Janeiro é o mês em que a processionária (Thaumetophoea Pityocampa) desce do pinheiro para se enterrar no solo e concluir o ciclo de vida, mas este ano as condições climatéricas favoráveis fizeram aumentar estas lagartas, cujos pêlos urticantes representam um elevado perigo para a saúde de pessoas e animais domésticos.
A baixa precipitação e temperaturas amenas nesta fase do ano levaram a uma maior incidência da processionária (assim conhecida porque abandona o pinheiro em procissão) levou o canil municipal das Caldas da Rainha a emitir um alerta no final de Janeiro para a existência de um surto.
É a partir do mês de Outubro, quando as lagartas entram no terceiro dos cinco estágios de desenvolvimento, que se verifica o maior perigo. Estas lagartas desenvolvem milhares de pêlos espalhados por todo o corpo que causam alergias na pele, no globo ocular e no aparelho respiratório.
“Estas alergias são sempre muito desagradáveis e podem ter consequências, dependendo da sensibilidade do indivíduo atingido”, disse Paula Almeida, do Gabinete Técnico Florestal da Câmara das Caldas ao nosso jornal. Este estágio verifica-se entre Janeiro e Maio.
Para além do perigo que constitui tocar nas lagartas, existe ainda o risco de contacto por via aérea, uma vez que estes pêlos se libertam com facilidade e se encontram espalhados nos ninhos e nos ramos das árvores.
Paula Almeida alerta que, em caso de aparecimento de sintomas de alergia, se deve consultar de imediato o centro de saúde mais próximo.
Quando se avistam estes ninhos nos pinheiros, que são facilmente identificáveis por serem casulos brancos de grandes dimensões, deve-se impedir o acesso de crianças à zona das árvores. Ao encontrar lagartas estas devem ser queimadas ou pisadas com suavidade, “para não provocar a projecção dos pêlos como reacção defensiva”, explica Paula Almeida.
Para além dos perigos para a saúde, esta é uma das pragas mais destrutivas para os pinheiros.
Apesar de confirmar as condições favoráveis para o desenvolvimento desta lagarta, o Gabinete Técnico Florestal da Câmara das Caldas revela que foram, até ao momento, relatados apenas seis casos, quatro deles em escolas e dois em propriedades privadas.
Combater a praga
Para combater a praga podem ser feitos diferentes tratamentos consoante a época do ano.
Entre meados de Outubro e Novembro os tratamentos químicos são os mais eficazes, nomeadamente os inibidores de crescimento e insecticidas microbiológicos, produtos que têm que ser aplicados por pessoal devidamente habilitado.
Entre Outubro e Dezembro o método mais eficaz é o da destruição mecânica dos ninhos com recurso a varas ou tesouras apropriadas com cabo extensível. Os ninhos devem ser, posteriormente, queimados.
De Janeiro até Maio, o método passa pela destruição das lagartas. Deve tentar-se capturar as lagartas quando estas descem da árvore, cintando o tronco numa extensão de 0,5m a 1m com plástico ou papel embebidos nas duas faces com cola inodora à base de polisolbutadieno. Se as lagartas chegam ao solo, devem juntar-se com um ancinho e queimá-las. Caso cheguem ao solo e seja possível identificar o local onde se enterraram, o que será numa zona soalheira ou junto à árvore a uma profundidade até 15cm, deve-se expor os insectos e queimá-los.
Nos casos mais graves, ou quando as árvores estão localizadas em zonas em que o risco para a saúde pública é muito elevado, deve ponderar-se o abate dos pinheiros.
Caso detectado no Campo ainda por resolver
Paula Almeida disse à Gazeta das Caldas que os casos conhecidos até agora “estão dentro da normalidade em comparação com os anos anteriores” e que os casos verificados em quatro escolas do concelho já foram resolvidos.
O mesmo não acontece com o caso reportado por Hugo Vicente, morador de um condomínio no Campo, contíguo a uma propriedade que está na carteira de imóveis de uma instituição bancária (Millennium BCP), que no quintal tem vários pinheiros.
No dia 20 de Janeiro foi surpreendido pela presença massiva de lagartas do pinheiro no seu quintal. A situação preocupa-o principalmente porque tem uma criança pequena, mas a situação faz também com que esteja, desde então, impedido de desfrutar do quintal da sua casa.
Apesar de ter alertado no próprio dia a instituição bancária, o processo está em andamento mas tem sido muito moroso e a situação continuava por resolver ao dia do fecho da nossa edição, quase três semanas depois. Para além de ter reportado a um balcão do banco nas Caldas da Rainha, “já falei com a pessoa responsável pela venda do imóvel em Lisboa, com a responsável pela manutenção, também de Lisboa, mas só dizem que percebem a minha parte”, lamenta.
Entretanto, o local já foi visitado por uma empresa que faz estes serviços para a instituição bancária. “Eles disseram que era urgente, mas já passou quase uma semana”, acrescenta.
Nestes casos, Paula Almeida refere que os moradores podem dirigir-se à autarquia para “fazer uma exposição e solicitar apoio ao Gabinete Técnico Florestal para a resolução do problema”.






























