Convento cheio para ouvir a banda das Gaeiras

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Cerca de cinquenta músicos, entre atuais, antigos e convidados de outras bandas, tocaram para uma assistência composta. O repertório constou de músicas portuguesas, como “Anda Comigo Ver os Aviões”, dos Azeitonas

O concerto integrou as comemorações do centenário da Sociedade Filarmónica e Recreativa Gaeirense, e teve lugar no Convento de S. Miguel

O centenário da Sociedade Filarmónica e Recreativa Gaeirense foi assinalado com um concerto no Convento de S. Miguel, no sábado, dia 23 de agosto.

Cinquenta músicos, entre atuais, antigos e de outras bandas que colaboram com a das Gaeiras, pisaram o palco daquele que é o segundo concerto do ciclo comemorativo da efeméride, que se celebra a 1 de outubro.

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Pela banda têm passado diferentes gerações de músicos, e há uma passagem da tradição de pais para filhos.

É o caso de António Costa, de 74 anos, e do filho Paulo Costa. O pai há 60 anos que toca na banda. É o músico mais velho. Começou quando tinha 14 anos, e já não saiu mais. Também o filho se iniciou na banda com a mesma idade. Mas, ao contrário do progenitor, esteve uns anos ausente e regressou em 2020.

“Isto é realmente muito giro, é um convívio muito bom, e a cultura faz sempre bem. E então voltei, também para lhe fazer companhia”, conta.

O mais velho toca saxofone tenor e o mais novo a tuba.

Segundo o presidente, Armando Conceição, a banda é essencialmente jovem. Dos cerca de 30 elementos que a compõem, entre 60% a 70% têm idades não superiores aos trintas.
João Duarte Cascão é o segundo mais novo da banda. (O mais novo não pôde ir ao concerto.) Tem 13 anos e entrou há cerca de um ano para a banda, que já foi dirigida pelo avô, João Cascão, e na qual também está a tia, Liliana Cascão.

A tia conta que o sobrinho desde pequenino que acompanhava as andanças da filarmónica. Mas foi quando participou numa iniciativa em que a banda deu às crianças a possibilidade de experimentarem os instrumentos durante uma semana que sentiu a vontade de entrar.
“Disse logo que queria tocar tuba bebé”, conta a tia. Na altura, tinha seis anos. Pelo meio meteu-se a pandemia e a entrada na banda foi protelada.

“Hoje toca o bombardino, mas o formato é igual [ao da tuba]”, recorda aquela que João Duarte identifica como a grande responsável pela sua entrada na banda.

Já a tia está na filarmónica há 29 anos, tendo entrado com 13 anos. “O meu pai era o presidente, eu comecei a aprender e depois a tocar”, conta. O irmão Filipe, tio de João Duarte, também está na banda.

É uma tradição que não se quer perder, até porque ali se formam grandes amizades.

Comemorações do centenário
O ano do aniversário da banda tem sido assinalado com um ciclo de concertos. O primeiro foi na Páscoa, como, aliás, é habitual, quando a banda toca na Igreja de Nossa Senhora da Ajuda.

O terceiro concerto será no dia 5 de outubro (um domingo), na sede da associação, no qual vão atuar as três bandas do concelho de Óbidos: a das Gaeiras, a da Dagorda e a de Óbidos.

No dia anterior, decorre uma romagem ao cemitério e uma missa.

“Estamos a fazer estes concertos para puxar mais público e músicos para a associação. O nosso público tem andado um bocadinho afastado da nossa casa, e é importante juntar mais pessoas mesmo para os músicos, quando estão em palco, sentirem que está bastante pessoal a assistir e ficarem mais contentes”, confessa o presidente empossado em fevereiro e que dirige a Sociedade Filarmónica e Recreativa Gaeirense desde 2009.

“Não podemos deixar que a banda acabe”, é essa a sua principal preocupação, adverte, acrescentando que é de assinalar ter-se conseguido chegar ao centenário.

João Jesus, o maestro da banda há 10 anos e que é natural do Seixal, notou que os músicos se sentiram “bem”. “Tivemos músicos convidados, mais de idade, tocaram o que puderam, mas acho que se sentiram bem”, conta.

O repertório do concerto constou inteiramente de música portuguesa escrita para banda.

“Foi para sairmos do tradicional, em que as bandas tocam só estrangeirada”, explica, risonho.

A Sociedade Filarmónica e Recreativa Gaeirense tem ainda um rancho folclórico (“As Caiadeiras das Gaeiras”), uma escola de música, um ensemble de saxofone e outro de flautas, e ainda uma banda juvenil.

As festividades continuam no fim de semana de 4 e 5 de outubro, com o concerto de aniversário.

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