Mais de metade dos emigrantes caldenses estão radicados
em países da Europa. Estudioso do fenómeno explica que o primeiro grande surto de emigração ocorreu na década de 1940
A falta de recursos e de horizontes em Portugal tem levado muitos caldenses à procura de uma vida melhor no estrangeiro. Mas também razões sociais e políticas ditaram a procura de um novo rumo para muitas pessoas.
António Marques, director-executivo da Expoeste e estudioso deste fenómeno, salienta que esta região tem características particulares. Identifica o primeiro grande surto da emigração no concelho na década de 1940, no seguimento do trabalho em barcos de pesca, sobretudo por parte dos habitantes das freguesias costeiras. “Estamos a falar em alguns grupos especializados dentro dos barcos de pesca, como cozinheiros e electricistas, por vezes mecânicos, que depois foram chamando famílias para o outro lado do Atlântico”, conta, referindo-se aos “embarcados”.
Estas pessoas eram provenientes, sobretudo das freguesias da Serra do Bouro, Foz do Arelho e Salir do Porto, e tinham como principal destino os Estados Unidos. Na década seguinte, regista-se um forte movimento emigratório para países como o Canadá, sobretudo da freguesia de Salir de Matos.
No momento que antecedeu o 25 de Abril de 1974, e que “teve alguma consequência” nesse acontecimento histórico, a emigração foi europeia, com pessoas do interior do concelho a deixar o país rumo à França e outros países francófonos, como a Bélgica e o Luxemburgo, e a Alemanha. “Hoje a maior incidência da nossa emigração está na Europa”, explica António Marques, especificando que é possível encontrar caldenses em todos os patamares da economia desses países. “Sob o ponto de vista sociológico e económico, a área da emigração tem um contributo grande no concelho”, acrescenta.
Com o intuito de cimentar a relação do concelho com a diáspora, é promovido anualmente o Dia do Emigrante, que decorre durante a Expotur – Festa de Verão. O evento, que este ano não se realiza devido à pandemia, decorre em Agosto, sendo “o auge do regresso de quem está fora à terra natal”, reunindo um milhar de emigrantes.
De acordo com António Marques, o total de portugueses e luso-descendentes até à terceira geração soma cerca de 31,19 milhões no estrangeiro. Portugal teria atualmente mais de 40 milhões de habitantes, se não fosse a emigração. Com o fim da II Guerra Mundial sucedeu-se um período de grande emigração portuguesa para o mundo inteiro, à procura de um futuro melhor. Mais de 4,5 milhões de portugueses emigraram nesse período, sendo cerca de 1,2 milhões para o Brasil.

































