Como seria o presépio na Palestina de hoje?

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O grupo começou na Praça da Fruta e só terminou na Praça 25 de Abril

Um presépio vivo, com José e Maria sujeitos a bombardeamentos, chamou a atenção dos caldenses

Se Jesus nascesse agora na atual Palestina, como seria? Foi esta a reflexão que o grupo Palestina Livre Caldas propôs, tendo em conta a época natalícia e com o objetivo de imaginar como será viver o Natal por terras palestinas onde há bombardeamentos constantes por parte de Israel. São constantes não só os ataques que atingem civis como há um permanente som de drones – também presente nesta ação – que tanto vigiam como também podem transportar armas, causar danos e matar seus conhecidos ou familiares.
Tendo tudo isto em conta, o grupo criou um presépio vivo e Maria e José estão cobertos de pó e o Menino, está totalmente embrulhado num pano branco, manchado de sangue. Transportam um carrinho de mão com entulho e restos e ninguém ficou indiferente à sua passagem. O grupo iniciou esta ação na Praça da Fruta, seguiu em marcha lenta até à Praça 25 de Abril, fazendo algumas paragens, tal como aconteceu na Rua das Montras e em frente à Igreja de N. Sra. da Conceição.
Esta ação, explicou Fábio Capinha, um dos elementos do grupo, baseou-se na forma de arte japonesa, Butoh, que surgiu na década de 50 do século passado, como tentativa de fazer sentido da brutalidade aquando da destruição de Hiroshima e Nagasaki. O presépio vivo foi acompanhado por um grupo de ativistas e deixava muitas interrogações em quem passava. O grupo distribuiu um texto explicativo onde dava a conhecer as intenções do grupo e desta ação. Um dos elementos transportava uma grande bandeira da Palestina, enquanto que um segundo elemento transportava um drone que, por várias vezes, também “marcava” José e Maria com o sinal vermelho da mira, usado antes do disparo de armas. “Queremos passar o que será o sofrimento da população palestina e que vive com falta de condições médicas”.
A escolha deste dia prendeu-se com o facto de ser um dia de compras, de preparação para a época festiva, chamando assim a atenção para o que se está a passar naquele país. Segundo o organizador, o grupo está a organizar uma call de artistas para uma iniciativa que está a ser pensada para a próxima Primavera. Haverá também a apresentação e discussão de um livro em Óbidos, durante o próximo mês de janeiro. A refeição relacionada com o Médio Oriente, prevista para esta época, teve que ser adiada e o valor a quem já se tinha inscrito, foi devolvido.
“Faremos mais iniciativas como esta, do presépio vivo, na medida das nossas possibilidades”, rematou o elemento do grupo Palestina Livre Caldas. ■

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