Alunos do primeiro ciclo inventam e desenham uma máquina que depois é transformada, por jovens do ensino superior, em algo que pode ser concretizado por estudantes do ensino profissional. É assim o projecto My Machine, que está a ser desenvolvido por alunos do primeiro ciclo dos complexos escolares de Óbidos, pela ESAD e pelo CENFIM.
A autarquia apresentou recentemente uma candidatura à União Europeia, de três milhões de euros, para que este projeto possa ser desenvolvido em rede entre vários países.

“Todos os dias tínhamos trabalhos de casa e muitas das vezes já chegávamos muito cansados e, a chorar, pedíamos aos pais para nos ajudar”. Esta situação não agradava a Mariana Santos, de nove anos, que criou uma máquina para resolver o problema. A “Máquina dos TPC” não acaba com eles, mas ajuda a que estes sejam criativos.
Mas afinal que máquina é esta? Trata-se de um capacete com vários temas criativos que é colocado na cabeça da professora e que quando é ligado, uma luz acende aleatoriamente em cada um dos temas, até que se fixa no que será trabalhado nesse fim-de-semana. Os trabalhos criativos podem incidir sobre Matemática, ambiente, reciclagem ou o tempo.
A professora Teresa de Jesus é quem, a cada sexta-feira, coloca o capacete na cabeça e garante que os resultados não podiam ser mais positivos. “Só há trabalhos para casa ao fim de semana pois foram os alunos que assim o decidiram”, conta a professora, acrescentando que esta libertação dos TPC foi gradual e que em nada prejudicou o sucesso escolar das crianças. “O TPC não é um dos factores de melhoria de sucesso educativo”, referiu a docente à Gazeta das Caldas.
A máquina foi pensada no ano lectivo passado por Mariana Santos, na altura aluna do 3º ano do Complexo do Alvito e votada pela turma. Contou também com a colaboração do animador André Silva, que era o coordenador do projeto My Machine no complexo do Alvito, onde também foi criada a Máquina da Tranquilidade.
Para além destes dois projectos, foram criados mais três no Complexo dos Arcos e um no do Furadouro, num total de seis máquinas, que foram apresentadas no passado dia 19 de Setembro no Parque Tecnológico de Óbidos. É possível encontrar um “super-cão aspirador” para limpar a sala de aula e permitir que um colega vença o medo que tem destes animais, capacetes para aumentar a concentração na sala de aula, uma máquina de fazer sumo de uva e ainda uma “máquina da tranquilidade”, que projecta imagens que acalmam os alunos mais irrequietos.
Este segundo ano de projecto envolveu cerca de 100 crianças do 3º ano do primeiro ciclo, cinco professores, três animadores, empresas do PTO, alunos e professores da ESAD, num total de 150 pessoas.
Candidatura de três milhões para rede europeia

Este ano lectivo o projeto My Machine irá envolver os alunos do primeiro ano do 1ºciclo de Óbidos e iniciará um piloto com uma turma do jardim de infância do Arelho. O alargamento ao pré-escolar deve-se ao facto de haver estudos que “mostram que as crianças com três anos tem uma capacidade altamente criativa e que ao longo do tempo a vão perdendo”, explicou o presidente da Câmara, Humberto Marques.
Outra das novidades desta edição é o facto do projecto envolver o CENFIM – Centro de Formação Profissional da Indústria Metalúrgica e Metalomecânica, em diálogo com o ensino básico e o universitário.
A Câmara de Óbidos apresentou recententemente à União Europeia uma candidatura de três milhões de euros que permitirá que alunos do primeiro ciclo inventem máquinas em parceria com a Bélgica, Dinamarca, Noruega, Eslováquia e Eslovénia. O objectivo é criar uma rede com estes países e permitir a troca de experiências, com a mobilidade de animadores, professores e crianças.
A candidatura, que tem uma duração de dois anos, está pensada para colocar os alunos de Óbidos a trabalhar em conjunto, por exemplo através de videoconferências, com colegas de outros países e que em Portugal se possam desenvolver máquinas pensadas por alunos estrangeiros.
O projeto My Machine surgiu em Kortrijk (Bélgica), através da Universidade de Howest e pretende promover a criatividade na Educação, permitindo que as crianças concretizem as suas ideias através da construção das suas máquinas. Estas podem ser soluções para resolver problemas da sociedade, ou das próprias crianças, recorrendo à sua imaginação e juntando-lhe depois o conhecimento e a capacidade tecnológica de instituições de ensino superior, ensino profissional e empresas do Parque Tecnológico.






























