
Cerca de meia centena de jovens lusodescendentes, oriundos de oito países, estão nas Caldas das Rainha até hoje, 14 de Agosto, a participar num encontro organizado pela associação Cap Magellan. Durante cinco dias recebem formação composta por seminários e actividades informais que tratarão de empregabilidade. Irão também criar um projecto comum de inserção profissional destinado aos jovens refugiados da região, em parceria com a AIRO, uma empresa local e com a Plataforma de Apoio aos Refugiados
“É importante que os jovens de cá também sejam envolvidos na temática da lusodescendência, porque não podemos ser vistos só como ‘avecs’, clichés que combatemos há 30 anos”, destacou Anna Martins, presidente da Cap Magellan, na cerimónia oficial do encontro, que decorreu na passada terça-feira, 11 de Agosto, na sede da OesteCIM.
A entidade, que nasceu em França há três décadas, é a primeira e maior associação de jovens luso-descendentes, lusófonos ou lusófilos, que partilham o mesmo desejo de promover a língua portuguesa e a cultura lusófona. De acordo com a sua líder o formato evoluiu, com os encontros a estenderem-se a cinco dias e a mudar anualmente de região, de modo a permitir aos participantes a descoberta do país. Este ano, e pela primeira vez, contam com jovens de oitos países representados: França, Portugal, Espanha, Alemanha, Áustria, Bélgica, Dinamarca, e Reino Unido.
A empregabilidade deu tema ao encontro deste ano, que procura valorizar o bilinguismo, a dupla-cultura e a multiculturalidade que têm em comum muitos dos jovens e animadores de juventude lusodescendentes presentes. Por outro lado, pretende dar respostas aos jovens para quem procurar emprego é mais difícil, como é o caso dos jovens com deficiências, os jovens NEET, imigrantes e os requerentes de asilo. Durante cinco dias, os jovens recebem formação, composta por seminários e actividades informais, sobre empregabilidade. Os participantes estão a criar, este ano pela primeira vez, um projecto comum de inserção profissional destinado aos jovens refugiados da região, em parceria com a AIRO e uma empresa local, a Confeitaria Monte Verde, e com a Plataforma de Apoio aos Refugiados.
“A ideia é a de dinamizar uma rede de jovens e de animadores da juventude que possam adquirir alguns saberes cá e depois aplicá-los nos países de onde vêm”, explicou a responsável. Também presente na cerimónia Rita Saias, presidente do Conselho Nacional de Juventude (CNJ), começou por felicitar a associação pela organização do evento em tempo de pandemia. Destacou também a sua importância para a criação de relações e proximidade, “que é aquilo que a Europa é sobre”.
RESILIÊNCIA E CAPACIDADE DE ADAPTAÇÃO
Falando sobre a sua geração, Rita Saias revelou que as palavras que melhor os descreve é resiliência e capacidade de adaptação.
“As sucessivas crises foram mudando os mercados, o mundo e também a nossa relação com o trabalho”, referiu a dirigente, pedindo aos participantes para abordar a temática da empregabilidade durante o encontro e depois fazer chegar ao CNJ as suas preocupações para, em conjunto, possam arranjar soluções. A responsável defendeu a inclusão dos jovens no processo de decisão e de auscultação, bem como no desenho de políticas públicas.
Também a secretária de Estado das Comunidades, Berta Nunes, acompanha o trabalho da associação “com muito interesse” e aguarda o relatório que irão fazer após o encontro.
A governante apelou à solidariedade, revelando a cooperação é melhor do que a competição e que o movimento associativo e o trabalho conjunto são um exemplo disso mesmo.
Berta Nunes reconheceu que existem estereótipos em relação aos emigrantes e garantiu que a Secretaria de Estado das Comunidades está a trabalhar para os combater. “Podemos fazê-lo conhecendo-nos, tornando mais visível o outro, que não é uma minoria no caso das comunidades portugueses”, disse, referindo-se ao cinco milhões e lusodescendentes no estrangeiro. “Temos portugueses em mais de 190 países. Esta diáspora, dispersão da nossa comunidade é uma força que temos que aproveitar no sentido de, em conjunto, construir coisas”, acrescentou.
Na cerimónia participaram também os presidentes da Câmara das Caldas, Tinta Ferreira, e da OesteCIM, Pedro Folgado, que falaram das potencialidades e da hospitalidade da região.
































