Crianças ucranianas receberam prendas no dia de S. Nicolau

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As crianças receberam presentes no Dia de S. Nicolau

Iniciativa decorreu na Expoeste e juntou 35 crianças e respetivas famílias, promovendo o convívio da comunidade.

É no Dia de S. Nicolau, que na Ucrânia se assinala a 19 de dezembro, que as crianças recebem presentes, que são colocados “pelo santo” debaixo da almofada durante a noite e descobertos pela manhã. Nas Caldas, nesse dia, as crianças ucranianas que estão a residir com as famílias no concelho voltaram a “viver” a tradição, algumas delas quando acordaram, mas todas durante a tarde, num convívio organizado pela comunidade ucraniana residente da região, com o apoio da Oeste Internacional Community Volunteers (OICV), que garantiu a oferta de um pijama e um chocolate às 35 crianças.
No 1º andar da Expoeste foram colocadas várias mesas onde, para além dos doces, os mais novos podiam divertir-se com jogos e desenhos. A mais procurada era Ana Boavida que, utilizando os seus pinceis e tintas, fazia autênticas obras de arte no rosto sorridente das crianças. A voluntária da OIVC começou há pouco mais de um mês a dar aulas de português para ucranianos, uma vez por semana, e conta que neste encontro, alguns dos participantes já a cumprimentavam em português. “São muito empenhados. Começámos com os cumprimentos e estamos a trabalhar na aprendizagem das frutas e legumes, e dos números, para poderem ir à Praça da Fruta comprar os frescos e saber os preços”, explicou à Gazeta.
Ana Boavida não fala ucraniano, mas tem o apoio de voluntárias que falam inglês e que depois traduzem e complementa as suas aulas com “desenhos e fotografias”.
A voluntária recorda que a associação realizou um evento de angariação de fundos e que contatou as autarquias das Caldas e de Óbidos para perceber quais as principais necessidades. “Não nos queremos sobrepor ao que as entidades querem fazer, mas proporcionar pequenos gestos que podem fazer a diferença”, conta, referindo-se aos presentes ou a objetos que as crianças precisam para a escola e que os pais não têm possibilidade de adquirir. “A maioria são mulheres com crianças e queremos ajudar para que possam ter uma vida o mais normal possível”, concretiza a voluntária da associação que disponibiliza, por exemplo, um cabaz com frutas e vegetais, quinzenalmente, a algumas famílias para lhes garantir uma alimentação equilibrada.

200 famílias no concelho
Yara Pernay, natural de Chernivcy (na Ucrânia) e que vive em Portugal há 21 anos, organizou o encontro também para que as crianças possam conviver um pouco. “Não é uma festa porque ao dia de hoje não há razões para festejar”, especifica, acrescentando que pretendem que as crianças de origem ucraniana se possam conhecer um pouco melhor. A preocupação desta voluntária estende-se aos adolescentes que, diz, estarem muito sozinhos e pretende, no futuro, realizar também um convívio para que possam conhecer-se melhor.
O local de apoio aos refugiados ucranianos está agora situado na antiga Colmeia (junto ao Bairro Azul) onde continuam a distribuir, entre segunda e sexta-feira, bens pelas famílias e possuem duas salas de convívio onde, durante o período de férias escolares, as mães podem deixar os filhos para ir trabalhar.
Atualmente estão a residir no concelho das Caldas cerca de 200 famílias ucranianas refugiadas da guerra e é ali que muitas delas continuam a ir buscar alimentos, roupas e outros bens. De acordo com Yara Pernay para além dos alimentos, são também necessários, nesta altura do ano, cobertores, deixando um apelo à comunidade.
O Natal ortodoxo celebra-se a 7 de janeiro, mas as famílias ucranianas a residir em Portugal, mas também na Ucrânia, têm-se adaptado às tradições ocidentais e, em várias casas, já mudaram o calendário festivo para 25 de dezembro, explica a também representante da comunidade ucraniana nas Caldas, Uliana Ludchak.

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