e este ano há menos luzes (são 2,8 milhões de luzes, quando no ano passado foram 4 milhões), menos ruas da cidade com iluminação (uma extensão de 6 quilómetros) e menos rotundas. Este ano, não foram instalados os projetores nas paredes dos prédios com obras do FALU, nem o projetor gigante em cima do edifício dos Paços do Concelho, conseguindo-se, só neste caso, uma poupança de cerca de 1.4 Mega Watt de energia.
O orçamento para o programa de animação do Natal nas Caldas é superior a 200 mil euros, sendo o investimento da autarquia de 170 mil euros e o restante suportado pela associação comercial (ACCCRO) e por patrocinadores. O presidente da Câmara, Vítor Marques, reconhece o “peso significativo” que a iluminação de Natal tem e justifica-o com a importância que esta tem para a promoção e valorização do comércio e das Caldas.
“Pela importância que tem para o nosso comércio tradicional tivemos a necessidade de acender a iluminação mais cedo do que o sugerido pelo Governo, embora uma semana mais tarde do que era habitual e reduzimos um pouco o horário”, explicou o autarca à Gazeta.
“Aprecio muito a iluminação deste ano, há uma imagem muito coerente, que nos permite sentir o espírito de Natal”, diz o chefe do executivo municipal, que tem acompanhado as iluminações há, pelo menos, duas décadas, desde que fazia parte da Direção da ACCCRO, que desenvolvia essa tarefa, com recurso a lâmpadas. A Câmara realça ainda a “aposta forte” na animação, espalhando-a pela cidade e levando a locais onde não era habitual, como a Praça 5 de Outubro.

Óbidos investiu para poupar
Em Óbidos adotou-se uma estratégia diferente há quase uma década no que à iluminação de Natal diz respeito. “Composta de leds de baixa intensidade e por módulos, o que permite ter vários desenhos de luz”, a iluminação foi adquirida pela autarquia, o que reduz o investimento a cada Natal.
“Não houve, este ano, nem nos anteriores, investimento em iluminação, uma vez que já a temos”, explicou o presidente da Câmara, Filipe Daniel.
Ainda assim, é possível calcular os gastos energéticos. Quando eram iluminadas todas as muralhas e toda a Rua Direita, onde se fazia uma espécie de teto de luz, as muralhas consumiam 12 amperes (2.700 watts) e na Rua Direita o consumo era 8 amperes (1.800 watts. Este ano, apesar de ainda não ter sido possível fazer as medições, a autarquia tem a expetativa de reduzir para metade os gastos energéticos.
“Em termos de euros, em valores estimados e muito aproximados: a Rua Direita está ligada à iluminação pública e está mais horas acesa”, custando a iluminação cerca de 2,50€/dia. Já a muralha tem iluminação durante sete horas, o que representa um custo a rondar os 2 euros por dia. “Se considerarmos o número de dias que está ligada a iluminação, podemos afirmar que durante os 47 dias (desde dia 20 de novembro e até 6 de janeiro), contamos com 211,5€”, revelou. A autarquia fez “um investimento considerável no evento Óbidos Vila Natal, fruto da aposta num formato mais abrangente, mas também devido à inflação”. Segundo Filipe Daniel, o investimento “poderá ir até aos 450 mil euros”, num “evento que tem uma grande dimensão económica para o tecido empresarial do concelho e da região”. O edil realça que “Óbidos não se lembrou apenas da sustentabilidade agora” e exemplifica: “as soluções de iluminação adquiridas já há alguns anos, com leds de baixa intensidade, assim como a sua aplicação, mostram essa preocupação constante desde sempre”. E deixa a garantia de que, em Óbidos, irão continuar fazer o possível para continuar a proporcionar bons momentos, “apesar de orientações para cortes vindas do Governo Central”.

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As iluminações pelo Oeste
Alcobaça investiu este ano 65 mil euros na iluminação e cerca e 150 mil euros no programa de animação natalícia. São valores que estão em linha com os do último ano, embora as preocupações com as poupanças energéticas estejam presentes. “O município tem vindo a adotar medidas de poupança energética que antecedem o atual contexto, nomeadamente a substituição de 50% da iluminária pública por LED, a colocação de sensores de proximidade na iluminação dos edifícios camarários que também estão equipados, na sua maioria, com lâmpadas LED e estamos em processo de renovação da frota automóvel para carros elétricos, embora com alguns constrangimentos em matéria de escassez de oferta no mercado”, recorda a autarquia, questionada pela Gazeta. “Este Natal estamos também a implementar medidas de redução da fatura energética na iluminação natalícia com horário reduzido: das 18h à meia noite”.
No Bombarral estão iluminadas as ruas com mais comércio tradicional e as principais rotundas. As luzes estão acesas entre as 18h00 e as 23h00 de segunda a quinta-feira e mais uma hora de sexta a domingo. “Acreditamos que é um fator de atração de pessoas à vila, contribuindo dessa forma para ajudar a dinamizar o comércio tradicional”, justifica o presidente da Câmara, Ricardo Fernandes. Trata-se de um investimento de cerca de 16 mil euros e mais 900 euros para gastos de energia e ligações, a que se juntam mais 22 mil euros na animação de Natal (incluindo a pista de gelo). Este é um investimento “sensivelmente igual” aos anos anteriores, mas que tem em conta a poupança energética e o aumento dos custos com a energia ao optar pelo horário reduzido da iluminação.
Também na Nazaré já brilham as luzes do Natal. O investimento assumido pela autarquia é este ano de 75 mil euros mas as luzes estarão apenas ligadas entre as 17h30 e as 00h00 (e não durante toda a madrugada como em anos anteriores), no âmbito da política de eficiência energética. A quadra será assinalada também com exposições de presépios no Centro Cultural e Gare Superior do Ascensor. Na antiga lota serão instalados os “Presépios Tradicionais da Nazaré”, numa iniciativa do Grupo de Danças e Cantares da Nazaré.
Todos os anos, a Câmara do Cadaval tenta “trazer novidades à iluminação de Natal e este não é exceção”, iluminando as ruas, nomeadamente onde há comércio e zonas de lazer. “Este ano iremos desligar todos os dias a iluminação mais cedo, cerca da meia noite, de modo que haja alguma poupança de energia que já está mais cara”, explica o presidente da Câmara, José Bernardo Nunes, dando nota do facto de terem investido, ao longo do tempo, em iluminação própria, que leva a que gastem menos em iluminação. Grande parte da iluminação de Natal é feita por LED, o que significa, em média, consumos 80% abaixo dos de antigamente. “Para além do simbolismo e tradição a que a época está associada , existe também um fator cultural que é importante manter na comunidade”, refere José Bernardo Nunes, acrescentando que outra das vertentes prende-se com a necessidade de potenciar a economia local.
A Gazeta tentou também obter esclarecimentos sobre a iluminação de Natal em Peniche, mas não recebeu resposta da autarquia. ■

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