Como eu comecei a aprender windsurf na Barragem do Arnóia

3
1040

notícias das CaldasPaciência, persistência e não ter receio de fazer figuras tristes. São os conselhos que darei a qualquer iniciado, como eu, nestas lides de aprender windsurf.
No domingo passado, na Barragem do Arnóia, integrei um grupinho de debutantes que, ajudados pelos professores João Neves e Miguel Reis, se iniciou nesta difícil arte de navegar sobre uma prancha com vela.

Dadas as explicações iniciais sobre o mastro, a retranca, o patilhão e a vela, como equilibrar e caçar (fechar a porta ao vento) e de como se deve folgar (desacelerar), lá fiz os meus primeiros segundos de equilíbrio em cima da prancha. Depois, claro, caí à água pela primeira vez. E depois caí pela segunda vez. E depois pela terceira vez, e pela quarta e assim sucessivamente.
O professor João Neves lá dizia como segurar a retranca, como flectir os joelhos, como mudar de posição. E eu voltava a cair.
Restava-me o consolo de ver que os meus companheiros de infortúnio estavam tão molhados como eu e que alguns nem conseguiam afastar-se de terra.
Eu afastei-me demasiado. Às tantas lá consegui encontrar o almejado equilíbrio sobre a prancha e fui andando, empurrado para onde o vento me queria levar, para o meio do espelho de água da barragem. Era como ter aprendido a andar de bicicleta, mas sem saber fazer as curvas.
Incapaz de manobrar a prancha, sem saber onde era a marcha-atrás, e sujeito aos caprichos do vento, tive que ser resgatado por uma embarcação dos bombeiros de Óbidos, que me mandaram uma corda, perdão, um cabo, e me rebocaram para terra, a uma velocidade de caracol, sujeitando-me à suprema humilhação de ser ultrapassado por uma flotilha de canoas, cujas alegres “marinheiros” não deixaram de constatar a desgraça do aprendiz de windsurf deitado sobre a prancha.
Diz o meu amigo Samuel – um cubano a quem a vida lhe foi madrasta, mas que conseguiu fugir das adversidades da ilha para ir viver com a sua amada na Argentina – que “um homem não é homem pelas vezes que cai, mas sim pelas vezes que se levanta”. E posto isto lá fiz um segundo round e agarrei-me à corda da vela, ao mastro, à retranca e lá fui fazendo progressos.
“Muito bem!”, gritava-me o professor Reis, gritando-me instruções que eram levadas pelo vento e das quais só ouvia metade.
Mas a coisa melhorou. E às tantas, mais equilibrado e seguro, até voei por cima das águas, aproveitando umas rajadas fortes. “A mão do mastro em extensão! Tronco direito e cabeça erguida a olhar em frente!”, gritava-me o professor Reis.
Ó para mim neste equilíbrio instável, nesta velocidade vertiginosa, a cortar as águas, a caçar a retranca, a sentir o vento enfunar a vela. Pareço o primeiro voo dos irmãos Wright, o Zorro montado no seu cavalo, o Schumacher da fórmula 1, o Ronaldo a marcar golos. E ao fim destes segundos de glória… voei, literalmente, para a água.
O professor Reis veio ajudar-me a regressar a bom porto porque, de novo, os ventos não me eram favoráveis. Mas a aposta fora ganha. Saí cansado e encharcado, com um lenho numa canela, mas feliz com uma tarde bem passada no espelho de água do Arnóia. No próximo fim-de-semana estarei lá de novo.

- publicidade -

INICIATIVA ABERTA À POPULAÇÃO

Esta iniciativa, que resulta de uma iniciativa conjunta entre a Aventulândia e a Câmara de Óbidos, repete-se nos fins-de-semana de Agosto e está aberta a participantes a partir dos oito anos.
Segundo a autarquia obidense, pretende-se chamar a atenção para a importância da água como importante recurso natural e utilizar os desportos náuticos “como uma importante ferramenta de promoção de um estilo de vida saudável e de fomento das interacções familiares”.
Os participantes podem inscrever-se gratuitamente nas modalidades de canoagem e windsurf.

 

- publicidade -

3 COMENTÁRIOS

  1. Parabéns ao autor!
    Gostei muito do seu artigo, pela graça e humor, além do bom português.
    Parabéns à iniciativa da Câmara de Óbidos. Já tinha estranhado que, apostando tanto no turismo, e bem,não tivessem ainda desenvolvido as actividades desportivas náuticas, tendo para isso condições excelentes e sendo hoje uma modalidade que atrai muitas pessoas interessadas, como foi o caso do autor deste belo artigo, que vai ser um grande praticante, tenho a certeza!

  2. Vendo Prancha de windsurf mistral de 190l, toda equipada (vela, retranca, mastro, etc). Excelente para aprendizagem. Motivo falta de tempo. Miguel: 919752023 (Foz do Arelho)

  3. Parabéns pelo artigo, me incentivou bastante. Estou nesta empreitada de aprender a Windsurf e parece com a minha história também. rsrsrsrsrs