Como é que cabem dezenas de monumentos, carros, barcos, aviões e naves espaciais num pavilhão com 8000 metros quadrados? Se forem construções de Lego. Milhões de peças de 40 construtores estão em exposição na Expoeste, naquela que se apresenta como a maior mostra deste tipo da Península Ibérica. Ali pode encontrar-se, entre outras, uma reprodução de cinco figuras da rota bordaliana, da estátua da Rainha, da vila de Óbidos e das Salinas de Rio Maior.
Sabe com quantas peças Lego se faz uma réplica de uma peça da rota bordaliana, como um Zé Povinho? São cerca de 400 peças para um exemplar com perto de 25 centímetros. O professor caldense, Nuno Caravaca, é o autor das cinco peças que estão expostas na Lego Fan Event for Lego Lovers, que decorre até 29 de Setembro na Expoeste.
Começou com o Zé Povinho, há quatro anos, para a anterior mostra nas Caldas. Depois, quando surgiu a segunda exposição, começou a construir o polícia, porque “era simpático ter duas figuras”. Mas os seus amigos começaram a falar na criação da rota bordaliana e acabou por escolher cinco figuras para recriar (saloia, ama e o padre completam o quadro).
Entre desenhar no computador e conceber as peças, nenhuma demorou menos de um mês. Era obrigatório seguir as cores.
Nuno Caravaca, que é professor na D. João II, foi um dos coleccionadores que levou as suas construções originais (não são conjuntos que se compram) para esta exposição. Tinha seis metros quadrados com temas diversos.
Muito mais que um brinquedo, o Lego pode ser uma ferramenta de aprendizagem. Nuno Caravaca é professor de robótica e utiliza os Lego para ensinar os seus quase 500 alunos do 5º ao 8º ano.
O expositor nota uma grande diferença para a última mostra nas Caldas. “Noto que estamos mais construtores e que existem mais Lego em cima das mesas e com maior qualidade”, analisou, acrescentando que a disposição também está melhor pensada.
Vila de Óbidos faz-se com 5000 peças
Entre os 40 coleccionadores, encontramos também Vasco Serranho e a esposa, Carla Cruz, que vieram do Vale de Santarém e que apresentam, por exemplo, uma recriação da vila de Óbidos em microescala com 5000 peças e outra das salinas de Rio Maior.
A primeira foi feita para uma exposição na Óbidos Vila Natal, há quatro anos e demorou cerca de dois meses a conceber e montar. “Uma das partes mais difíceis foi a procura de plantas e fotografias aéreas, tanto que cheguei a ir a Óbidos, para fotografar de vários ângulos”, contou o construtor, que admitiu já ter estudado “a hipótese de fazer a fachada do Hospital Termal, mas não tinha a quantidade de peças e as cores certas”. Ainda assim, essa não é uma opção descartada.
Mas dentro da Expoeste era também possível “viajar” até ao mercado municipal de Santarém, à Câmara de Lisboa, à Torre de Belém ou ao Lar de São Mateus, na Junceira (Tomar).
Já fora do país destaca-se a reprodução da catedral de Sankt Martin em Colónia (Alemanha), a Torre Eiffel em Paris (França), o Taj Mahal (Índia) ou a ópera de Sidney (Austrália), entre outros. Em tamanho mais pequeno encontramos o Museu do Louvre, o Arco do Triunfo, a Fonte de Trevi, a Torre de Pisa, o Palácio de Buckingham, a Casa Branca e a Muralha da China. Mas muito mais havia para ver.
Entre os Lego dedicados à arquitectura vemos ainda Veneza (Itália), Londres (Inglaterra), Berlim (Alemanha) ou Shangai (China), mas também Chicago, São Francisco, Las Vegas e Nova Iorque (Estados Unidos da América).
Os transportes em Lego
Meios de transporte também não faltam. Há várias caravelas dos Descobrimentos e navios da marinha portuguesa. Estes últimos pertencem a João Gomes, que tem também reproduções de veículos que participaram na Revolução dos Cravos, com a fachada do Quartel do Carmo como fundo. Ali vê-se um Panhard EBR 8×8, uma auto-metralhadora Fox, uma AML e uma Mercedes Classe L.
Ainda no campo dos transportes, viam-se barcos do filme Piratas da Caraíbas, dezenas de carros – dos jipes aos desportivos, passando pelas máquinas de construção e por uma pequena carrinha Volkswagen Pão de Forma -, motas, aviões, comboios (com alguns modelos da CP) e, até, naves espaciais.
E neste último campo há uma zona completamente dedicada à saga Star Wars, com alguns Lego que pertencem ao actor Manuel Marques, que esteve presente na inauguração.
Em ponto grande encontramos logo à entrada um camelo e uma tartaruga e ao fundo um urso. Entre os 20 milhões de peças há um painel que recria um tapete de Arraiolos e outro que é um mosaico de Tony Carreira.
Mas além do que se pode ver, esta exposição pretende que os visitantes passem um dia no evento. É para isso que existe uma zona com 130 mil peças, para as crianças fazerem construções, um espaço com pinturas faciais e um insuflável. Além disso, existe uma pequena feira de artesanato à entrada e pontos que vendem comes e bebes e, claro, Lego no interior. A GNR faz sessões de sensibilização em que as crianças podem brincar num pequeno circuito que simula a circulação na estrada, andar a cavalo e ver o treino de cães. A escola Bordalo Pinheiro é parceira do evento, com várias turmas a participar.
Evento custa 10 mil euros
As entradas são grátis para crianças até aos quatro anos, custam 2 euros para crianças dos cinco aos 12 anos e 3 euros para maiores de 12 anos. Existem ainda bilhetes para famílias a 8 euros.
O evento custa cerca de 10 mil euros e é financiado pelos próprios construtores. Para uma exposição destas é necessário tratar de seguros, deslocações e segurança, além da divulgação do evento. “No último evento tivemos um prejuízo de quase mil euros em peças que desapareceram”, contou Dina Santos, ainda na apresentação do evento.
A Câmara apoia logisticamente e suportando os custos do aluguer do espaço expositivo e as despesas inerentes de água e luz, num valor de 8000 euros.
Marco Neves veio de Leiria com a esposa, Sílvia Silva e os três filhos, para ver a exposição de Lego. Os mais novos acharam muita piada ao camelo em ponto grande. Já no caso dos graúdos, Sílvia achou piada à recriação dos monumentos e Marco gostou de ver as máquinas de construção e os carros.































