
A Câmara das Caldas admite aproveitar uma intervenção no muro que circunda a Mata Rainha D. Leonor para o reconstruir mais para dentro daquele espaço e alargar assim a rua Maria Ernestina Martins Pereira. Mas isso implica o corte de mais de 70 árvores.
Questionada pela Gazeta das Caldas, fonte oficial do município remeteu o assunto para a União de Freguesias de Nª Sra. do Pópulo, Coto e S. Gregório, a qual “está a avaliar a situação [da reparação do muro] e assim que tenha propostas apresentará à Câmara que as apreciará e remeterá para as entidades respectivas”.
Vítor Marques, presidente da União de Freguesias, disse ao nosso jornal que, de facto, uma das propostas em estudo passa por deitar abaixo o muro de contenção ao longo da Mata e aproveitar para alargar a rua Maria Ernestina Martins Pereira, o que implicaria cortar mais de sete dezenas de árvores.
O autarca alertou, porém, que esta ideia está ainda numa fase embrionária e que são necessárias autorizações da Direcção Geral do Património (a Mata está concessionada à Câmara, mas a sua propriedade continua a ser do Estado português).
Vítor Marques disse ainda que outra solução seria alargar a rua para o lado oposto, devendo-se, nesse caso, chegar a um acordo com o proprietário do terreno contíguo para lhe comprar a parte suficiente para o alargamento. Mas, seja como for, o muro da Mata terá sempre de ser intervencionado porque em alguns locais ameaça ruir.
Para Mercês Silva e Sousa, da associação Nostrum, a ideia de cortar árvores à Mata não é particularmente agradável. “É preciso ver que árvores, para fazer o quê e com que fundamentação”, disse à Gazeta das Caldas, acrescentando que a existência dos aquíferos com as água termais sob a Mata obrigam a cuidados
redobrados para não os inquinar. Ligada a investigadores e professores do Departamento de Botânica da Universidade de Coimbra e do Jardim Botânico da Universidade de Lisboa, esta especialista estranha o facto de se querer cortar árvores para se alargar uma estrada sem um parecer de botânicos conhecedores. “Ainda por cima há uma zona no topo da Mata, junto ao muro, onde existe flora mediterrânica inicial, que deverá estar protegida por Lei”, disse.
Em sua opinião, e apesar de não conhecer a fundo a legislação, a autarquia não poderá avançar de ânimo leve para um tal projecto sem o parecer de várias entidades, entre elas do Instituto de Conservação da Natureza.






























