Criado núcleo de Fibromialgia no Hospital Termal

O núcleo está sediado no Hospital Termal e deverá ser inaugurado para Setembro, na presença da presidente da Myos (Associação Nacional contra a Fibromialgia e Síndrome de Fadiga Crónica) que dará uma palestra sobre a doença.

Margarida Rézio teve conhecimento que era fibromiálgica há cinco anos. Pouco depois de lhe ter sido diagnosticada a doença (ver caixa), no CHON, foi convocada para uma formação no hospital, a que acedeu juntamente com mais 11 senhoras. E foi o contentamento com os resultados obtidos que a incentivou, juntamente com outras doentes, a querer dar continuidade a este apoio e a criar o Núcleo de Fibromialgia das Caldas da Rainha, que tem sede no Hospital Termal.
“Todos ficámos muito agradados com o trabalho da equipa interdisciplinar que nos deu formação sobre a doença”, refere Margarida Rézio, destacando que tiveram (e continuam a ter) apoio ao nível da reumatologia, psicologia e nutrição.
“É muito importante o apoio psicológico porque é uma doença que não se vê, mas sente-se”, afirma, acrescentando que também acarreta elevados custos económicos, para o doente e para a empresa onde trabalha, assim como sociais pois nem sempre a pessoa consegue participar em actividades de cariz social.
Este caso em concreto levou a que a inauguração do núcleo, inicialmente prevista para 30 de Julho, tivesse que ser adiada para o final do verão, uma vez que um dos elementos da direcção, devido à doença, terá que ser operado brevemente.
“Mesmo fazendo parte da Associação nem sempre estamos disponíveis devido à doença”, reconhece a coordenadora do núcleo, dando conta de que se trata de uma doença velha, mas que, devido aos factores sociais, está neste momento a ter mais visibilidade. “Estamos todos empenhados em agregar o maior número possível de pessoas para que lhes seja prestado apoio psicológico e ajuda na adaptação à doença”, refere.
O núcleo (que tem na direcção Margarida Rézio e Lurdes Fonseca, das Caldas da Rainha, e Justina Alexandre, de Peniche) conta com o apoio da associação Myos – Associação Nacional contra a Fibromialgia e Síndrome de Fadiga Crónica, criada em 2002.
Actualmente já contam com algumas dezenas de associados e o objectivo é divulgar a sua actuação, sobretudo ao nível da sensibilização para a doença, tanto para os doentes como para os familiares, que são uma componente importante de apoio.
O núcleo caldense está neste momento a realizar protocolos com entidades regionais dos concelhos que estão na área de abrangência do CHON. Pretende levar as acções de sensibilização também aos concelhos limítrofes, assim como a divulgação de que a doença é tratada no Hospital Termal, tanto a nível da reumatologia, como da psicologia, dietética e toda a área termal.

Os benefícios do tratamento com água termal

A dada altura foi sugerido a Margarida Rézio fazer um tratamento com água termal, que surtiu bastantes frutos. “Concluímos que durante o período deste tratamento não precisamos de medicamentos, o que é muito bom porque fazemos a desintoxicação do organismo”, contou.
Margarida Rézio chama ainda a atenção para o facto de os banhos termais serem uma terapia barata, uma vez que cada banho simples custa menos de cinco euros. “Os preços praticados por este hospital estão abaixo da tabela nacional”, acrescenta, dando nota de que os doentes serão aconselhados pelos médicos sobre qual o tratamento a fazer.
“Queremos fazer “transpirar” o calor da água termal para fora do hospital”, acrescenta a coordenadora do núcleo caldense, que prevê a possibilidade de, no futuro, alargarem  a actuação.
Para se tornarem associados do núcleo os interessados terão que pagar uma cota anual de 30 euros, que poderá vir a ser paga faseadamente.
Os interessados em mais informações podem contactar por telefone o Hospital Termal (262830379) ou dirigir-se pessoalmente à secretaria, pedindo para ser encaminhados para o núcleo. Poderão também contactar directamente o núcleo, através do número 915491456.

O que é a Fibromialgia?

De causa desconhecida, a Fibromialgia está na origem de uma incapacidade física e emocional, que atinge cerca de 2% da população. Origina uma dor generalizada nos tecidos moles (músculos, ligamentos ou tendões), mas não afecta as articulações e os ossos e, por isso, é designada muitas vezes como uma “doença silenciosa”.
Esta doença afecta sobretudo mulheres entre os 20 e os 50 anos e tem como sintomas dores generalizadas, fadiga, alterações do sono e perturbações cognitivas.
A escassez de sinais objectivos e a ausência de exames auxiliares de diagnóstico específicos torna as queixas subjectivas dos doentes fundamentais para o diagnóstico. Ainda assim são considerados como critérios a duração superior a três meses de dor generalizada por todo o corpo, dor à palpação digital em 11 de 18 pontos e, pelo menos, mais dois dos quatro sintomas de fadiga, alterações do sono, perturbações emocionais e dores de cabeça.