
Será inaugurado no próximo dia 1 de Abril o Use – um espaço de partilha e colaboração. Situado na Rua Coronel Soeiro de Brito, nº 26, 2º andar, é utilizado por pessoas que ali desenvolvem os seus próprios projectos e se entreajudam.
Esta forma alternativa de trabalhar, que surgiu na América nos anos 90, depressa se disseminou, sobretudo pelo norte da Europa. O designer Pedro Reis é um dos grandes impulsionadores, tendo estado na origem do Colab de Óbidos, criado em 2012 e que foi projecto-piloto em Portugal.

Depois da visita a 57 espaços nas Caldas, o apartamento de 100 metros quadrados na Rua Coronel Soeiro de Brito, em frente à estação rodoviária, foi o escolhido para ser transformado num espaço de trabalho colaborativo. A funcionar desde inícios de Fevereiro, será inaugurado a 1 de Abril e, tal como o nome indica (Use), a intenção é mostrar os vários usos que este espaço pode ter.
No local há uma área de interacção direccionada para reuniões, eventos e workshops, uma outra para os “fazedores” onde existem ferramentas de trabalho, e uma terceira sala com secretárias e computadores. Existe ainda uma sala de foco que é composta por um quarto mais pequeno que pode ser reservado para uma pessoa ou uma pequena equipa e no qual podem desenvolver projectos com maior privacidade. Esse espaço, com acesso a casa de banho, pode ser transformado num mini apartamento que permite ao utilizador passar ali a noite.
“Para além da partilha do espaço para trabalhar, temos também alguma componente do coliving, que é a possibilidade de as pessoas utilizarem parte do espaço para morar durante algum tempo”, explicou à Gazeta das Caldas Pedro Reis, um dos mentores do projecto caldense. O designer, que foi também o impulsionador do colab de Óbidos, explicou que neste momento ainda não existe capacidade para ter residentes a tempo inteiro, mas estão a dar os primeiros passos nesse sentido, até porque, em sua opinião, “no futuro não haverá separação entre a vida e o trabalho”.
Pedro Reis é também um dos quatro profissionais que querem criar uma empresa de design e são os residentes originais do Use. Há já mais meia dúzia de utilizadores esporádicos, que promovem aulas de costura, ou trabalham em contabilidade e arquitectura. Há também pessoas que vivem há alguns anos na região e que procuram um local deste tipo para desenvolver a sua actividade, como é o caso de um informático britânico que trabalha na área da segurança, e os chamados nómadas digitais (pessoas que viajam pelo mundo e que escolhem esta região normalmente por causa das ondas e do surf), que quando cá estão utilizam o espaço.
Cada pessoa que queira utilizar o USE paga uma cota mensal de 9,90 euros e tem depois descontos na sua utilização. Os membros têm uma utilização regular e pagam 29 euros por mês, o que lhes dá direito a quatro dias por mês com acesso a todas as áreas do espaço. Já os residentes fazem também a gestão e desenvolvimento do próprio projecto.
Rede de biblioteca de coisas

A existência de uma cozinha no apartamento foi também um dos critérios de escolha pois permite ao grupo partilhar o espaço e desenvolver algumas actividades. A primeira será já no dia da inauguração e consiste numa conversa com um convidado, que decorre ao mesmo tempo que este cozinha o seu prato favorito. Fernando Mendes, do Cowork de Lisboa, e a mulher, Ana Dias, serão os primeiros a partilhar os seus dotes culinários, enquanto falam da sua experiência com um grupo de seis a 10 pessoas.
No mesmo dia será apresentado um projecto que o Use pretende desenvolver em conjunto com o Parque Tecnológico de Óbidos e que consiste numa rede de bibliotecas de coisas. O conceito vem da Austrália e traduz-se num local onde qualquer pessoa (desde que seja membro) pode ir buscar um berbequim, uma máquina fotográfica, ou uma impressora, por exemplo, e levar emprestado ou alugado, consoante o sistema adoptado.
Excepcionalmente, realiza-se também a 1 de Abril o encontro mensal do espaço, em que desta vez será explicado o seu funcionamento. As reuniões terão lugar sempre na última quarta feira de cada mês pelas 18h00 e são abertas a todos os interessados que, desta forma, podem conhecer e aprender mais sobre o trabalho colaborativo. “Podem surgir parcerias, emprego, ou trabalho nestes encontros”, diz Pedro Reis, lembrando que em Óbidos esses encontros deram muitos frutos.
João Schittek, formando na ESAD em Design Gráfico e residente na Columbeira (Bombarral), é um dos utilizadores deste espaço. Trabalha em projectos próprios e também participa no de Pedro Reis. À Gazeta das Caldas diz que agrada-lhe o “conceito de colaboração” e a responsabilidade de ser ele a decidir se vai trabalhar ou não.






























