Costureiras homenageadas nas Caldas pelo contributo na confecção de máscaras

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No dia dedicado à costureira, 25 de Maio, a União de Freguesias de Nossa Senhora do Pópulo, Coto e S. Gregório prestou uma homenagem às costureiras e aos voluntários
que têm colaborado na confecção de material de protecção, com a colocação de
uma manta solidária na fachada da sua sede. Em dois meses, já foram confeccionadas mais de 12 mil máscaras e o trabalho continua, agora a um ritmo mais reduzido

 

A maioria não se dedica a esta área profissionalmente, mas o facto de terem uma máquina de costura e vontade de ajudar levou a que se juntassem e, durante este tempo de pandemia e isolamento social, tenham confecionado centenas de máscaras que foram distribuídas por quem delas precisa.
Cristina Reboleira é um desses casos. Arquitecta e artesã, começou por confeccionar máscaras para a associação dos Amigos do Bairro Azul, que depois as fazia chegar à junta de freguesia. Recentemente foi convidada pelo secretário da junta, José Cardoso, para coordenar a manta solidária nas Caldas da Rainha, ideia que aceitou com agrado pois considera que “estas pessoas merecem um agradecimento especial, além de um muito obrigada”.
O desafio era que cada uma delas, ou em associação, fizesse um quadrado que fosse simbólico, e que depois seria unido aos outros. Assim nasceu a manta solidária, ou mural, numa alusão à cerâmica das Caldas, como Cristina Reboleira prefere chamar.
A coordenadora da iniciativa nas Caldas utilizou ainda uns quadrados de tecido mais resistente, em tons de verde, para colocar em volta do colorido painel e assim sustentar melhor o conjunto de tecido que originou um colorido painel. A ladear todo este trabalho artístico está mais uma centena de nomes, que engloba as costureiras e todos os voluntários que colaboraram na confecção e distribuição das máscaras.
“Para mim, o mais importante foi a reacção das pessoas e a maneira como elas se empenharam. Senti que cada quadradinho que me entregaram tinha muito delas. Isso para mim foi tão bom”, disse à Gazeta das Caldas. E Cristina Reboleira vai continuar a trabalhar. “Em casa tenho mais 50 máscaras à minha espera e, enquanto for preciso, vou continuar a confeccioná-las”, conclui.
Também a obidense Sylvie Simões participou nesta iniciativa. Tudo começou há dois meses quando viu o anúncio, nas redes sociais, que eram precisas costureiras voluntárias para fazer máscaras. Mostrou-se disponível e, de imediato, foi contactada para integrar o projecto da União de Freguesias “Máscaras para Todos”. Entretanto, contactaram-na para participar na manta e, tendo em conta que integra a associação de bordados de Óbidos, Sylvie Simões apresentou um quadrado com os bordados característicos da vila, que têm por base as pinturas do tecto da Igreja de Santa Maria. “É com muito gosto que tenho estado a colaborar com a junta na criação das máscaras e, enquanto precisarem, irei ajudá-los”, realça a obidense.
Pelas mãos desta professora de música, que actualmente concilia o ensino à distância com o voluntariado, já terão passado umas 600 máscaras e ainda tem perto de 200 por terminar. Mas, vontade não lhe falta, garante.

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MAIS DE 12 MIL MÁSCARAS JÁ CONFECCIONADAS

Tudo começou na Lourinhã, com Carlos Valeriano, formador em design e confecção, que desenhou um modelo de máscara, a pensar na covid-19 e iniciou um movimento voluntário que se alargou às terras vizinhas, entre elas as Caldas da Rainha. Ainda o uso das máscaras não era aconselhado pela DGS e esta autarquia de base tomou a iniciativa de falar com o mentor do movimento e lançar o desafio para a confecção destas peças de protecção, nas redes sociais. De imediato apareceram mais de 50 costureiras, que depois aumentaram para 82, que já fizeram 12 mil máscaras, que esta União de Freguesias tem distribuído, primeiro pelos lares e centros de apoio social e centros de saúde, e depois pelos seus fregueses, numa operação que denominou “Máscaras para todos”.
As costureiras continuam a confeccionar estas peças de protecção, embora agora a um ritmo mais lento, pois muitas delas iniciaram a sua actividade laboral. “Elas querem continuar e isso satisfaz-nos imenso, vimos de coração cheio quando vemos a alegria e satisfação com que elas trabalham”, referiu José Cardoso, do executivo da junta de freguesia, que tem acompanhado de perto toda esta operação.
A autarquia ainda tem material disponível para a confecção e, se verificar que é necessário continuar o uso de máscaras, pondera comprar mais.
“Algum do material foi adquirido pela Junta de Freguesia, mas outro foi dado, assim como também tivemos a colaboração do [empresário] Mário Felizardo, que nos emprestou duas máquinas de costura e deu linhas para entregarmos às costureiras”, especificou José Cardoso.
A manta, que pretendeu homenagear todas estas voluntárias, e respectivas famílias que ajudaram, esteve exposta durante todo o dia 25 de Maio nos Antigos Paços do Concelho, assinalando o Dia da Costureira. Deverá depois seguir para a Fundação Calouste Gulbenkian, para onde está prevista uma exposição de todas as Mantas Solidárias. Haverá também uma exposição itinerante pelas localidades onde foram feitas estas mantas.
Ao todo, foram lançadas 16 mantas solidárias, em diversos locais do país, homenageando mais de meio milhar de voluntárias que participam neste projecto.

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