Construção a céu aberto é mais barata mas causa mais perturbações à cidade

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obras-1A opção por escavar um grande buraco no Largo 25 de Abril, a partir do qual se construirão os pisos do parque de estacionamento subterrâneo, fechando-se depois com um tecto à superfície, é mais barata, mas obriga a manter esta zona fechada ao trânsito e a grandes perturbações no funcionamento da cidade.
Havia uma outra alternativa: construir primeiro o tecto, assente em pilares e paredes laterais, escavando-se depois a terra até o edifício ficar oco.
Nesta solução, o tempo em que o largo estaria fechado seria muito menor, podendo rapidamente este ser devolvido à população.
É, aliás, este o método construtivo seguido pela maioria das obras deste tipo em Lisboa e noutras cidades onde se valoriza o espaço público e se tenta prejudicar o menos possível as pessoas.
Mas sendo uma solução mais cara, o município optou pela obra a céu aberto.
Seis meses depois de iniciadas, os trabalhos no Largo 25 de Abril estão em pleno. No enorme estaleiro em que a praça se transformou, vêem- se homens e máquinas a laborar naquilo que, só na aparência, parece uma enorme confusão. Mas engenheiros e operário sabem exactamente o que estão a fazer e em que fase se situa a obra.
No perímetro do estaleiro, é frequentar encontrar dezenas de pessoas a espreitarem e a comentarem o andamento dos trabalhos. Pode-se dizer que é um verdadeiro passatempo social para muitos idosos e reformados caldenses que não perdem um pormenor e até discutem opções da obra.
O consórcio Agrupamento de Empresas Ferreira, Edinorte- Sul ACE (a quem a obra foi adjudicada por 4 milhões de euros) recusou à Gazeta das Caldas uma visita ao estaleiro e não quis, também, dar explicações sobre o funcionamento da obra. Esta começou formalmente em 16 de Dezembro passado e, segundo a autarquia, deverá terminar em 3 de Outubro, com um atraso de um mês em relação ao que estava previsto. Condições climatéricas adversas e surpresas na localização de condutas de electricidade, gás e comunicações, são algumas das razões deste atraso.

DIFICULDADES FINANCEIRAS SÃO FACTOR DE RISCO

obras-2Mas segundo a Câmara das Caldas, o maior factor de risco que pode levar um maior atraso nos trabalhos “prende-se com as dificuldades financeiras que uma grande parte das empresas do sector atravessa”.
Contudo, o município reconhece que “até à data a empresa em causa não deu mostras de ser afectada por este factor de risco específico”.
Enquanto durar a obra, o número médio de pessoas que trabalham na construção do parque de estacionamento subterrâneo é de 42, atingindo-se um máximo de 56. Para já não houve ainda trabalho nocturno, mas está previsto que o mesmo venha a acontecer.
Um dos aspectos mais curiosos desta obra é a quantidade de terras que serão extraídas e transportadas: 29.000 metros cúbicos. O equivalente a um edifício de nove andares. Isto significa também a realização de 2900 viagens de camião a entrar e sair do estaleiro, apenas com o objectivo de carregar e transportar essas terras.
Parece muito. Mas diluído por três meses, dá uma média de 32 camiões por dia, ou seja quatro camiões por hora tendo em conta oito horas de trabalho.
O transporte deste inertes está a decorrer neste momento para uma zona junto à Escola de Sargentos do Exército e para um terreno junto da Zona Industrial.
A Câmara das Caldas diz que compete ao empreiteiro a escolha desses depósitos e fazer prova de que se tratam de locais licenciados.
De permeio, o município vai pedir ao empreiteiro para colocar algumas toneladas de terras na zona do campo de jogos do Campo para a construção de uma pista de BMX. E, se por acaso, aparecerem durante as escavações areias de qualidade, estas serão transportadas para o estaleiro municipal.
O impacto desta obra na região, nomeadamente ao nível de subempreitadas a empresas locais, tem sido reduzido e nem tal era contemplado no caderno de encargos. Até ao momento apenas o apoio de topografia geral e a segurança no trabalho estão a ser prestadas por empresas da região.

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Carlos Cipriano
cc@gazetadascaldas.pt

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