O aniversário da elevação das Caldas a cidade, que se celebra a 26 de Agosto, foi assinalado tendo por cenário o Parque D. Carlos I.
Uma exposição fotográfica, a recolocação do pincel na estátua de José Malhoa e a apresentação de um projecto cénico de iluminação para aquela zona foram algumas das iniciativas organizadas pela União de Freguesias de Nossa Senhora do Pópulo, Coto e S. Gregório

Foi frente à Casa dos Barcos, espaço recentemente reabilitado, que tiveram início as comemorações de mais um aniversário da elevação das Caldas a cidade. Este ano, a organização cabia à União de Freguesias de Nossa Senhora do Pópulo, Coto e São Gregório, que fez questão de assinalar a data com realização de algumas actividades culturais e a apresentação do trabalho que tem sido feito no Parque D. Carlos I desde que assumiu a gestão, por delegação de competências. “Relevar a beleza do parque e valorizar este património, que é singular” foi o propósito, realçado pelo presidente da junta, Vitor Marques.
Para além dos melhoramentos físicos, a autarquia pretende dotar a Casa dos Barcos de uma oferta mais diferenciada, que permite ali realizar mais actividades, nomeadamente algumas actualmente realizadas no Céu de Vidro que, com a construção do hotel, deixará de as albergar.
Para assinalar o aniversário foi inaugurada uma exposição fotográfica, da autoria de Filipe Marques, sobre a “Fauna do Parque”. As 35 imagens representativas da diversidade de animais ali existentes estão à venda, revertendo o valor para a alimentação desses mesmos animais. Na mesma altura foi apresentada a 14ª edição do boletim da União de Freguesias de Nossa Senhora do Pópulo, Coto e São Gregório, que mostra o trabalho realizado por esta autarquia de base ao longo do ano. Neste número foi dado especial destaque ao trabalho solidário desenvolvido durante a pandemia, assim como alguns projectos que a Junta pretende desenvolver, como é o caso do espaço multiusos na Fanadia e um projecto de requalificação da linha de água e sua envolvente, junto à ESAD.
A comitiva visitou ainda a Feira de Artesanato, promovida pela Associação de Artesãos caldenses e que esteve a decorrer no Telheiro, com todas as medidas de segurança.
PINCEL RECOLOCADO NA ESTÁTUA DE MALHOA
Junto ao Museu de José Malhoa foi descerrado o pano e apresentado o pincel (re-criado pelo escultor Renato Franco Silva) que integra a escultura do pintor caldense, da autoria de Leopoldo de Almeida, mas que já foi furtado por várias vezes, a última das quais há cerca de 20 anos.
A cerimónia foi acompanhada musicalmente por um grupo de elementos da Banda Comércio e Indústria e por uma apresentação cénica de iluminação da própria estátua e das árvores em redor. De acordo com o autor da iluminação artística, Alexandre Neto, o Parque D. Carlos I tem “matéria para iluminar e densidade suficiente com árvores de grande porte e bastante variedade”.
Devido às condicionantes levantadas pela DGPC esta iluminação não ficará a funcionar desde já, mas a ideia da junta de freguesia passa por ir acrescentando módulos no parque e que possa funcionar diariamente durante um período de tempo a estipular.
Na sua intervenção, o presidente da Câmara, Tinta Ferreira, fez um balanço do trabalho que tem sido desenvolvido e dos vários investimentos que tornaram o parque “um local muito mais atrativo, com melhor utilização”. O autarca lembrou que após a concessão do Parque e da Mata para o município, que este foi entregue por delegação de competências à União de Freguesias que, desde então, tem feito a sua gestão. Desde que vigora esta delegação, o município já transferiu para esta autarquia de base mais de um milhão de euros (200 mil euros por ano) e fez também investimentos em infra-estruturas. “Está à vista que a solução que encontrámos [gestão do Parque e Mata pela autarquia local] tem condições para funcionar, desde que haja meios adequados e investimentos”, referiu o autarca.
Em dia de festa, deixou ainda um agradecimento a todas as gerações que ajudaram a fazer crescer as Caldas e que “transformaram uma vila termal numa cidade que é a referência na sua região”.
Notícia recebida em 1926 com foguetes e morteiros
A notícia da elevação das Caldas a cidade, a 26 de Agosto de 1927, foi recebida com manifestações de “regozijo” e o lançamento de foguetes e morteiros, refere a Gazeta das Caldas na sua edição de 28 de Agosto. A primeira página destaca “A condenação do passado” e o “Elogio do Futuro”, num texto em que Caldas é descrita como uma terra de abundância, “opulenta em sua vida económica, linda com fracos adornos dos homens e a exuberancia da sua vegetação luxuriante e do seu clima de previlegio”. O autor, Leopoldo Nunes, questiona ainda: “a que outra vila, que não a Caldas da Rainha, melhor cabia o título de cidade?! Pois não é ela, de facto, a mais encantadora terra da Extremadura?”
As comemorações têm ganho fôlego nos últimos anos. Em 2014, o historiador Nicolau Borges (defensor da celebração da data condignamente), defendia que o 26 de Agosto é uma data tão importante para as Caldas como o 15 de Maio ou o 15 de Agosto. Desde então o assinalar da data tem cabido, alternadamente, às juntas de freguesia da cidade, como a Gazeta das Caldas tem noticiado.

































